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Tudo se encaminha para que mais uma das bandeiras do governo Requião se mantenha no governo Richa: começa a ser discutido o novo salário mínimo regional, com a promessa de que ele continuará sendo "o maior do Brasil" a partir de 1.º de maio.

Ninguém melhor do que o secretário do Trabalho, Luiz Cláudio Romanelli, para conduzir esse processo. Ex-líder e porta-bandeiras do ex-governador Roberto Requião na Assembleia Legislativa, ele foi o encarregado de levar à Força Sindical a von­­tade de Richa de elevar o piso paranaense dos atuais R$ 663,00 para R$ 800,00 – um aumento bem acima da inflação. O mínimo nacional defendido pela presidente Dilma Rous­­seff é de R$ 545,00.

Diretores da Força Sindical – a central de maior expressão no Paraná –, que na campanha eleitoral ficaram ao lado de Osmar Dias, aprovaram a ideia com entusiasmo. E prometeram não só ajudar a fazer lobby para que o patronato e a Assembleia não criem dificuldades (coisa improvável) como, também, se comprometeram a enaltecer a iniciativa e a colaborar para dar ainda mais brilho às comemorações do Dia do Trabalhador, no 1.º de Maio.

A festa, segundo contam, seguirá os mesmos moldes daquela que todos os anos Requião presidia no Centro Cívico, em frente ao Palácio Iguaçu: muitos discursos de louvação, culto ecumênico, duplas sertanejas, sorteio de prêmios, tudo com transmissão da Televisão Educativa... A esperança é suplantar em número a multidão que costumava se juntar lá nos anos passados.

Olho Vivo

Lixo 1

A prefeitura de Curitiba vai abrir nesta sexta-feira, 11, os envelopes contendo propostas das empresas que concorrem a uma licitação milionária – a da coleta do lixo da cidade. As que foram consideradas financeira e tecnicamente capazes de prestar o serviço concorrerão em seguida no quesito preço. Quem fizer mais barato ganhará o direito de explorar o serviço pelos próximos cinco anos (prorrogáveis por mais cinco). A prefeitura, segundo o edital, está disposta a pagar o máximo de R$ 645 milhões ao longo do período.

Lixo 2

Quem faz a coleta já há mais de 15 anos é a Cavo – empresa do grupo Camargo Correa, frequentemente identificado como grande doador de campanhas eleitorais – mas cujo contrato se encerra no próximo mês de abril. Claro, a Cavo concorre pela renovação. Não se sabe, porém, com que outras empresas ela disputa o filão.

Lixo 3

Sabe-se, entretanto, que a Engema Construções e Serviços, de Campinas, questionou os termos do edital e tentou impugnar a concorrência. Segundo alega, o edital estaria direcionado (para a Cavo?). Além disso, põe defeitos no fato de a prefeitura ter reunido em uma só licitação serviços que poderiam ser prestados separadamente. Por exemplo: lixo doméstico e lixo reciclável (programa "lixo que não é lixo"). Com isso, grandes empresas teriam vantagens competivas em relação às menores.

Lixo 4

Ontem, a comissão de licitação nomeada pela prefeitura, em nota oficial, comunicou que os argumentos da Engema não se sustentam e manteve a abertura dos envelopes para data prevista no edital.

A oratória...

Se depender da qualidade da oratória dos novos deputados estaduais – ontem, uns três ou quatro estrearam na tribuna da Casa – a Assembleia continuará como sempre foi. Salvo uns poucos veteranos que sabem fazer a concordância básica entre sujeito e predicado, os novatos não conseguiram mostrar nem mesmo esta habilidade – para não falar do conteúdo pouco relevante do ponto de vista social e legislativo de suas intervenções.

...e a CPI

De prático, no entanto, uma decisão importante e, digamos, momentosa: os deputados protocolaram o pedido de instalação de uma CPI dos Grampos da Assembleia. Se a CPI descobrir quem colocou escutas ilegais nos gabinetes já terá feito um grande trabalho – embora tal tarefa pudesse ocupar o tempo apenas de policiais e peritos e não dos deputados. Mas sua tarefa só será completa se, a partir do relatório final, ficar caracterizada a culpa dos autores e estes forem levados à Justiça para serem exemplarmente punidos. Ainda assim, o crime da escuta ilegal será menor em relação a tudo o que se fez na Assembleia – sobre o que ninguém propôs nenhuma CPI.

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