Olho vivo

A delação 1

A moda agora é delação premiada. E a informação que corre em círculos do Judiciário é a de que o ex-vereador João Cláudio Derosso teria sido aconselhado a adotar o procedimento para afastar a possibilidade de se julgado e condenado à prisão. Derosso é reu em ação movida pelo Ministério Público que o acusa de ter cometido desvio de verbas durante o período (15 anos!) em que reinou na presidência da Câmara Municipal.

A delação 2

Como não reinou sozinho e não poucos vereadores – alguns deles ainda exercendo mandato – podem ter sido beneficiados ou até participado de operações irregulares, que consistiam em destinar verbas publicitárias para programas de rádio e jornais de bairro de propriedade ou de interesse de seus colegas. Os recursos passavam por agências de publicidade (uma delas de propriedada da ex-mulher) e tomavam o caminho dos veículos de comunicação.

A delação 3

Derosso tentou salvar seu mandato, em 2012, tendo Figueiredo Basto como seu principal advogado – o mesmo que defende o doleiro Alberto Youssef, que, em troca de uma ainda hipotética liberdade, conta o que sabe sobre a corrupção na Petrobras, investigada pela Polícia Federal na Operação Lava Jato. O ex-vereador teria recebido a recomendação de seguir o mesmo caminho, mas talvez processualmente uma providência tardia.

CARREGANDO :)

O Tribunal de Justiça elegeu ontem sua nova cúpula. O presidente que substituirá Guilherme Luiz Gomes é o desembargador Paulo Vasconcelos – um "independente" que chegou ao cargo contando apenas com gratuita simpatia dos colegas. Venceu o pleito em segundo turno com 68 votos contra 45 dados ao oponente Jorge Massad. Ficou de fora já no primeiro turno o desembargador Luiz Carlos Gabardo, apesar do apoio que lhe deu o atual presidente.

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Vasconcelos respondeu interinamente pela presidência do TJ durante alguns dias, logo após o afastamento pelo CNJ do desembargador Clayton Camargo, em 2012. No seu brevíssimo mandato, foi responsável por um ato importante – o cancelamento da licitação de R$ 79 milhões para a reforma do edifício-sede do Tribunal que havia sido lançada por Camargo. Dois anos depois, o último orçamento para a mesma obra é quase R$ 20 milhões mais baixo.

Das últimas eleições no TJ, esta talvez tenha sido a única em que pesou quase zero a influência de dois antigos "cardeais" da corte – os ex-presidentes Oto Sponholz e o próprio Clayton. O que não deixa de ser um sinal a apontar para dias melhores naquele lado do Centro Cívico.

E os vereadores 1

De qualquer modo, o simples boato da adesão de Derosso ao instituto da delação agita a Câmara nestes dias em que se já se negocia a eleição para a nova mesa diretora. Alguns vereadores até já começaram a revisar suas ambições. O último prazo para o pleito que definirá os sucessores do atual presidente, Paulo Salamuni, e dos demais membros da cúpula termina em 15 de dezembro, mas as chapas devem ser registradas com 15 dias de antecedência.

E os vereadores 2

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Os vereadores Pedro Paulo (PT), Ailton Araújo (PSC), Sa­­bino Picolo (DEM) e Tito Zeglin (PDT) despontam como os principais candidatos. Trabalham "por fora", no entanto, outros vereadores dispostos a ocupar cargos na mesa ou, pelo menos, a obter facilidades para seus respectivos gabinetes e carreiras. O bloco, pluripartidário, soma até agora apenas quatro votos, mas que podem ser importantes numa eventual disputa apertada. Fa­­zem parte dele os vereadores Pastor Valdemir, Chi­ca­­relli, Zé Maria e Chico do Uberaba.

Fruet com Beto

O governador Beto Richa e o prefeito Gustavo Fruet almoçam juntos hoje no Palácio Iguaçu. Não é bem ainda a ocasião para acenderem o cachimbo da paz, já que o cardápio já estava pronto antes da eleição. Dele fazem parte três pratos que para Richa podem ser indigestos: 1) a renovação do convênio que garante subsídio para o transporte coletivo de Curitiba, que vence em dezembro; 2) a confirmação do repasse de R$ 700 milhões do estado para a construção do metrô. cuja licitação dorme no Tribunal de Contas sob a toga do conselheiro Ivan Bonilha; e 3) propostas para novos convênios de cooperação entre a cidade e o estado.

O encontro será curto, mas sobrarão momentos para Richa e Fruet falarem de política, atualmente tratada apenas entre emissários dos dois lados, nunca diretamente.

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