Olho vivo

Memória 1

O Museu da Imagem e do Som (MIS) precisa de R$ 30 mil para passar de VHS para DVD cerca de 300 depoimentos históricos recolhidos pelo projeto Memória Bamerindus nos anos de 80 e 90. O acervo conta parte da história do Paraná do século 20, a partir de depoimentos orais de grandes atores da vida pública paranaense. Tarefa para o novo secretário estadual de Cultura, em tempo de salvar a preciosidade.

Memória 2

Ao mesmo tempo, o Projeto Memória/Uninter, que há cinco anos segue pisadas semelhantes às do Bamerindus, deverá finalmente ganhar edição. Seus DVDs contêm depoimentos verdadeiramente históricos, como o do ex-ministro da Agricultura do presidente Costa e Silva Ivo Arzua sobre o Ato Institucional nº 5. Arzua foi um dos signatários do Ato e participou da reunião do Conselho de Segurança Nacional que instituiu a mais draconiana das medidas ditatoriais do regime de 64.

Memória 3

Constam também da série gravações com o ex-secretário Véspero Mendes sobre os tempos de Ney Braga, e com os ex-governadores Paulo Pimentel e Jaime Lerner. Uma das mais preciosas é a do ex-ministro da Fazenda, Karlos Rischbieter, assim como a do também ex-ministro Euclides Scalco – este com um amplo olhar sobre a fundação do tucanato nacional.

CARREGANDO :)

Mal termina uma eleição, já começa a campanha pela próxima. Em Curitiba e algumas cidades da região metropolitana amanheceram outdoors em que o deputado tucano Gustavo Fruet agradece os eleitores pela votação que quase o fez senador em outubro passado e, ao mesmo tempo, passa o recado que mais interessa: "Até breve!", diz a mensagem pouco subliminar. A iniciativa, embora autorizada por ele, teria sido de empresas do ramo de outdoors simpáticas ao projeto de Fruet de disputar a prefeitura de Curitiba nas eleições de 2012.

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Fruet já demonstrou seu poder de fogo: no último pleito, como candidato a senador, fez 646 mil votos na capital, quase tanto quanto os 670 mil amealhados por Beto Richa. Em anos anteriores, como candidato a deputado federal, era em Curitiba sempre que se concentrava a maioria dos eleitores que o colocavam entre os mais votados.

Por isso, Gustavo se considera legitimado para candidatar-se ao cargo de prefeito da cidade – mesmo porque, embora já reunisse condições favoráveis, foi preterido anteriormente pelo partido no qual então militava, o PMDB, em 2000. De olho no apoio do PT em 2002, quando seria candidato a governador, Requião conduziu o PMDB a formar chapa com o petista Ângelo Vanhoni – que acabou derrotado por Cassio Taniguchi.

Fruet deixou então o PMDB e filiou-se ao PSDB, partido pelo qual, agora, espera realizar o projeto de tornar-se prefeito de Curitiba. Corre, porém, o mesmo risco de ser outra vez atropelado dentro da própria legenda, pois tudo indica que o peso político do governador penderá em favor da reeleição do atual prefeito, Luciano Ducci (PSB).

Fruet foi se certificar disso com o próprio governador. Beto negou que tivesse firmado qualquer compromisso com Ducci, seu ex-vice-prefeito, fiel aliado político de pelo menos três eleições consecutivas, e estimulou o deputado a buscar a viabilização de sua candidatura.

É visível, no entanto, a sólida aliança que une Beto Richa a Luciano Ducci. Uma aliança que inclui a nomeação cruzada nos governos municipal e estadual de nomes ligados a um e a outro. Para citar dois exemplos: Ducci nomeou o filho de Richa, Marcelo, para secretário municipal de Esportes; Beto fez do farmacêutico Michelle Caputo, antigo correligionário de Ducci, seu secretário da Saúde.

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Gustavo não é tão ingênuo a ponto de imaginar que a neutralidade sinalizada por Beto Richa seja real e definitiva. Primeiro, porque já sentiu na própria pele o fato de ter sido até a última hora preterido na escolha para compor a chapa tucana, a despeito de seu manifesto interesse em concorrer ao Senado. Durante meses foi deixado no banco de reservas e só foi chamado a ocupar a vaga de candidato após esgotados os esforços de Richa para atrair Osmar Dias para a posição.

Segundo, porque governador nenhum fica neutro quando se trata de eleição para a prefeitura de Curitiba – pleito que mexe com quase 20% do eleitorado paranaense. Com Beto não será diferente, pois dentro de dois anos já estará em preparativos para a sua campanha de reeleição ao governo. Pragmático, vai lançar candidato a prefeito aquele que melhor proveito represente para seu projeto pessoal. Seria Gustavo Fruet ou Luciano Ducci? Eis a questão.