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O PAC-2 no Paraná

Coincidência ou não, o presidente Lula lança hoje em Brasília o PAC-2. Dele consta uma lista de obras federais a serem executadas no Paraná como nunca antes se viu na história do estado: a previsão é de que serão investidos aqui, até 2014, recursos da União de mais de R$ 5 bilhões – afora outros provenientes da iniciativa privada em projetos de parceria. Logística de transporte, energia e infraestrutura urbana são as áreas mais contempladas.

Pode não haver correlação intencional alguma com a campanha eleitoral, mas que, se bem administrada pelo governador Pessuti e bem explorada pelo candidato Osmar Dias, não há dúvida de que a lista pode influir em suas campanhas – e, consequentemente, na de Dilma.

Eis algumas das obras previstas no PAC-2:

• BR-153: conclusão dos trechos da BR-153 (Rodovia Trans­­­­brasiliana) na parte que corta o Paraná.

• Aeroporto Afonso Pena: ampliação da estação de passageiros e construção da terceira pista.

• Estrada Boiadeira: pavimentação entre Porto Camargo e Campo Mourão.

• Hidrovia do Rio Paraná, com melhoramentos do canal de navegação.

• Aeroporto de Foz do Iguaçu (reforma e ampliação)

• Trem de Alta Velocidade entre São Paulo e Curitiba.

• Corredor Ferroviário do Paraná-Dourados-Cascavel.

• Novo silo público graneleiro de Paranaguá.

Um detalhe: foi retirado do PAC o projeto do polêmico ramal ferroviário, para cuja construção Requião pediu a Dilma Roussef R$ 573 milhões embora tenha falado que poderia construí-lo por R$ 160 milhões.

O vice-governador Or­­­lando Pessuti, com a discrição que o período recomenda, trabalha com ardor e convicção a sua candidatura a governador pelo PMDB. A partir de quinta-feira ele estará sentado na cadeira ainda quente que Roberto Requião deixará depois dos sete anos e três meses de seus dois mandatos consecutivos – o que, enfim, dará a Pessuti a chance de mostrar a quem interessar possa que pode ser um candidato mais que viável – é importante e até indispensável.

A discrição o impede de revelar detalhes, por exemplo, de conversas com o presidente Lula. Sabe-se, contudo, que, interessado em ampliar ao máximo o arco de apoios à presidenciável Dilma Roussef no Paraná, mas reconhecendo as dificuldades de diálogo com Requião e, consequentemente, de reproduzir no âmbito estadual a aliança que já firmou com o PMDB em nível nacional, Lula passou a enxergar em Pessuti a oportunidade de concretizar seu projeto. Como? Dando-lhe obras e recursos para que cumpra bem seu curto de mandato e, em troca, retire a candidatura ao governo e passe a apoiar Osmar Dias.

A ideia de Lula é parcialmente boa para o vice. Boa na parte que fala em obras e recursos, mas por enquanto inaceitável na parte que trata da renúncia à candidatura. A primeira soou como música para seus ouvidos, pois é tudo quanto ele mais deseja – principalmente para conter a descrença e o movimento de fuga que, pesaroso, constata entre seus próprios correligionários. Entre eles, mais numerosos e atuantes, estão os peemedebistas (deputados, principalmente) que buscam abrigo junto aos tucanos de Beto Richa.

Para Pessuti, o simples fato de tornar-se governador já lhe daria condições privilegiadas de manejar por conta própria, independente do olho gordo de Requião, alguns cordéis da política paranaense. Já estaria, digamos, de bom tamanho. Mas seria a glória se, além disso, obtivesse de Lula apoio para legar para história o seu mandato de nove meses.

Para amansar Requião

A intervenção do presidente, no entanto, não se esgotaria no esforço para tirar Pessuti da jogada. Ele ainda não perdeu a esperança de amansar Requião, para quem ofereceria uma eleição mais tranquila – caso, lógico, consiga convencer Gleisi Hoffmann a não disputar o Senado para tornar-se vice de Osmar. Suplementarmente, com tal providência, agradaria outro aspirante a senador, o deputado Ricardo Barros, que faria o seu PP integrar-se à mesma aliança.

Diante das cogitações que incluem a sua retirada, Pessuti se comporta como mero e arredio observador. Prefere concentrar suas energias na consolidação da candidatura ao governo, confiando nas promessas de Lula e no sucesso da administração, que espera configurar desde o princípio. Quem sabe até consiga resultados palpáveis ao estabelecer um claro contraste com seu antecessor, pelo menos no que diz respeito à civilidade no trato social e político.

O vice acredita que até junho, mês da convenção, graças ao seu jeito de governar e fazer política, ninguém mais pensará em abandoná-lo. E nem em lhe pedir que renuncie à candidatura. E, então, estará pronto para ser aclamado candidato e tocar a sua campanha. E pronto, também, para oferecer de muito bom gosto um segundo palanque para Dilma Roussef no Paraná.

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