Olho vivo

Metrô 1

A prefeitura tem pressa em lançar o edital de licitação para tocar as obras do metrô. Precisa fazer isso até abril, porque, em ano eleitoral, prefeitos e governadores estão impedidos pela legislação de promover a contratação de novas obras. Trata-se, porém, de um poderoso mote de campanha que o prefeito Luciano Ducci não quer perder. Entretanto, há impasses técnicos a conspirar contra a rapidez desejada.

Metrô 2

Há impasses ainda não superados entre a prefeitura e o Ministério do Planejamento, dentre os quais uma definição importante ainda não resolvida: a mesma empresa construtora do metrô deve ser a encarregada de explorar o sistema? Ou seria necessário fazer duas licitações distintas? Além disso, diante das evidências de que a passagem terá de ser fortemente subsidiada – caso contrário, se mantida tarifa igual à do ônibus, o modelo ser tornaria inviável –, não houve definição sobre quem arcaria com o subsídio, se a própria prefeitura ou o governo federal ou, ainda, o governo estadual.

Metrô 3

Estas definições são pré-requisitos para a formulação da versão final do edital de licitação. Enquanto não se chegar a um consenso entre as três esferas de governo não há como lançá-lo. A menos que o prefeito, na pressa, resolva dividir a licitação em duas etapas – a da construção agora e a da exploração depois. Não é impossível que decida dessa forma.

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Os três ministros paranaenses – Gleisi Hoff­mann, da Casa Civil; Paulo Bernardo, Co­­mu­nicações; e Gilberto Carva­lho, secretário-geral da Presi­dência – fazem parte do restrito grupo convocado por Dilma Rousseff para assessorá-la no xadrez da reforma ministerial que a presidente espera ver concluída nas próximas semanas.

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Nunca antes na história deste estado o Paraná teve tanta presença política, a ponto de influir – ou de simplesmente palpitar, o que já não é pouca coisa – em assunto tão sensível na esfera federal. Afinal, está em jogo o relacionamento de Dilma com os partidos que apoiam seu governo no Congresso e com os quais dividiu o poder. Um passo em falso e a dita "base aliada" pode sofrer defecções ou mostrar-se insatisfeita a ponto de criar-lhe dificuldades. É como arrumar a cristaleira sem correr o risco de quebrar nenhuma das delicadas peças que a compõem.

Para consumo interno, a presidente dividiu informalmente o seu numeroso ministério – quase 40 cabeças – em três grupos distintos: o dos demissíveis em razão do sofrível desempenho gerencial ou dos rastros éticos que já deixaram pelo caminho; o dos bons cumpridores das tarefas e que, por isso, devem ser preservados; e o do restrito pelotão dos mais próximos, aos quais a presidente recorre inclusive para buscar aconselhamento. É deste último grupo que fazem parte os três ministros paranaenses.

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A influência do trio talvez possa ser medida pelas notícias que chegam do Planalto dando conta de uma não disfarçada irritação que teria acometido Dilma Rousseff após uma conversa telefônica com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), no início do ano. Sua Excelência, incomodado com o tratamento dispensado ao correligionário, conterrâneo e protegido ministro Fernando Bezerra (Inte­gração Nacional), teria lembrado a presidente de que o apoio do PSB ao seu governo precisa ser recíproco: o governo precisa também apoiar o PSB.

Tradução: Campos quer que Bezerra não só seja preservado na reforma ministerial como, desde já, defendido do desgaste que passou a sofrer desde que foi denunciado pelo favorecimento dispensado a Per­nambuco ao repassar ao estado 90% dos recursos federais contra enchentes; e pelo nepotismo descarado com que o ministro loteou os órgãos da própria pasta.

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O governador pernambucano, ao ameaçar a presidente de tirar-lhe o apoio do PSB, teria manifestado sua insatisfação contra o desprestígio de que estariam sendo vítimas candidatos do seu partido a prefeito de alguns dos mais importantes municípios do país. E citou especificamente o caso do prefeito de Curitiba, Luciano Ducci. Embora seja do PSB, partido da base aliada, Luciano não conta com o apoio do PT, que, ao contrário, dirige sua força visando eleger Gustavo Fruet (PDT), até há pouco tempo adversário dos governos Lula e Dilma.

Ao fazer a crítica, Eduardo Campos mexeu com os brios dos três ministros paranaenses – dois deles, Gleisi e Bernardo, articuladores diretos da aliança com Fruet, sob bênçãos e estímulos de Dilma e Lula.