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Olho vivo

Dois senhores 1

O deputado Ciro Gomes andava faceiro pelo plenário e pelos corredores da Câmara Federal, ontem, após ter tomado conhecimento da sondagem CNI/Ibope que o colocou em 2.º lugar na corrida presidencial. Afirmou que sua candidatura não tem mais volta, é irreversível e inegociável. O entusiasmo do candidato provocou a curiosidade de um parlamentar paranaense que fazia parte da roda que ouvia Ciro. Ele quis saber como será sua campanha em Curitiba, que provavelmente terá um prefeito do PSB comprometido com a dupla tucana Richa/Serra.

Dois senhores 2

Ciro Gomes não concordou com a premissa. Segundo ele, o vice Luciano Ducci de fato foi deixado livre para apoiar Beto Richa, mas já foi avisado que, para a presidência, terá de ser fiel ao candidato do seu partido, isto é, ao próprio Ciro. Se for assim, Ducci terá de desobedecer o preceito bíblico segundo o qual é impossível servir a dois senhores. Ou, então, como já se comenta, arriscar uma mudança de partido: sair do PSB e entrar no PSDB.

Dois senhores 3

De obediência a dois senhores também padece o deputado Ricardo Barros (PP). Candidato a senador, precisa integrar-se a uma das chapas – ou à de Osmar/Dilma ou à de Richa/Serra. Tem levado recados para os dois lados, oferecendo-lhes os préstimos do PP, que preside no Paraná. Os dois lados, no entanto, continuam se comunicando e conhecem o teor das conversas que chegam a um e outro.

Qualquer pesquisa está sujeita a receber olhares diferentes. De­­­pendendo de quem a vê, pode ser boa, ruim ou péssima. Esta última, do Ibope/CNI divulgada oficialmente ontem, é um caso típico. Se o presidenciável José Serra (PSDB) continua em primeiro lugar, bem distante do 2.º lugar (Ciro Gomes, PSB), a pesquisa é motivo de festa para os tucanos. Mas Ciro também festeja – afinal, lançado há poucas semanas, já ultrapassou Dilma Rousseff (PT), que ficou em 3.º, grudada em seus calcanhares pela margem de erro. As alternativas Heloísa Helena (PSol) e Marina Silva (PV) vêm em seguida, bem valorizadas por índices surpreendentes.

Então, a coisa ficou preta apenas para Dilma Rousseff? Não é o que pensa o ministro Paulo Bernardo – fiel à candidata de Lula e do seu partido, tanto na alegria quanto na tristeza. É uma tristeza Dilma ter caído do 2.º para o 3.º lugar, de 18% para 15%. Mas para o ministro, é uma alegria constatar que mais preocupado deve estar José Serra, que de 38% na pesquisa anterior baixou para 34% nesta. Se o governador de São Paulo pensava em decidir a eleição no primeiro turno, já pode perder a esperança, raciocina Paulo Bernardo.

Ambos, Serra e Dilma, foram afetados pelos fatores Ciro Gomes e Marina Silva – mas o bom desempenho destes no Ibope significa que, fatalmente, a eleição de 2010 só será decidida no segundo turno. "Temos bala na agulha para fazer a ministra Dilma recuperar a segunda posição", diz Paulo Bernardo. Que completa: "E então, na hora dos 'vamos ver' do segundo turno, os votos de Ciro, Heloísa He­­­­lena e Marina Silva vão mi­­­grar para quem? Vão para Dilma, é lógico!", afirma com indisfarçável entusiamo.

Dia de casamento

Cinco de outubro, marque esta data. Nesse dia a ministra Dilma Rousseff está em Londrina para um megaevento do programa "Minha casa, minha vida". Não seria nada além da rotina que ela já cumpre em vários estados não fosse o fato de o senador Osmar Dias ser o convidado para fazer par – com todo o respeito – na dança do acasalamento da sua candidatura a governador com a de Dilma à Presidência. Se não for exatamente isso, o que o PT quer é que se pareça o mais possível.

O PT anda apressado em promover as núpcias. Bem mais para tratá-las como fato consumado e irreversível do que para, neste momento, levantar o tal "palanque forte" para a ministra no Paraná. Na verdade, o que prioritariamente interessa é evitar a tentação, ainda latente e poderosa nos altos escalões do tucanato, de trazer Osmar Dias de volta ao ninho e, sob as bênçãos do irmão Alvaro, até mesmo fazê-lo seu candidato no lugar de Beto Richa.

Fato consumado a ser percebido não só pelos tucanos como, também, por todos os demais partidos à espera de definições para ver com quem ficam. O que, logicamente, inclui o PMDB de Roberto Re­­­quião – embora deste não se deva esperar nada pelo menos até março do ano que vem – vésperas de sua despedida do governo e tempo certo para sopesar as circunstâncias e avaliar que lado lhe dará mais vantagens para eleger-se senador.

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