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Olho vivo

Animação 1

Uma urna eletrônica emprestada pelo TRE receberá hoje os votos dos 120 desembargadores do Tribunal de Justiça convocados para eleger três dos cinco membros de sua cúpula diretiva. Eles substituirão, em mandato tampão, os atuais titulares, que, aos 70 anos, se aposentam compulsoriamente. Entre os que serão substituídos está o próprio presidente do TJ, desembargador Carlos Hoffmann, que faz aniversário em maio.

Animação 2

Candidataram-se para o seu lugar os desembargadores Celso Rotoli de Macedo e Miguel Thomaz Pessoa. Tudo indica que será uma eleição apertada – muito embora seja notável o esforço de uma parcela influente do TJ que prefere a eleição do segundo, signatário dos documentos que atestaram a regularidade das polêmicas obras do edifício anexo, muito embora suspeitas de superfaturamento tenham levado o CNJ a reabrir as investigações sobre o prédio, construído na presidência do desembargador Oto Sponholz.

Animação 3

Para animar ainda mais esta eleição, há também o rumoroso caso do desembargador Waldemir Rocha, corregedor-geral, que, para permanecer mais um tempinho no cargo, conseguiu em cartório um registro de nascimento que o remoçou em cinco meses. A festa de seus 70 anos, que poderia ser realizada em 30 de maio, foi adiada para 30 de outubro. Mesmo assim, a eleição de hoje escolherá seu substituto. Só que este terá de aguardar mais cinco meses para ocupar o lugar.

Beto Richa teria ainda, a contar de hoje, mais 1.006 dias para conti­­­nuar à frente da prefeitura de Curitiba. Ele foi eleito em 2008 para cumprir, a partir de 1.º de janeiro de 2009, um novo mandato consecutivo de quatro anos, num total de 1.461 dias.

Apesar dos 77% dos curitibanos que atenderam ao apelo "Beto fica!", que marcou a propaganda de sua vitoriosa campanha de reeleição, às 10 horas de hoje assume em seu lugar um novo prefeito – o desconhecido (se­­­gundo as pesquisas) vice Luciano Ducci. A ele caberá cumprir o tempo a que Richa está renunciando para dedicar-se, agora integralmente, à campanha de governador.

Que seja bem-vindo o novo prefeito: Curitiba está precisando resolver com urgência algumas pendências que Beto Richa não teve tempo de resolver. É certo que, médico, Ducci terá desafios a enfrentar diferentes da experiência administrativa que acumulou desde os tempos do prefeito Cassio Taniguchi, quase exclusivamente na área da saúde pública, mas certamente não lhe faltam atributos para enfrentá-los.

Terá de se haver com complexos problemas urbanos que extrapolam sua especialidade, dentre os quais se inclui o de dar continuidade a obras e projetos inacabados. Um deles é definir em que lugar depositar as mais de duas mil toneladas diárias de lixo que a cidade produz, já que, a partir de novembro, o aterro do Caximba terá de ser definitivamente lacrado.

Após anos de frustradas tentativas para realizar uma licitação que daria a Curitiba a primazia de ser pioneira na industrialização do lixo, Richa acabou por deixar sem solução o comezinho problema da destinação dos dejetos domiciliares. O problema não é pequeno – principalmente para quem ainda tem na cabeça o que aconteceu recentemente com a cidade de Nápoles, Itália, que viu suas ruas atulhadas de sujeira por não saber onde colocá-la.

Suspensa pela Justiça, já não há perspectivas a curto prazo de retomada da licitação – revigora-se esta ou se começa um novo processo? – do sistema de reciclagem, que atenderia 18 outros municípios da região metropolitana. Ou seja, as consequências se estendem para todos eles, que agora terão de resolver sozinhos, cada um com suas dificuldades, o que deveria ser uma obra conjunta.

Outro projeto inacabado é o do metrô. Perdeu-se a oportunidade de obter recursos federais no PAC 1 e a expectativa de que poderia ser incluído no PAC 2 mantém-se ainda como simples expectativa. Lançado ontem em Brasília pelo presidente Lula, o PAC 2 não faz referência específica ao metrô de Curitiba, disputando com outras capitais que também reivindicam sistema idêntico para atender a demanda da Copa de 2014.

Um dos fatores que teriam impedido uma decisão mais afirmativa do governo federal quanto à disposição de participar do projeto do metrô não é exatamente o seu custo – mas a falta de cálculos mais precisos sobre o montante necessário. Inicial­­­mente, previa-se R$ 1,2 bilhão. Mas, segundo se informa, estimativas mais recentes apontariam para o dobro disso – isto é, R$ 2,4 bilhões.

Como se vê, embora não tenha votado diretamente nele, a população espera que Ducci, nos 1.006 dias que terá a cidade em suas mãos, mantenha a rotina da prefeitura e dê solução a pelo menos esses dois projetos inacabados.

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