O fato de o PSDB ter anunciado domingo que Alvaro Dias será seu candidato a senador em 2014 aparenta ter enterrado a suposição de que as conturbadas relações que mantinham seriam insuperáveis. Mesmo sem ter sido previamente consultado, Alvaro foi ungido candidato "in pectore" tanto do governador Beto Richa quanto do presidente eleito do partido, deputado Valdir Rossoni.
Em discursos para as 500 pessoas que compareceram à convenção do PSDB, de anteontem, ambos enalteceram o desempenho de Alvaro no Senado e garantiram-lhe a vaga em nome da unidade partidária para disputar a reeleição na chapa a ser encabeçada pelo governador Beto Richa.
As desavenças entre Alvaro e o partido são antigas e conhecidas. Em dezembro, por exemplo, esta Gazeta registrou a frase de Rossoni: "Faz dez anos que ele não faz outra coisa a não ser atrapalhar o PSDB". Alvaro rebateu e justificou: o PSDB estadual virou um "balcão de negócios".
Alvaro informa, porém, que só responderá ao partido em junho. "Estou aguardando assentar a poeira das divergências políticas para que o reencontro possa ser mais eficiente. Há divergências de lá para cá e daqui para lá", embora ressalve: "O adversário maior é o governo federal e o PT", disse à CBN.
O lançamento de Alvaro Dias não surpreendeu o PT que, a despeito de serem irmãos, mantém o projeto de lançar para o mesmo cargo o ex-senador Osmar Dias na chapa de Gleisi Hoffmann, virtual adversária de Richa na disputa pelo governo. Osmar achou mais prudente não se manifestar, mas disto se encarregou o ministro Paulo Bernardo, um dos articuladores da participação do PT no pleito do 2014. "Osmar já provou ser indispendável para o Paraná no Senado. Marcou seus dois mandatos com uma atuação séria e por grandes serviços ao estado", destacou Bernardo. "Osmar quer voltar ao Senado e o Paraná precisa dele lá, de alguém que goste de trabalhar e que não fique só fazendo firula. Por isso, vamos continuar defendendo no PT e junto aos partidos aliados para que Osmar seja o nosso candidato".
Alvaro feliz: ganha em todas
Enquanto o PSDB se convence de que não terá candidato mais forte do que Alvaro Dias para disputar a eleição, o senador se rejubila com uma sondagem do Instituto Paraná Pesquisas que acaba de ser concluída. Segundo a pesquisa, Alvaro teria 63% dos votos se disputasse a eleição contra o peemedebista Orlando Pessuti (8,3%), e os deputados André Vargas, do PT, (5,8%) e Rosane Ferreira, do Partido Verde (5,3%).
Dessa sondagem estimulada, baseando-se na lenda de que os dois irmãos nunca se confrontariam, o nome de Osmar não aparece. Mas num outro cenário, também estimulado, se os adversários de Alvaro fossem a deputada Rosane Ferreira e o senador Sérgio Souza (PMDB), sua vantagem seria ainda maior: 70,3%, 8,6% e 3,3%, respectivamente.
Governador
O mesmo Paraná Pesquisas também prospectou as intenções para o governo do Paraná. No primeiro cenário, antepõe três candidatos: Beto Richa, Gleisi Hoffmann e Roberto Requião. Beto seria reeleito com 40,6%; Gleisi ficaria com 28,2% e Requião com 19,7%.
Ou seja, a oposição somaria 49% das preferências e levaria o pleito para o segundo turno. Essa tendência representa o perigo de Richa ser o primeiro governador do Paraná a não conseguir se reeleger uma das razões pelas quais, ao contrário dos esforços que fez até passado recente para alijar Alvaro do PSDB, tenta agora fazê-lo reforçar sua chapa colocando-o para disputar o Senado. Ao mesmo tempo, procura enfraquecer a chapa de Gleisi Hoffmann se conseguir forçar Osmar a desistir de ser candidato a senador.
Olho vivo
Inseguro 1
O juiz da 1ª Vara da Fazenda Pública, Marcel Rotoli de Macedo, acabou por reconhecer que a seguradora Previsul deve ser suspensa do contrato de seguro de vida que mantém com servidores da prefeitura de Curitiba. Ontem, concedeu liminar a à Associação dos Aposentados da PMC após reconhecer que a Previsul vem atrasando sistematicamente o pagamento de indenizações às famílias de segurados, conforme relatórios da Susep Superintendência de Seguros Privados.
Inseguro 2
A propósito de nota publicada nesta coluna domingo, dando conta do atraso no pagamento de 150 indenizações que totalizariam R$ 5 milhões, a Previsul esclareceu que 25 já foram pagas; 22 estão dentro do prazo e 14 ainda dependem de esclarecimentos. A Previsul diz também que a Susep ainda não instaurou processo administrativo após o que a seguradora ainda poderá apresentar defesa.
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