Qualquer pesquisa está sujeita a receber olhares diferentes. Dependendo de quem a vê, pode ser boa, ruim ou péssima. Esta última, do Ibope/CNI divulgada oficialmente ontem, é um caso típico. Se o presidenciável José Serra (PSDB) continua em primeiro lugar, bem distante do 2.º lugar (Ciro Gomes, PSB), a pesquisa é motivo de festa para os tucanos. Mas Ciro também festeja afinal, lançado há poucas semanas, já ultrapassou Dilma Rousseff (PT), que ficou em 3.º, grudada em seus calcanhares pela margem de erro. As alternativas Heloísa Helena (PSol) e Marina Silva (PV) vêm em seguida, bem valorizadas por índices surpreendentes.
Então, a coisa ficou preta apenas para Dilma Rousseff? Não é o que pensa o ministro Paulo Bernardo fiel à candidata de Lula e do seu partido, tanto na alegria quanto na tristeza. É uma tristeza Dilma ter caído do 2.º para o 3.º lugar, de 18% para 15%. Mas para o ministro, é uma alegria constatar que mais preocupado deve estar José Serra, que de 38% na pesquisa anterior baixou para 34% nesta. Se o governador de São Paulo pensava em decidir a eleição no primeiro turno, já pode perder a esperança, raciocina Paulo Bernardo.
Ambos, Serra e Dilma, foram afetados pelos fatores Ciro Gomes e Marina Silva mas o bom desempenho destes no Ibope significa que, fatalmente, a eleição de 2010 só será decidida no segundo turno. "Temos bala na agulha para fazer a ministra Dilma recuperar a segunda posição", diz Paulo Bernardo. Que completa: "E então, na hora dos 'vamos ver' do segundo turno, os votos de Ciro, Heloísa Helena e Marina Silva vão migrar para quem? Vão para Dilma, é lógico!", afirma com indisfarçável entusiamo.
Dia de casamento
Cinco de outubro, marque esta data. Nesse dia a ministra Dilma Rousseff está em Londrina para um megaevento do programa "Minha casa, minha vida". Não seria nada além da rotina que ela já cumpre em vários estados não fosse o fato de o senador Osmar Dias ser o convidado para fazer par com todo o respeito na dança do acasalamento da sua candidatura a governador com a de Dilma à Presidência. Se não for exatamente isso, o que o PT quer é que se pareça o mais possível.
O PT anda apressado em promover as núpcias. Bem mais para tratá-las como fato consumado e irreversível do que para, neste momento, levantar o tal "palanque forte" para a ministra no Paraná. Na verdade, o que prioritariamente interessa é evitar a tentação, ainda latente e poderosa nos altos escalões do tucanato, de trazer Osmar Dias de volta ao ninho e, sob as bênçãos do irmão Alvaro, até mesmo fazê-lo seu candidato no lugar de Beto Richa.
Fato consumado a ser percebido não só pelos tucanos como, também, por todos os demais partidos à espera de definições para ver com quem ficam. O que, logicamente, inclui o PMDB de Roberto Requião embora deste não se deva esperar nada pelo menos até março do ano que vem vésperas de sua despedida do governo e tempo certo para sopesar as circunstâncias e avaliar que lado lhe dará mais vantagens para eleger-se senador.