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Se era o "sim" de Gustavo Fruet que faltava para o PT dar-lhe apoio já no primeiro turno da eleição de prefeito no ano que vem, já não falta mais. O ex-deputado aproveitou uma entrevista à rádio CBN, anteontem, para avisar o público em geral e os petistas em particular que está mesmo disposto a selar a aliança com o partido da presidente Dilma Rousseff após meses de negociação que empreendeu com poderosos interlocutores da sigla.

Com o gesto de aceitação, Fruet removeu algumas resistências internas do PT que, tendo-lhe oferecido apoio, ainda não tinham ouvido dele a resposta positiva. O passo era fundamental para que, já neste sábado, a corrente petista Construindo um Novo Brasil (CNB) – da qual fazem parte os ministros Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo – comunique a direção nacional do PT que, em Curitiba, o partido não terá candidato próprio e que preferirá se coligar com o PDT de Fruet.

As resistências, a partir de então, ficarão apenas por conta de correntes minoritárias do PT, lideradas pelos deputados Dr. Rosinha e Tadeu Veneri, que defendem que o partido deve lançar candidato próprio. Um de seus argumentos é que Fruet, como político e parlamentar, sempre atuou em oposição ao PT. Os dois deputados apresentam seus próprios nomes como alternativas para o partido – intenção que deverá sobreviver, no entanto, apenas até 15 de janeiro, quando direção nacional espera fechar o cenário de alianças em todas as regiões.

Curitiba não será exceção entre as capitais mais importantes do país em que o PT praticamente já decidiu apoiar candidatos de outros partidos. Será assim, por exemplo, em Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Florianópolis, Vitória e em algumas outras prefeituras do Norte e Nordeste. Das grandes metrópoles, apenas em São Paulo e Porto Alegre é que o PT aposta em suas próprias fichas.

Arriscado

Gustavo Fruet sabe dos riscos que corre ao anunciar o noivado com o PT: sua atuação na Câmara Federal, especialmente nas CPIs que investigaram corrupção no governo, foi fortemente marcada pelo combate duro a Lula e ao PT. E esta foi uma das razões para que conquistasse grande fatia do eleitorado, especialmente entre as classes A e B, avessas ao lulo-petismo. Agora se alia ao velho adversário, pronto para aceitar o casamento.

Até que ponto esta aliança heterodoxa vai lhe tirar votos? Ou até que ponto o apoio do PT, cujos simpatizantes se concentram na periferia, vai compensar o eventual prejuízo nas camadas de classe média? São indagações que Gustavo fez para seus botões desde que perdeu a chance de ser candidato a prefeito pelo PSDB e se viu forçado a filiar-se ao PDT, partido da base governista – legenda que, no entanto, isolada, não tem sequer tempo suficiente de propaganda eleitoral.

Fruet ainda não tem todas as respostas. Conta, apenas, com indicações empíricas, segundo as quais grande parte de seu eleitorado tradicional já absorveu a ideia de vê-lo abraçado ao PT. Mesmo porque cresceu também a percepção de que não há alternativa político-eleitoral para viabilizar sua candidatura a ponto de confrontar a máquina oficial que trabalhará pela reeleição do prefeito Luciano Ducci.

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Olho vivo

Caixa 1

A polícia está chamada a investigar a agressão a coronhadas que o ex-servidor municipal Rodrigo Oriente sofreu de dois motoqueiros não identificados na última segunda-feira. Ele prestou queixa no 9.º Distrito Policial e se submeteu a perícia médica. Por esse motivo, Oriente não compareceu, anteontem, para depor na audiência do TRE que julga o caso de caixa 2 que o PSDB teria feito na na campanha de reeleição de Beto Richa para prefeito de Curitiba em 2008.

Caixa 2

Outro que estava convocado para a mesma audiência e que também não compareceu foi Alexandre Gardolinski. Ele apresentou à Justiça um atestado médico segundo o qual recebeu na manhã do dia do depoimento tratamento ambulatorial por apresentar sintomas de um AVC, situação que exigia repouso.

Caixa 3

O que pode ter por trás dessas duas ausências tão convenientemente coincidentes? É o seguinte: Oriente e Gardolinski são dois dos principais protagonistas das denúncias de que recursos não contabilizados pelo PSDB foram usados para convencer 23 militantes do nanico PRTB a desistir de suas candidaturas a vereador na eleição de 2008, em benefício da campanha de Beto Richa. Videos da distribuição do dinheiro e falsificação de recibos foram mostrados pelo Fantástico em 2009. Especula-se sobre a possibilidade de terem sido pressionados a desistir de depor. Por que e por quem? Um mistério a ser resolvido.

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