"Os dois meninos estão me deixando muito triste". A frase é do vice-governador Orlando Pessuti, candidato do PMDB à sucessão de Requião. Os dois meninos a que se refere são os deputados estaduais Luiz Cláudio Romanelli e Alexandre Curi – expoentes da ala peemedebista que prefere aliar-se ao adversário formal, o prefeito Beto Richa, do PSDB.

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Pois a presença dos dois "meninos", ontem, na recepção e nos demais atos que marcaram a presença do presidenciável tucano José Serra em Curitiba, a convite de Richa, pode dar razão à tristeza de Pessuti. Conhecidos pela proximidade e pela obediência ao governador Roberto Requião, certamente não estavam lá como penetras em festa alheia.

O mais provável é que a presença de Romanelli e Curi – o primeiro ganhou até um assento na van suprapartidária que conduziu Serra do aeroporto à Universidade Positivo, local do primeiro evento – tenha sido mais um gesto público e concreto do movimento cada vez mais visível de que Beto Richa e Requião caminham em direção a uma aliança.

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Claro que Pessuti só pode mesmo ficar triste, sentindo-se como César diante de Brutus, o filho adotivo que traiçoeiramente golpeou o imperador à saída do senado romano. Fosse apenas isso e talvez Pessuti estivesse exagerando na demonstração de seu estado depressivo. Há mais sinais de que bem antes do que podia esperar está com sua candidatura à deriva. O naufrágio ainda não teria acontecido por uma simples razão: o vice assume o comando do barco a partir de 4 de abril, dia em que Requião deixa o governo para ser apenas candidato.

Beto Richa e Roberto Requião têm claros interesses comuns: querem eleger-se o mais seguro e folgadamente possível, a governador o primeiro; a senador, o segundo. Ambos têm moedas a trocar. Requião oferece o seu PMDB e o PSDB simplesmente não lança candidato próprio a senador. E como em todo bom acordo, ambos têm também muito a ganhar: de um lado, sem o PMDB, a dobrada Dilma (PT)/Osmar Dias (PDT) perde força e substância, o que favorece Beto e Serra. E Requião, sem ter de confrontar-se com o candidato ao Senado que os tucanos se preparam para lançar, o deputado Gustavo Fruet, poderá assegurar fácil a própria eleição.

Para que não fique tudo nas costas de Alexandre Curi e Romanelli, Requião e Serra dispensaram-nos no fim da tarde como intermediários e conversaram a sós e diretamente no Palácio das Araucárias.

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Olho vivo

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Lamento 1

O prefeito Beto Richa acusou ontem a Urbs – empresa municipal – como responsável pela inusitada situação em que caiu a fiscalização do trânsito de Curitiba: a decisão da Justiça de obrigar a prefeitura a desligar os radares da cidade. "A Urbs foi um pouco morosa", disse o prefeito em entrevista à rádio CBN ontem pela manhã. A Justiça reconheceu a ilegalidade da prorrogação do contrato com a empresa Consilux, que opera o sistema.

Lamento 2

Richa reconheceu que a Urbs deveria ter sido mais rápida nos procedimentos para realizar uma nova licitação. E lamentou também, embora tardiamente, que por causa disso motoristas e pedestres sofram hoje as consequências da falta de controle de velocidade dos veículos, o que coloca em risco a vida e o patrimônio de muita gente.

Lamento 3

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Enquanto isso, outra investigação do Ministério Público envolve também a Urbs. Diz respeito à notificação dos infratores de trânsito por meio do Diário Oficial do município – uma publicação que, embora denominada de diária, sai em média uma vez por semana com 130 exemplares impressos. O MP considera que os avisos feitos por este meio são ilegais e que, portanto, as multas aplicadas correm o risco de serem consideradas nulas.

Antecipa 1

O superintendente dos Portos de Paranaguá e Antonina, Daniel Fiel de Souza, antecipou-se à provável convocação da Assembleia e se ofereceu para prestar depoimento perante a Comissão de Fiscalização a respeito da negociação de venda do Terminal Portuário da Ponta do Félix, em Antonina. Ele comunicou seu desejo de depor em ofício endereçado ao presidente da Assembleia, deputado Nelson Justus.

Antecipa 2

O negócio – realizado entre fundos de pensão que controlavam o terminal e uma empresa privada – foi considerado nebuloso. Cresceram as suspeitas de conluio da administração portuária após o depoimento, anteontem, na mesma comissão, do presidente do fundo de pensão dos empregados da Copel, Edílson Bertholdo.

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