O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Gilmar Mendes, quer saber todos os detalhes de um "termo de cooperação técnica" firmado entre o Tribunal de Justiça do Paraná e o banco Itaú, pelo qual a instituição bancária fazia compras de bens e contratava serviços, colocando-os à disposição do TJ.
Não se sabe ainda bem porque, pairam suspeitas da existência de irregularidades na gestão do convênio. Para apurá-las, o ministro Gilmar Mendes, por meio da Portaria 7.034-41, baixada no final do mês passado, nomeou uma equipe de trabalho para, no prazo máximo de 45 dias, realizar as diligências necessárias no TJPR.
A portaria foi lavrada a pedido da Corregedoria Nacional de Justiça que, a partir de um relatório do Tribunal de Contas do Paraná, levantou dúvidas sobre a legalidade do termo de cooperação firmado com o banco Itaú. De novo, um dos focos da investigação envolvendo a participação do banco diz respeito à construção do edifício anexo à sede do Tribunal, no Centro Cívico informalmente conhecido como "Ottopalace", em homenagem ao seu construtor, desembargador Otto Sponholz, quando ocupava a presidência da corte.
Segundo o "Procedimento de Controle Administrativo" baixado pela Corregedoria, "a diligência deverá abranger ainda a apuração quanto à origem dos recursos utilizados para a aquisição dos bens e contratação dos serviços de fiscalização da obra de construção do Edifício Anexo à sede do Tribunal de Justiça local, indicando a eventual ocorrência de malversação de recursos de natureza pública e prejuízo ao patrimônio do estado."
Essa é a segunda iniciativa que o CNJ divulga em poucos dias para esclarecer definivamente o caso do "Ottopalace". A comissão de obras do TJ que acompanhou a construção concluiu ter havido superfaturamento: o custo, inicialmente orçado em cerca de R$ 20 milhões, acabou em R$ 40 milhões. Diante da discrepância, o TJ contratou outra comissão técnica perante a Universidade Federal do Paraná para fazer novo levantamento. Surpreendentemente, afora questões meramente acessórias, esta comissão não encontrou vestígios de superfaturamento.
Mas sobraram dúvidas. Dúvidas que foram levantadas no fim do ano passado pelos desembargadores Jorge de Oliveira Vargas e José Maurício Pinto de Almeida e comunicadas ao CNJ. Foi a partir delas que o Conselho decidiu, enfim, deixar tudo em pratos limpos.
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Olho vivo
Segurança boa 1
Quem disse que Requião não cuida da segurança? Cuida! Da própria. Se a Assembleia aprovar nos próximos dias o projeto de lei que lhe dará direito a ter quatro guarda-costas permanentes, ele poderá se considerar bem protegido a partir do dia em que deixar o governo. Não foi ele, a bem da verdade, o autor do projeto. Foi iniciativa de alguns deputados tucanos de "bico vermelho", que ganharam a adesão de colegas também de outros partidos.
Segurança boa 2
A primeira assinatura no projeto é do deputado Luiz Nishimori o que faz presumir seja ele o deputado mais preocupado com a integridade física do governador depois de sua renúncia, prevista para o próximo dia 30. Reza a proposta em seu artigo 1.º que o estado promoverá "a segurança e apoio pessoal imediatamente após o término do mandato, do ex-governador que tiver exercido por prazo igual ou superior a 03 anos a chefia do Poder Executivo do estado, permitida a soma de tempo em caso de reeleição." Uma luva perfeita para o caso.
Segurança boa 3
No parágrafo 1.º do mesmo artigo, o projeto determina que a segurança será prestada por quatro servidores e por período de três anos após o término do mandato". O artigo 2.º é mais explícito: o serviço ficará a cargo de policiais militares indicados pelo próprio ex-governador. O projeto não fala em oferta de serviços advocatícios oficiais talvez tão (ou mais) necessários após a perda da imunidade quanto a de dispor de atentos e armados meganhas ao seu lado.
Da série 1
Mais de 60% dos curitibanos não sabem quem é o vice-prefeito da cidade e nem que ele, dentro de 24 dias, assumirá o cargo para cumprir os três anos de mandato que o prefeito Beto Richa (eleito com 77% dos votos) vai abandonar. A coluna mantém a série "conheça seu vice", iniciada semana passada, informando hoje que o médico Luciano Ducci, atualmente no PSB, já foi petista de carteirinha.
Da série 2
Na década de 80, pertencia a uma das alas mais radicais do partido, a "Trabalho" a mesma em que militava o deputado Ângelo Vanhoni. Mais tarde, médico da prefeitura e secretário da Saúde de Cassio Taniguchi, passou por reciclagem e adotou posturas mais moderadas.
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