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Só se encontra uma explicação para a pressa com que o grupo político do prefeito Luciano Ducci vem agindo para consolidar sua candidatura à reeleição. E a explicação seria a seguinte: ou se tira Gustavo Fruet de cena agora ou se terá de enfrentá-lo no voto na eleição do ano que vem. Daí a briga que o vereador João Cláudio Derosso – que apoia Luciano – enfrenta para manter o comando do diretório municipal do PSDB de modo a não permitir que Gustavo o domine.

Tenta-se, com isso, evitar que os tucanos lancem Gustavo Fruet e abandonem Luciano Ducci, que, embora de partido diferente, o PSB, sempre se comportou como aliado. Não só foi o vice escolhido por Beto Richa nas duas gestões, como o apoiou fortemente na disputa pelo governo estadual.

O comando estadual do PSDB vem prestando atenção aos movimentos de Luciano e, sobretudo, no de Derosso. E não está gostando do que vê. Tanto que, na semana passada, por proposta do deputado Valdir Rossoni (presidente estadual), o PSDB decidiu que seria melhor cancelar a eleição para o diretório municipal marcada para março e, no seu lugar, nomear uma comissão provisória a seu gosto.

Mas, na última sexta-feira, Rossoni e Gustavo Fruet foram surpreendidos com a publicação de um edital assinado por Derosso convocando eleições no diretório para 18 de março e dando prazo para a inscrição da chapa. Ele está certo de que vencerá, já que tem o domínio da maioria dos delegados com direito a voto dentro do partido. A vitória de Derosso é a vitória de Ducci.

Rossoni se irritou e considerou a atitude de Derosso um desafio à sua autoridade. Mas isso é o de menos. O maior problema que ele e a direção estadual do partido – e a nacional também – enxergam está no fato de que, se Gustavo sentir que não terá chances de ser lançado pelo próprio partido, vai procurar outra legenda que o acolha e o lance. Alertado para esta possibilidade, Beto Richa respondeu com olhar de paisagem.

O jogo de Luciano Ducci e Derosso é, portanto, arriscado. Podem derrotar a pretensão de Gustavo ser candidato pelo PSDB – mas podem ter de enfentá-lo nas urnas, candidato por outro partido. Por via das dúvidas, como é natural que queira a própria reeleição mas não podendo, eventualmente, contar com a aliança com os tucanos, Ducci se move também em direção oposta. Na semana passada, por exemplo, encontrou-se com os senadores Roberto Requião (PMDB) e Gleisi Hoffmann (PT) para aparar arestas, fazer política de boa vizinhança com os antigos adversários.

Adversários que não dispõem de nomes viáveis para disputar a prefeitura – eles não considerariam uma heresia se vierem a se tornar aliados de Ducci. Por uma simples razão, antevista há pelo menos dois anos: seu partido é o PSB, legenda que, assim como PT e PMDB, está presente e operante na base do governo federal.

Luciano Ducci, porém, não dorme: tendo sentido o mal-estar causado por sua aproximação com adversários do governador, o prefeito foi ter com Beto no Palácio na tarde de sexta-feira. Saiu de lá satisfeito – política e financeiramente, pois conseguiu R$ 10 milhões do governo do estado para obras da Copa.

Olho vivo

Solução

Em meio à discussão sobre se cadeiras vagas nos parlamentos pertencem aos partidos ou às coligações, informa-se que Dilma Roussef estaria engatilhando uma medida provisória para resolver a pendenga. E o certo é que esta MP viria para consagrar o princípio de que as vagas pertencem às coligações – contrariamente ao entendimento que o STF vem externando. Juristas de calibre, diante dos boatos, se preparam para contestar a eventual MP: ela equivaleria a uma emenda constitucional e isto só pode ser feito mediante uma PEC.

Silêncio 1

O senador Alvaro Dias exibia ontem numa roda de amigos mensagem que recebeu do governador de São Paulo em seu Iphone. Nela, Alckmin agradecia pela prorrogação da Lei Kandir por mais nove anos. O dispositivo, criado para estimular as exportações de produtos primários, iria expirar no fim do ano passado, mas Alvaro conseguiu negociar a prorrogação em troca dos votos da oposição em favor de uma MP que trancava a pauta.

Silêncio 2

Sem a prorrogação, os estados abrangidos pela Lei Kandir sofreriam uma sangria de R$ 19,5 bilhões. Só São Paulo teria de recolher aos cofres da União R$ 7,2 bilhões este ano. O Paraná, R$ 1,2 bilhão – metade do que prevê o orçamento estadual para a saúde pública. Perguntaram a Alvaro se Beto Richa também havia mandado mensagem de agradecimento. Seu silêncio disse tudo.

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