Dois dos mais polêmicos setores que influem diretamente na vida dos curitibanos voltam a viver clima de lua de mel com a prefeitura. Para o transporte coletivo, o prefeito Rafael Greca prometeu elevar o preço da passagem a partir de fevereiro – mês contratual da data-base de motoristas e cobradores e de definição da nova tarifa técnica – de modo a permitir que as empresas renovem a frota e lhes devolva saúde financeira. O cartel aplaude e agradece.
Na área de informática, dominada pelas empresas que compõem o ICI (Instituto Curitiba de Informática) sob a forma de organização social, parece que a tranquilidade também voltou. A boa vontade ficou expressa na rapidez com que o ICI montou uma “sala de situação” no gabinete de Greca. Dados que se renovam a cada três segundos darão ao prefeito condição para acompanhar tudo o que acontece na cidade – velocidade compatível com a agilidade que Rafael exige. Sem contar que o ICI, que detém e controla todos os dados da administração, passou a servir de fonte para abastecer o pote de críticas de Rafael ao antecessor Gustavo Fruet.
Durante quatro anos, os dois setores viveram às turras com Fruet, que foi à Justiça, ao Tribunal de Contas e ao Ministério Público com pilhas de denúncias contra eles. Alegava que ambos espoliavam o bolso popular e as finanças municipais.
Conseguiu pouco. No transporte coletivo, é certo que evitou a explosão do preço da passagem ao expurgar da planilha itens que elevavam a tarifa e exigiam os subsídios negados pelo governo estadual. Resultado: o transporte metropolitano foi desintegrado (nos municípios vizinhos a passagem ficou bem mais cara) e as empresas conseguiram no judiciário se desobrigar de renovar a frota.
Em relação à informática, Fruet tentou livrar o município da condição de refém do ICI. O prefeito anterior, Luciano Ducci, tinha doado ao ICI os códigos-fonte de todos os sistemas. Em decisão liminar, a Justiça reverteu a benesse e mandou o ICI devolver os códigos. Além disso, questionou valores indevidos que o ICI cobrava e economizou perto de R$ 60 milhões.
Agora, com Greca, em três segundos tudo pode mudar.
Bibinho em casa
O ex-diretor-geral da Assembleia Abib Miguel (o Bibinho) conseguiu habeas corpus no STJ e desde o fim de dezembro passou a responder no abrigo do lar aos processos em que figura como acusado de liderar esquema que teria desviado R$ 200 milhões do Legislativo. Bibinho usa tornozeleira e pode circular pela cidade durante o dia, mas à noite tem de voltar para casa.
Rodrigo aqui
Candidato à reeleição para a presidência da Câmara Federal, o deputado Rodrigo Maia (DEM) vem a Curitiba nesta segunda-feira (16). Vai se encontrar com deputados da bancada federal paranaense e cumprirá o protocolo de visitar o governador Beto Richa. O coordenador da visita de Maia ao Paraná é o deputado Sérgio Souza (PMDB), que disputa com boas chances a prévia do partido para indicação de candidato a vice-presidente da Câmara. A eleição da nova cúpula será dia 2 de fevereiro.
Não espanta 1
A confissão da secretaria estadual de Segurança e Administração Penitenciária de que, só ano passado, apreendeu 7 mil celulares no interior de 33 presídios paranaenses, é assustadora. Dá bem a dimensão do descontrole na entrada e põe em dúvida a eficiência dos trabalhos de apreensão. Pior: se há facilidade para entrada de tantos celulares, quanto entra também em armas e drogas?
Não espanta 2
Juntando tudo, não espanta saber que era de um presídio de Piraquara que o detento Sumô (um dos líderes do PCC) disparava ordens que redundou no massacre de Manaus. Hoje, o Paraná tem 19.600 presos nas penitenciárias e outros 9.800 nas delegacias da Polícia Civil.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”