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Quando o líder do governo assume a tribuna supõe-se que só fala aquilo que o governo quer que ele fale. É a regra geral nos parlamentos. Pois ontem o líder que o governador Beto Richa indicou para representá-lo na Assembleia, o deputado Ademar Traiano, confirmou a disposição do governo de estender por mais alguns anos os contratos com as concessionárias de rodovias em troca da redução das tarifas e da antecipação de algumas obras.

Traiano demorou 24 horas para defender o governo, que um dia antes havia sido bombardeado por críticas da oposição a partir da revelação de que a prorrogação dos contratos em 15 anos (até 2037) já faria parte do acordo que a Secretaria de Infraestrutura e Logística está construindo com as concessionárias.

O parlamentar não confirmou que acordo nesse sentido já estivesse negociado, mas defendeu a extensão dos contratos como uma opção vantajosa para todos os lados. A frase é dele: "Não se negocia impondo condições antecipadas. Se eventualmente a solução para as altas tarifas do pedágio passar por uma prorrogação dos contratos, não vamos excluí-la da negociação".

Para dar força ao argumento, citou o petista Aloisio Mercadante (atual ministro da Ciência e Tecnologia) que, como candidato ao governo de São Paulo no ano passado, propôs medida semelhante para os pedágios paulistas.

Traiano não se se referiu, no entanto, à principal informação tornada pública esta semana – a de que, procurado por uma das partes em Brasília, o governo federal já firmou posição contrária à prorrogação como forma para baixar as tarifas. A União (à qual pertencem as rodovias pedagiadas no Paraná) quer que primeiro sejam reduzidas as taxas de lucro das concessionárias paranaenses – o dobro das praticadas nas concessões federais – para depois dar (ou não) sua anuência.

Mas a mais curiosa das afirmações do líder Ademar Traiano em seu discurso foi de que o assunto pedágio é de exclusiva competência do Poder Executivo e que os deputados não deveriam se ocupar dele para não politizar a questão. "Como democrata que é – disse o deputado – o governador Beto Richa vai prestar contas à Assembleia sobre as negociações, mas na hora certa". E pediu tempo à oposição.

Olho vivo

Em todas

Está em gestação na Secretaria de Segurança o projeto "Paraná Seguro". Boa iniciativa para tentar tirar o estado e algumas de suas cidades dos campeonatos nacionais de criminalidade. Ontem, o secretário Reinaldo de Almeida Cesar teve oportunidade de relatar ao governador Beto Richa as linhas gerais do programa, na presença de convidados especiais: além de alguns secretários de estado, também o senhor Luiz Abi – o mesmo que, embora seu nome não conste da lista de servidores do estado, era passageiro no desastrado voo do helicóptero que, no começo do mês, levaria Richa para uma reunião de trabalho no banco Pactual, em São Paulo.

Quem sou eu? 1

O governo do estado anunciou que vai contratar 400 novos técnicos para a Emater – a autarquia vinculada à Secretaria da Agricultura que cuida de dar assistência técnica para produtores rurais, principalmente micro e pequenos. Em lotes de 100 por ano, nos próximos quatro anos serão contratados agrônomos, veterinários e engenheiros florestais para recompor o quadro da instituição, que há 16 anos não recebe gente nova.

Quem sou eu? 2

O anúncio foi o que bastou para que voltasse com força, dentro da própria Emater, uma crise de identidade que se aprofunda há muito tempo. Afinal, para que servimos? – perguntam alguns dos seus mais preocupados e experientes profissionais. Eles chegam próximos da ideia de que o melhor a fazer seria a extinção da Emater, mas evitariam fazer esta proposta se pudessem obter provas de que o órgão demonstrasse ter ainda muita serventia.

Quem sou eu? 3

Partindo do pressuposto de que a Emater precisaria estar presente nas áreas de agricultura mais deprimida e carente de tecnologia, não entendem, por exemplo, a razão de ainda serem mantidos escritórios, técnicos e recursos em Londrina, Maringá ou Cascavel – regiões onde se pratica uma agropecuária que se reconhece como uma das mais avançadas do mundo. "Este não é um jeito novo de governar, orientado em fazer mais, melhor e com menos", diz um desalentado técnico da Emater.

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