“É um feito histórico digno de ser comemorado pelos paranaenses. Somos o 6º estado brasileiro em população e o 15º em extensão territorial, mas o esforço dos trabalhadores e das empresas paranaenses nos elevou ao grupo das quatro maiores economias regionais do país”.
As palavras são do governador Beto Richa. Foram pronunciadas no dia 19 de novembro do ano passado, quando o IBGE divulgou que, em 2013, o Paraná havia superado o Rio Grande do Sul na participação relativa ao PIB nacional. Discursos eufóricos ecoaram na Assembleia, quase todos atribuindo o progresso ao governo operoso de Richa e ao clima de otimismo que instalara no estado desde a sua posse dois anos antes.
Nesta segunda-feira, 28 de novembro, o IBGE divulgou que o PIB do Paraná foi negativo em 1,5% – abaixo da média nacional, que cresceu 0,5%. Com isto, o estado voltou a ser o 5.º maior produtor nacional de riquezas – atrás novamente do Rio Grande do Sul, que retomou a posição de 4.ª maior economia, atrás logicamente dos campeões São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
O retrocesso do Paraná à sua posição anterior não deixa também de ser um fato histórico – pois a quinta posição se mantinha inalterada desde 1949. Isto é, em 2013, a troca de posição com o Rio Grande do Sul foi apenas um soluço, puxado naquele ano por um fator preponderante, a produção de energia.
Dizia-se, também, que o Paraná alcançara melhor projeção na economia brasileira naquele ano graças ao Programa Paraná Competitivo, um sistema de estímulos tributários que teria atraído para o estado grandes investimentos privados.
As diferenças são mínimas: na penúltima mensuração do PIB o Paraná havia alcançado 6,3% na participação nacional e o Rio Grande do Sul, 6,2%. Na última, referente a 2014, houve a inversão: o Paraná caiu para 6% e os gaúchos mantiveram os mesmos 6,2%. Mas que não se esqueça que foi de um mísero décimo porcentual a diferença que motivou as desmedidas manifestações paranistas de 2013.
É claro que este retrocesso agora anunciado não é motivo de júbilo para os paranaenses – mas serve para mostrar que nossa acidental “ultrapassagem” para o 4.º lugar também não encontrava razões consistentes.
Marajás 1
A campanha que levou Fernando Collor à Presidência, em 1989, batia insistentemente na tecla de que seria um “caçador de marajás” – servidores públicos que ganhavam exorbitâncias. Dois anos depois, Collor estava deposto e os marajás continuaram se multiplicando. Agora, 27 anos depois, a missão de caçar marajás caiu nas mãos do senador Roberto Requião, relator da comissão encarregada de investigar casos de servidores que ganham acima do teto máximo constitucional, isto é, R$ 33,7 mil mensais, usufruído pelos ministros do STF.
Marajás 2
O próprio Requião ganha, como senador e governador aposentado, quase o dobro deste limite – mas o importante para ele é dar conta da missão que recebeu do presidente Renan Calheiros de constranger juízes e promotores que o perseguem e perante os quais já responde por 12 processos que tramitam no Supremo.
Marajás 3
E ontem, no Paraná, o deputado Tadeu Veneri (PT) subscreveu requerimentos para também descobrir a eventual existência de marajás estaduais. Ele se dirigiu aos Tribunais de Justiça e de Contas, ao Executivo e à própria Assembleia. Quer nomes e por quais razões os superassalariados recebem seus proventos mais altos.
Queimação
A crise do Hospital Evangélico, que frequentemente o faz fechar o serviço de pronto socorro, pode levá-lo também a paralisar sua clínica de queimados – a única do Paraná, referência nacional. E só mesmo um reforço financeiro emergencial do governo do estado e do município pode evitar a tragédia. É nos finais de ano que o número de pacientes queimados aumenta substancialmente.
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