O prefeito Gustavo Fruet não falou nada a respeito do metrô curitibano que seu antecessor, Luciano Ducci, já não soubesse. Ontem, o Tribunal de Contas divulgou a síntese de um relatório técnico que concluiu em julho de 2011 e que já apontava os erros do projeto. Ainda assim, apesar das advertências do TC ao Ippuc e à Comec, o projeto continuou sendo negociado com o governo federal até que, em outubro daquele mesmo ano, obtivesse aprovação e a garantia de que poderia contar com o aporte de R$ 1 bilhão pela União.

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O relatório ainda não foi votado pelo pleno do Tribunal de Contas. Está há meses nas mãos do relator designado, o conselheiro Durval Amaral – ex- chefe da Casa Civil do governo estadual – para exame e encaminhamento. Se levado a plenário e aprovado nos termos originais – isto é, se a maioria dos conselheiros vier a concordar com as conclusões do relatório técnico – cria-se uma situação no mínimo inusitada.

É a seguinte: se Luciano Ducci tivesse sido reeleito e iniciado as obras do metrô, correria o risco de vê- las paralisadas em seguida por determinação do Tribunal de Contas. O mesmo risco correria o eleito, Gustavo Fruet, se fechasse os olhos para as deficiências do projeto e permitisse sua execução.

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As inconsistências encontradas em 2011 pelo Tribunal de Contas são basicamente as mesmas que a equipe de reavaliação, nomeada por Fruet, apontou depois. Na verdade, ainda que extraoficialmente, o atual prefeito já tinha conhecimento do relatório do TC antes mesmo de tomar posse e, por isso, se negou a entrar na aventura sem revisar o projeto.

Segundo o TC, a prefeitura já havia sido advertida em 2011 por desconsiderar o impacto negativo dos métodos de construção previstos, em razão do alto risco de acidentes e de ausência de propostas de prevenção. Além disso, não havia licença ambiental para áreas definidas como destino do entulho retirado das escavações. E também não havia comprovação quanto ao número de passageiros que pudesse assegurar a autossustentabilidade do sistema, sem subsídio ou encarecimento da tarifa.

Mesmo assim, a atual gestão busca alternativas para corrigir o projeto original – o que pode sinalizar sua disposição de manter o mesmo trajeto, isto é, uma linha ligando o Pinheirinho à Rua das Flores, estendendo-a, porém, no sentido Norte, até o bairro de Santa Cândida. Esse é um dos objetivos do edital lançado pela prefeitura anteontem para que empresas interessadas apresentem novos projetos que incluam o novo trecho e eliminem as irregularidades do projeto existente.

Entretanto, se constatadas as inviabilidades técnica, econômica e financeira para implantação da linha contínua Norte-Sul, já estão em algumas pranchetas alternativas diferenciadas, segundo revelou ontem o secretário municipal de Planejamento, Fabio Scatolin. Para ele, o importante é que até o fim de agosto a prefeitura tenha definições que eliminem a hipótese de perda do R$ 1 bilhão prometido pela União.

Olho vivo

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Mistérios 1

Durante dois anos o município de Campo Largo viveu a expectativa de se tornar sede da uma grande indústria de equipamentos para exploração petrolífera. Com investimentos bilionários, milhares de empregos seriam criados. Só faltou um detalhe para que a noruguesa Aker Solutions instalasse a unidade num terreno situado na área industrial da cidade: a demora do IAP que, em dois anos, não achou tempo para conceder a licença ambiental.

Mistérios 2

De repente, porém, eis que surge uma outra área disponível em São José dos Pinhais, sobre a qual um aterro feito às pressas fez desaparecer nascentes, rios e lagos. A Aker Solutions deve, então, optar por essa área, já liberada de entraves ambientais. Até aí não há razão para muito espanto, pois a mudança de endereço é legítima do ponto de vista da empresa, interessada na rapidez para implantar sua indústria.

Mistérios 3

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Mesmo assim, restam algumas dúvidas que o deputado Tadeu Veneri quer que a Polícia Federal e o Ministério Público (Estadual e Federal) investiguem. As dúvidas se concentram em descobrir que fatores misteriosos e poderosos influíram para que, repentinamente, aparecesse outra área disponível e desembaraçada em outro município. O secretário do Meio Ambiente, Luiz Eduardo Cheida, também prometeu buscar respostas.

Atraso

O presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Edson Campagnolo, se comprometeu ontem, na Assembleia, a organizar uma comitiva de deputados para conhecer portos e indústrias no exterior, especialmente na Ásia. Pretende mostrar o quanto o Brasil (e o Paraná) está atrasado na logística portuária, principal razão, a seu ver, do processo de desindustrialização do país.