Não foi só o senador Osmar Dias que se desgostou com o PT porque o partido se recusou a dar-lhe Gleisi Hoffmann como vice, preferindo mantê-la candidata ao Senado. Também a chamada militância vinha pressionando a cúpula para que desistisse da aliança com Osmar. As "bases", segundo se conta, teriam ficado muito descontentes quando o senador do PDT, em meados do ano passado, assinou a convocação de uma CPI para investigar o MST.

CARREGANDO :)

Este teria sido o momento mais decisivo para que, sob pressão, o PT passasse a resistir à consumação da aliança, pois o apoio de Osmar à CPI confirmava os motivos de desconfiança, pré-existentes, de que o senador estava mais próximo dos fazendeiros do que dos sem-terra – coisa com que não se conformam as alas mais à esquerda do petismo.

Mas Osmar também estava pagando seu preço com tal aproximação. Ex-secretário da Agricultura do Paraná nos governos do irmão Alvaro e de Requião, o senador firmou grande liderança sobretudo junto às cooperativas agropecuárias, sindicatos e associações de proprietários rurais. Logo, a ligação de Osmar com o PT só podia provocar os maus bofes do setor, tradicional reduto que alimentava suas votações.

Publicidade

Pois bem: não é que agora a presidenciável petista Dilma Rousseff começa a ficar parecida com Osmar Dias? Ontem, no Recife, a ex-militante da luta armada contra o regime militar afirmou ser contra a política de invasões do MST e que, ao contrário do que fez o presidente Lula, não vestiria o boné do MST. "Governo é governo e movimento social é movimento social", disse ela, ao condenar as invasões de prédios públicos por grupos de sem-terra em luta por reforma agrária. Nesse caso, explicou, ao governo cabe defender a legalidade.

Taí! Se era essa a principal distância que separava o PT de Osmar Dias, ela já começou a encurtar, já que Dilma Rousseff, assim como não rasga dinheiro, também não quer perder o voto dos ruralistas. Mais ou menos como o que fez Lula em 2002 com sua tranquilizadora "Carta ao povo brasileiro", que o tornou menos temido pela direita conservadora.

Mas as palavras de Dilma Rousseff seriam suficientes para promover a convergência entre a militância petista e os ruralistas em torno de uma união entre os dois lados? Sabe-se lá. O que se sabe é que, ontem à noite, dirigentes nacionais do PT rediscutiam em Brasília a situação paranaense.

Olho vivo

Carro e ferradura 1

Publicidade

Ainda não publicado no Diário Oficial, o Decreto 6.721 assinado pelo governador Orlando Pessuti nomeia o jornalista Benedito Pires para o cargo de Assessor Especial da Vice-Governadoria. Assessor de Imprensa e, depois, secretário de Comunicação de Requião, Benedito fazia parte do chamado "núcleo duro" do ex-governador. Prova de que, apesar dos remanejamentos que tanto desgostam seu antecessor, Pessuti também preserva alguns de seus mais fiéis amigos.

Carro e ferradura 2

Para o lugar de Benedito Pires na Secretaria de Comunicação Social, confirma-se a nomeação de Ricardo Cansian Neto. O decreto que o designa para o cargo leva o número 6.722, também ainda não publicado no Diário Oficial.

Carro e ferradura 3

A safra de nomeações deve prosseguir hoje com o anúncio do novo superintendente do Porto de Paranaguá. Assumirá o cargo Mário Lobo Filho, substituindo Daniel Fiel de Souza, que durante algum tempo (mas não nos últimos meses) agiu sob as ordens do antigo "dono" do pedaço, Eduardo Requião, tido pelo irmão Roberto como "o melhor administrador portuário do mundo". Daniel se moveu até os últimos momentos para se manter no cargo, mas Pessuti, com a nomeação de Lobo – filho da terra –, nesse caso preferiu desagradar o antecessor para fazer as pazes com Paranaguá.

Publicidade

Carro e ferradura 4

As nomeações de Benedito e de Lobo Filho lembram o velho ditado popular "uma no cravo, outra na ferradura". Se, acertando o cravo nomeou Benedito, quando errou e atingiu a ferradura nomeou Lobo. Mas tem mais na ferradura: o novo diretor técnico do Porto será um indicado do ex-deputado Mário Roque, inimigo de Requião.

Nem aí

Pela terceira semana seguida, o Tribunal de Justiça encontra dificuldade para reunir o número suficiente de desembargadores para discutir seu novo regimento interno. O atual data de 1985 e já não atende à realidade atual. Mesmo assim, o desinteresse é grande: ontem, a sessão matutina do Pleno foi suspensa porque simplesmente não se conseguiu quórum suficiente.

Publicidade