Olho vivo

Máquina de rosca

O governador Beto Richa tem pressa: na sexta-feira ele usou um helicóptero alugado, de prefixo PR-HPB, para participar da inauguração do Centro Municipal de Educação Infantil Arnaldo Bertoni, no Sítio Cercado, em Curitiba. Desceu da aeronave num campinho próximo, pegou o carro oficial e, uma quadra adiante, encontrou-se com o prefeito Luciano Ducci. Após os discursos em tom de campanha, Richa pegou o carro de volta para embarcar na máquina de rosca.

Ultimato

A nova diretoria da Sociedade Evangélica Beneficiente tem prazo até o dia 31 para dizer como, por que e quem são os responsáveis pela dívida acumulada em R$ 300 milhões, que coloca em risco a faculdade e o hospital Evangélico. Depois dessa data o assunto será tratado na Justiça.

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Tem gente grande cobiçando o Ministério das Comunicações, comandado pelo paranaense Paulo Bernardo desde a posse de Dilma Roussef na Presidência. A crise enfrentada pelo governo no Congresso mexeu no tabuleiro dos cargos federais mais importantes e uma ala do próprio PT passou a exigir a ampliação de espaços como moeda de troca para garantir a aprovação de projetos de interesse do governo.

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A fonte dessa informação, que pede o anonimato, circula com desenvoltura no Planalto e classifica o movimento naquela categoria chamada de "fogo amigo". Tudo começou quando, em razão da troca de líderes no Congresso que Dilma se viu obrigada a fazer depois de algumas derrotas no parlamento, uma parte do PT se aliou ao PMDB, juntando a fome com a vontade de comer.

O petista Arlindo Chinaglia, o novo líder do governo na Câmara, ganhou o status de potencial candidato a presidente da Casa, o que desagradou o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves, que ambiciona o mesmo cargo. Foi o suficiente para que uma parte do PT se sentisse atraída pelo PMDB. Essa ala petista somada ao PMDB poderia dar a tranquilidade que Dilma deseja na Câmara para votar, por exemplo, a Lei Geral da Copa e o Código Florestal.

Em compensação, porém, quer a substituição nas Comunicações de Paulo Bernardo por outro petista mais afinado com a ideia de que a mídia precisa ser controlada – tese que assusta a imprensa. O candidato preferencial dessa ala seria o ex-ministro Franklin Martins, autor das primeiras tentativas de frear a liberdade de imprensa; cotado em segundo lugar está o deputado paranaense André Vargas, secretário de Comunicação do PT.

O que Dilma faria com Paulo Bernardo? A presidente, segundo a fonte da coluna, resiste à mudança e quer mantê-lo à frente das Comunicações, até como forma de manter boas relações com a mídia. Se não tiver saída para abrandar o fogo amigo que lhe cria dificuldades, Dilma garantiria a Bernardo boa posição para continuar no governo.

São dos próprios que cobiçam o seu ministério duas ideias. Uma delas é deslocá-lo para o lugar da ministra Ideli Salvati, das Relações Institucionais, pivô da crise do governo com a base. A outra – talvez a mais provável – é designá-lo para a diretoria-geral da binacional Itaipu, no lugar de Jorge Samek, caso este decida se candidatar a prefeito de Foz do Iguaçu.

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Nesse caso, o dia das decisões está próximo: 7 de abril é a data que Samek precisaria se desincompatibilizar.

Um senador econômico

O senador Alvaro Dias (PSDB) está disposto a votar em qualquer proposta que venha a diminuir o peso que os contribuintes carregam para pagar os inúmeros privilégios com que contam senadores e deputados. Por isso, já antecipou que votará a favor do projeto de decreto legislativo que acaba com o pagamento dos 14.º e 15.º salários aos parlamentares, uma iniciativa que a senadora petista Gleisi Hoffmann (atual chefe da Casa Civil) apresentou logo que assumiu o mandato, no início do ano passado.

Alvaro, no entanto, acha pouco e afirma que esse debate desviou o foco de problema bem maior. Ele explica: a extinção dos dois salários extras, pagos no fim e início de cada período legislativo, gera economia de R$ 53 mil por beneficiário, valor que, multiplicado pelo número de senadores (81) e de deputados federais (513), livra o Erário de uma sangria da ordem de R$ 32 milhões por ano.

Economia muito maior ocorreria, porém, se fossem também banidas outras verbas, que chegam a R$ 25 mil, que os parlamentares recebem a título de auxílio-refeição, transporte, serviços gráficos, despesas postais, moradia e outras. Mul­­­tiplique-se tudo por 594 deputados e senadores e pe­­­los 12 meses do ano e se chegará à soma de quase R$ 200 milhões.

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O senador Alvaro Dias diz que está fazendo sua parte: ele se recusa a receber as verbas indenizatórias e paga as despesas do próprio bolso. Pelos seus cálculos, o mandato que exerce custa ao contribuinte R$ 350 mil a menos por ano. Postura bem diferente da do seu colega de Rondônia, senador Ivo Cassol (PP), que conseguiu adiar a votação do projeto de Gleisi alegando que os políticos brasileiros ganham muito pouco.