• Carregando...

Passado e presente 1

Já não se fazem governadores como antigamente. Não poucos dos que passaram pelo Palácio Iguaçu deixaram marcas importantes no setor da educação; outros não deixarão a mínima saudade. Da primeira categoria podem ser lembrados nomes até de quem governou por apenas nove meses – caso do senador e banqueiro Adolpho de Oliveira Franco, que, entre maio de 1955 e janeiro de 1956, substituiu Bento Munhoz da Rocha, nomeado ministro da Agricultura do presidente Café Filho. Adolpho estaria completando 100 anos nesta quinta-feira (morreu em 2008, aos 92). Sua passagem pelo governo deve ser lembrada até mesmo pela belicosa Associação dos Professores do Paraná (a APP-Sindicato). Foi dele o ato que a reconheceu como única representante da categoria. Criou faculdades no interior e investiu na formação de professores nas antigas escolas Normais.

Passado e presente 2

Antes dele, Moysés Lupion (1947-51 e 1956-61) espalhou escolas Paraná afora. Depois, outro que se preocupou muito com a educação foi Paulo Pimentel (1965-71), criador das três primeiras universidades estaduais (Londrina, Maringá e Ponta Grossa). Jayme Canet Jr. (1975-79) não fechou nenhuma escola; muito pelo contrário, entregou nada menos de 6 mil novas salas em quatro anos. A Ney Braga, em seu segundo mandato (1979-82), se deve a formulação de diretrizes para o sistema educacional do estado. E a Alvaro Dias (1987-91) a instituição da gratuidade das universidades estaduais, embora seja mais lembrado pelo ataque da cavalaria contra professores grevistas em 1988 – episódio tido hoje como “acidente banal” diante do que se viu em 29 de abril.

Idiotices

A imaginação criativa de alguns vereadores continua em alta. A do Professor Galdino (PSDB), porém, ultrapassa todos os limites: semana passada, quis instituir um dia de “nojo” (licença funeral) para servidores tristes pela morte de seus cãezinhos. Agora propôs a criação de uma “farmácia pet” para dar remédios veterinários grátis (pagos pelo contribuinte, lógico) para donos carentes de animais de estimação. É tanta bobagem que até mesmo um colega de Galdino, o vereador Pier Petruziello (PTB), se viu no dever de pedir desculpas à população pelos “projetos idiotas” dos outros.

Incansável

O ex-governador Orlando Pessuti, persistente e incansável, manda avisar que vai atuar muito na eleição municipal do próximo ano. Concluiu que 2016 será uma prévia das arrumações partidárias para 2018, ano de eleição para governador e senadores. Só tem uma certeza: ficará sempre do lado oposto em que estiver o senador Requião, seu inimigo de estimação.

Já se foi o tempo em que os mandatários de plantão acreditavam que não precisavam prestar contas de seus atos para ninguém. Atualmente, precisam pelo menos combinar com o juiz da 3.ª Vara da Fazenda Pública, Roger Vinicius Camargo, que ontem sentenciou: o governador Beto Richa tem 20 dias para explicar para onde foi e o que fez em cada parada de sua viagem de 15 dias a Paris (por duas vezes), China e Rússia, no mês passado. O juiz quer que ele informe também quem fez parte de sua comitiva, quanto custou a viagem, quem pagou o quê e que resultados práticos foram alcançados em favor do estado.

A decisão atendeu a uma ação impetrada por dois partidos nanicos de esquerda (PSol e PSTU), mas este detalhe pouco importou ao juiz, mais ligado no cumprimento da Lei de Acesso à Informação, que obriga os administradores públicos a tornar transparentes todos os seus atos. Na Assembleia, a oposição já havia requerido informações, mas foi atropelada pela maioria governista, que rejeitou o pedido.

Intromissão indevida do Judiciário no Legislativo, como costumam reclamar políticos em apuros? Ora, se o Legislativo não cumpre sua missão constitucional de fiscalizar o Executivo, o único jeito é recorrer à Justiça, onde ainda se encontram juízes dispostos a fazer valer a lei e os direitos do cidadão.

Duas estranhezas rondaram a viagem do governador: por que ele teve de fazer uma “escala técnica” de dois dias em Paris onde não havia agenda oficial a cumprir? E por que de sua comitiva terem participado empresários que, em princípio, não teriam interesses nos locais visitados? Caso, por exemplo, do presidente de uma empresa doadora de campanha e que ganha concorrências para fornecer merenda escolar e quentinhas a presidiários.

É possível que Richa peça socorro à Procuradoria Geral do Estado (PGE) para derrubar a decisão judicial. Mas – se não há o que esconder – será mais bonito se todos os questionamentos forem respondidos. Fará bem para a democracia e para imagem do governador.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]