Olho vivo

Olha o nível! 1

O nível e a profundidade das discussões políticas estão uma beleza! A campanha de Beto Richa diz que a "casa" que Osmar Dias apresentou como sendo a sua é apenas um cenário montado em estúdio com mesas e cadeiras falsas. A de Osmar dá o troco: diz que o programa "Mãe Curitibana", que Beto diz ter sido invenção sua, na verdade foi criado com outro nome pelo então prefeito Rafael Greca. Já houve quem reclamasse da cor da barba de um e do sorriso colgate do outro. E por aí vai...

Olha o nível! 2

Assuntos como estes não chegam a figurar nos programas televisivos do horário gratuito. Seria demais! Mas chegam às redações de jornais e colunistas na forma de "fofocas" criadas nas assessorias das campanhas destinadas a ganhar espaço na imprensa e "influenciar" eleitores. Há quem lhes dê atenção e guarida – o que iguala a todos na tarefa de desinformar sobre o que realmente é importante nesse momento em que as atenções deveriam estar concentradas na escolha de quem é o mais apto para exercer o cargo máximo do estado.

Olha o nível! 3

Por que não diagnosticar problemas, debater planos de governo, aprofundar propostas, falar com seriedade do que de fato pode um governo fazer em benefício do povo? Permeados de fantasias, paisagens maravilhosas, abraços e beijinhos nas crianças, os programas de televisão têm contribuído pouco para preencher o vazio de ideias simples e realizáveis para melhorar o estado e a vida dos eleitores.

CARREGANDO :)

Arrolado no inventário de sua administração como um dos itens da "herança maldita" que o ex-governador Roberto Requão legou aos pósteros, o Porto de Paranaguá será submetido a um processo de "gestão compartilhada" – um eufemismo para definir a intervenção federal que a Secretaria Especial dos Portos (órgão vinculado diretamente à Presidência da República) anunciou na noite da última terça-feira.

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A cogestão, segundo o secretário estadual dos Transportes, Mário Stamm Jr., não pode ser confundida com intervenção. Trata-se apenas de um procedimento adotado pela União para facilitar e agilizar investimentos federais não só em Paranaguá, mas também em outros dois terminais considerados estratégicos – os portos de Itaqui, no Maranhão; e Rio Grande, no Rio Grande do Sul.

Embora revele desconhecer ainda os termos e condições em que tal cogestão será operada, Stamm considera que a medida poderá trazer resultados positivos para o principal porto paranaense e para a economia do estado. A partir de agora é possível que, recuperando-se a harmonia entre os governos estadual e federal, sejam enfim viabilizadas as obras de infraestrutura e outras adequações necessárias para a modernização de Paranaguá e Antonina.

Entre as previsões do governo federal, encontra-se uma grande operação de dragagem do canal e da baía de Paranaguá, com aprofundamento do calado para pelo menos 15 metros. O edital de licitação será lançado em julho do ano que vem. A construção do Cais Oeste é outra obra que o governo federal promete realizar, informa o secretário Mário Stamm Jr.

Por que só agora?

Membro do Conselho da Au­­­toridade Portuária (CAP) como representante dos exportadores, o economista Luiz Antonio Fayet fez história como um dos críticos mais ácidos e abalizados da administração do ex-superintendente do Porto de Paranaguá, Eduardo Requião. Grande parte das denúncias que fez chegou a órgãos como a Secretaria Especial de Portos, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), o Tribunal de Contas da União e o Ibama.

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Todas as denúncias foram confirmadas e ampliadas por meio de inspeções diretas desses órgãos e transformadas em densos relatórios oficiais que recomendavam, unanimemente, a decretação de intervenção federal e o rompimento do convênio pelo qual a União delegou a administração dos portos ao governo do Paraná.

Por isso Fayet não esconde sua estranheza diante da medida anunciada pela Secretaria dos Portos. Ele observa duas coisas: a) ela demorou demais; e b) a medida é insuficiente para corrigir "o passado de desmandos". Ele pergunta: "Quem vai pagar, por exemplo, o prejuízo de pelo menos US$ 1,5 bilhões de dólares que os produtores rurais e a economia paranaense sofreram ao longo dos últimos sete anos por causa da má administração portuária?"

Fayet advoga a punição dos gestores que permitiram tal prejuízo e não apenas a adoção de um processo de gestão compartilhada estadual/federal. Estranha, também, que esta cogestão seja implantada só depois que os portos paranaenses passaram a ser administrados por novos dirigentes que "não foram responsáveis pelo que aconteceu no passado e que, agora, estão seriamente empenhados na tarefa de saneamento", finalizou.