Olho vivo
Desconto 1
Fontes da Secretaria da Administração esclarecem: o governo estuda, sim, projetos de melhoria do Serviço de Assistência à Saúde (SAS) do servidor público estadual. Os estudos preveem desconto em folha da alíquota de 3,1%, mas ainda não dispensaria o funcionário de tirar do próprio bolso outra parcela para complementar o pagamento dos procedimentos médicos de que vier a necessitar. A proposta já foi apresentada a sindicatos de servidores.
Desconto 2
O Sindicatos dos Trabalhadores na Saúde (SindiSaúde) já respondeu: é frontalmente contra a medida. Alega que o desconto seria inconstitucional e aponta decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) contrárias à imposição de descontos dessa natureza. Enquanto nada acontece, a Agência Nacional da Saúde abre seus olhos: o SAS aparece como campeão de reclamações por má prestação de serviço. Apesar de atender apenas 10% dos seus 377 mil segurados, o índice de reclamações em algumas regiões chega a 45%.
Copiando
Chegou ontem ao Ministério Público denúncia da bancada de oposição da Assembleia sobre o contrato que o governo firmou com a Hprint, fornecedora de cópias xerográficas. A denúncia pede, entre outras coisas, que o MP investigue a seguinte questão: "Por que a mesma empresa denunciada como supostamente participante de fraude foi novamente contratada como fornecedora, inclusive desta vez dispensando licitação pública?"
O deputado Sérgio Guerra, presidente nacional do PSDB, lamentava ontem junto a um grupo de parlamentares em Brasília:
Perdemos a única chance que o PSDB tinha de eleger um prefeito de capital no ano que vem!
O desalento do grão-tucano, embora tão respeitoso quanto constrangido, referia-se ao anúncio feito ontem pelo ex-deputado Gustavo Fruet de que, por não encontrar espaço no PSDB para ser candidato a prefeito de Curitiba, despedia-se do partido. Guerra foi um dos integrantes da tropa de líderes nacionais e locais da sigla que tentou convencer o governador Beto Richa a garantir a candidatura de Gustavo. "Já não podemos fazer mais nada", lamentou. Beto, por sua vez, em entrevista à RPC, disse desconhecer os motivos que levaram o correligionário a sair do partido.
A entrevista coletiva de Gustavo na manhã de ontem, quando distribuiu à imprensa a carta de despedida, dirigida a Beto, selou definitivamente a divisão no grupo político do governador e pôs em risco a manutenção de Curitiba o maior colégio eleitoral do estado nas mãos desse grupo.
Ficou clara, também, a polarização da próxima campanha. De um lado, Gustavo Fruet capitaneando uma aliança de oposição ao governo; de outro, representando a situação, o prefeito Luciano Ducci, do PSB, coligado ao PSDB, tentando a reeleição. O vice de sua chapa será, certamente, o atual presidente da Câmara, vereador João Cláudio Derosso.
Polarização
São duas forças poderosas em confronto direto. Todas as pesquisas recentes colocam Fruet vários pontos à frente de Ducci, mas este é um quadro ainda bastante volátil. Nesses 15 meses de distância até o pleito de 2012, não são desprezíveis as chances de crescimento do atual prefeito. Primeiro, pelo simples fato de o cargo lhe assegurar visibilidade permanente. Além disso, a azeitada máquina política da prefeitura e do governo será convenientemente manobrada a seu favor. Por último, bom tempo de televisão já garantido. Com tais fatores, eleitoralmente positivos, Gustavo Fruet não conta.
O que vai eventualmente contar a seu favor são o tamanho e a expressão política da aliança que conseguir formar. E é a esta missão que Gustavo se dedicará nos próximos dois meses prazo legal de que dispõe para escolher em que partido se filiar e armar sua rede de apoios. A opção partidária que se afigura mais viável no momento é o PDT sigla da base do governo federal, que, em tese, pode facilitar o ingresso até do PT nessa rede.
Ducci já sairá candidato amparado em mais de cinco minutos no horário eleitoral gratuito soma dos tempos a que têm direito o seu PSB (2min) e o aliado PSDB (3min30). O DEM, que ontem confirmou apoio ao prefeito, contribuirá com mais 2min40. A Gustavo, o PDT (se esta for a opção) garante apenas 1min40 e os outros minutos que lhe faltam para se aproximar do adversário terá de buscar em partidos que ainda não lhe pertencem.
O PT pode ser convencido pela ministra Gleisi Hoffmann pré-candidata ao governo em 2014 a não lançar candidato próprio e a integrar, já no primeiro turno, a aliança com o PDT. Nesse caso, o tempo de que Gustavo disporá já subiria para perto de sete minutos. Mas essa já é outra história destinada a render meses.
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