Vamos apenas raciocinar. Não é preciso apelar para passionalismo ou partidarismo. Deixemos ser levados pela lógica partindo das seguintes premissas:
• Até 31 de dezembro registrava-se escassez de remédios em postos municipais de saúde;
• A prefeitura reclamava que repasses federais para compra de medicamentos chegavam atrasados; o governo estadual também não cumpria integralmente convênio de liberação de verbas para aquisição de remédios para a rede curitibana;
• Dia 1.º de janeiro toma posse o novo prefeito; no lugar do opositor Gustavo Fruet entra o aliado Rafael Greca;
• Dia 3 de janeiro, segundo dia útil após a mudança de prefeito, o governador Beto Richa chama ao Palácio Iguaçu o novo secretário municipal de Saúde, João Carlos Baracho, e lhe faz a entrega de R$ 4 milhões destinados à compra emergencial de remédios. O valor, segundo afirmou o agradecido Baracho, garante o abastecimento por dois meses. Não esqueceu de citar seu chefe imediato: “como diz o prefeito Rafael Greca, não podemos perder nem um minuto na luta pela preservação das vidas. É isso que estamos fazendo aqui”.
• Apesar da presença de políticos, dentre eles o deputado, ex-prefeito e aliado Luciano Ducci, Richa desvinculou o ato de repasse de qualquer propósito político ou demagógico. “É um gesto de solidariedade com o povo de Curitiba”, afirmou.
• Os recursos surgiram rápido, milagrosamente. Antes eles não existiam porque o prefeito era da oposição? Só passaram a existir depois da posse de Greca? Antes do dia 1.º de janeiro o povo de Curitiba não merecia o “gesto de solidariedade”?
Se as premissas forem verdadeiras, a conclusão lógica pode ser aquela que o leitor tiver em mente.
E por falar em remédios, eles ficaram mais caros no Paraná desde o início do ano, quando entrou em vigor nova alíquota do ICMS. Decreto publicado na véspera do Natal elevou de 12% para 18% o tributo cobrado sobre genéricos e similares.