Beto Richa (PSDB) e Gleisi Hoffmann (PT) sentaram-se à mesma mesa, ontem à noite, no Palácio Iguaçu. Virtuais adversários na eleição de outubro para o governo estadual, quase nada falaram de política apenas da situação caótica que o Paraná vive em razão das enchentes que assolam quase uma centena de municípios. Mantiveram as boas maneiras.
Enquanto isso, os deputados do PMDB que batalham pela reeleição de Beto Richa exultavam com o show de cavalices que o senador Roberto Requião vem tornando cada vez mais feérico nos últimos dias. "Sinal de desespero", disse um experiente parlamentar que, segundo observa, seria decorrente da perda de correligionários que o ex-governador esperava já ter conquistado para se sagrar candidato na convenção estadual do PMDB no próximo dia 20. Ainda assim persiste certo temor: o voto é secreto e ninguém sabe no que pode dar. Por via das dúvidas, os "richistas" trabalham para convencer o ex-governador Orlando Pessuti a candidatar-se ao Senado. Seria candidato "avulso" do PMDB, concorrendo diretamente com o senador Alvaro Dias, companheiro de chapa de Richa. Pessuti ainda se faz de desentendido.
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Olho vivo
"Dr. Mello" 1
Um esclarecimento necessário: não chegaram a ser arrematados nem entregues os quatro jipões Troller arrolados no leilão promovido pelo Departamento Estadual do Transporte Oficial (Deto) no dia 16 de maio. Conforme documentos a que a coluna teve acesso, eles foram retirados da lista de 287 veículos sucateados e inservíveis pelo próprio Deto pouco antes do início do pregão, que em seguida seria presidido pelo leiloeiro Helcio Kronberg, indicado pela Junta Comercial.
"Dr. Mello" 2
O leilão transcorreu normalmente até quase o fim quando um tal de "dr. Mello" que o leiloeiro diz não saber quem é teria lhe ordenado que repusesse os Trollers em oferta. Foi o que fez. Em seguida recebeu uma proposta da sra. Josane Mello e emitiu as correspondentes notas fiscais, conforme consta de relatório assinado pelos membros da comissão de licitação.
"Dr. Mello" 3
Diante da irregularidade pois não havia dado nenhuma ordem contrária à inicial , o Deto não considerou os veículos como vendidos e os recolheu ao pátio para posterior devolução ao serviço da Polícia Florestal. Em e-mail à coluna, Kronberg nega ter cometido ato ilícito. Embora confesse não saber quem é o "dr. Mello", preferiu obedecê-lo, pois um "leiloeiro não pode deixar de realizar ato de ofício sob pena de crime de prevaricação". A Secretaria da Administração, à qual o Deto se vincula, oficiou à Junta Comercial para que não mais indique o mesmo leiloeiro para futuros certames.
Sem portos 1
Não houve jeito: não chegará tão cedo o tempo em que o Paraná terá outros portos além dos de Paranaguá e Antonina. O prazo para mudanças passou no dia 6 último e, em razão disso, empreendimentos portuários privados continuam impedidos de acontecer em outras áreas do litoral paranaense. Toda a faixa da baía de Antonina ao Canal da Galheta continuará de exclusivo domínio público enquanto se mantiver vigente a poligonal prevista em decreto do ex-presidente Fernando Henrique de 2002.
Sem portos 2
Somente a partir de agora é que os limites poderão ser rediscutidos em consultas públicas, abertas na última sexta pela Secretaria Especial de Portos. Não há prazo para o término dessa discussão. Enquanto isso, o Paraná terá de se contentar com o único terminal de contêineres inaugurado no fim dos anos 90 e já considerado acanhado em relação às necessidades.
"Põe rótulo" 1
Você sabe do que se compõe o pó de café que compra no supermercado? Não, não sabe, porque não há nenhum rótulo para informar que, possivelmente, há também ali milho, cevada, palha e outros produtos estranhos. Os cafeicultores do Paraná estão revoltados com o fato de as torrefadoras não darem a mínima indicação sobre a composição: os consumidores não sabem o que bebem e o lucro pelo mau produto fica com as indústrias. Por isso, os cafeicultores iniciaram a campanha "Põe rótulo" visando a convencer o Congresso a aprovar lei nesse sentido a exemplo do que ocorre com produtos derivados do cacau.
"Põe rótulo" 2
Em 2010, o ex-governador Orlando Pessuti conseguiu que a Assembleia aprovasse projeto nesse sentido, válido para o Paraná, que ele próprio encaminhou. Mas, depois, não sancionou a própria lei. No âmbito nacional, um deputado paranaense solicitado a encaminhar o assunto no Congresso preferiu repassar a tarefa para uma deputada de Alagoas, estado onde não há um só pé de café plantado. Seria lobby das torrefadoras, multinacionais em boa parte?
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