O transporte ferroviário de cargas é mais barato, certo? Errado. Esta é a conclusão de um estudo financiado pela Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) para medir o peso do transporte no custo final dos produtos agrícolas. O estudo foi feito pela Escola Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (USP), a mais prestigiada instituição de ensino e pesquisa agronômica do país.
Segundo o trabalho, sai mais barato levar sobre caminhões uma carga que sai do Norte do Paraná até Paranaguá do que sobre trens mesmo porque, obrigatoriamente, haverá trechos a serem cumpridos em rodovia, isto é, entre as lavouras e armazéns até o lugar mais próximo de embarque ferroviário.
Considerando os transbordos da carga e o tempo de viagem muito mais longo de um trem entre o interior e o porto, frete rodoferroviário acaba custando aos produtores pelo menos três pontos porcentuais a mais do que se pagasse frente exclusivamente rodoviário tudo isso apesar das altas tarifas do pedágio. Quando esta diferença é multiplicada pelas 35 milhões de toneladas de produtos agrícolas que o Paraná produz por ano, pode-se ver o tamanho do prejuízo.
O que leva o presidente da Faep, Ágide Meneguete, a afirmar: "Dentro da porteira a economia demonstra pujança, fora dela, muitos problemas". Segundo ele, a intenção de realizar o estudo é mostrar os pontos de estrangulamento que prejudicam o agronegócio, diminuem a competitividade e causam prejuízo ao estado.
O trabalho será apresentado amanhã durante a realização do Fórum de Logística do Agronegócio Paranaense.
* * * * *
Olho vivo
Câmara atropelada 1
Do ponto de vista político, o presidente da Câmara, vereador João Cláudio Derosso, vinha ganhando a briga: com seus colegas vereadores devidamente sob controle, mantém-se impávido no cargo, apesar de todas as denúncias que pesam contra ele. Além disso, o assunto vinha também perdendo relevância. Entretanto, na última quinta-feira, apareceu motivo grave para abater suas esperanças.
Câmara atropelada 2
O motivo foi a ação por improbidade anunciada pelo Ministério Público Estadual, que, ao fazer investigações próprias, convenceu-se quanto às irregularidades na gestão dos R$ 31,5 milhões empenhados nos contratos de propaganda firmados por Derosso. E por isso pede à Justiça que determine seu afastamento da presidência para evitar que crie mais embaraços na apuração.
Câmara atropelada 3
A ação do MP distribui seu peso para outros lados também. Ela serve para aprofundar a falta de credibilidade da Câmara e de seus vereadores, que ao longo de quatro meses recusaram-se a adotar medidas efetivas para esclarecer todos os fatos e, constatadas a ilegalidades, punir os responsáveis. A Câmara foi atropelada também pelo Tribunal de Contas, muito mais ágil e preciso na apuração e identificação dos desvios.
Algo há 1
"Algo há!" repetia ironicamente Leonel Brizola quando pretendia lançar desconfianças em torno de fatos que considerava mal explicados. Pois parece que "algo há" por trás da frequência com que a Polícia Federal vem atuando no Paraná nos últimos meses, intervindo em assuntos que, tradicionalmente, se encontravam na esfera de ação da Segurança Pública estadual. Há um mês, por exemplo, foi a PF que estourou uma fortaleza do jogo do bicho em Curitiba, quando se sabe que o combate a essa contravenção sempre competiu às polícias Civil e Militar.
Algo há 2
Teria o secretário da Segurança, Reinaldo de Almeida Cesar, delegado federal, solicitado a colaboração de sua antiga corporação para ajudá-lo a combater o bicho? E se não pediu, teria então a PF agido à revelia do governo estadual? Que razões teria encontrado a Polícia Federal para invadir o "território" da polícia estadual? Algo há?
Algo há 3
Passadas poucas semanas, a Polícia Federal volta a agir no estado. Na semana passada, cumpriu uma centena de mandados de prisão no Paraná contra envolvidos em crimes federais, como tráfico e contrabando, com foco principalmente na fronteira com o Paraguai. Desses 100 mandados, nada menos que 43 foram expedidos justamente contra membros das polícias estaduais Civil e Militar. O governador Beto Richa festejou: disse esperar que a operação da PF contribua para "uma higiene na polícia estadual". Pergunta-se: a quem compete promover a higiene na polícia estadual? Compete à Polícia Federal? Algo há?
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura