"Xoque" nas obras públicas
No princípio, era a Emopar; depois, veio o Decom; em seguida, criou-se a secretaria de Obras; por fim, considerada inútil, esta foi extinta e incorporada à Secretaria de Infraestrutura e Logística. E daí veio o caos: o estado se tornou incapaz nos últimos dois anos até de substituir maçanetas estragadas ou realizar outros pequenos reparos em escolas, unidades de saúde, delegacias e outros prédios públicos.
Para refrescar a memória: a Emopar era a sigla de empresa estatal criada pelo governador Jayme Canet Jr. na década de 70 e encarregada de projetar, executar obras e fazer a manutenção de propriedades públicas. Anos depois, foi extinta e suas atividades assumidas pelo Departamento Estadual de Construção de Obras e Manutenção (Decom). Depois, para dar status político à repartição, o Decom virou Secretaria de Obras. Até que, imaginando enxugar a máquina e implantar o "xoque de jestão", o governador Beto Richa extinguiu a secretaria e incorporou suas atribuições ao Departamento de Estradas de Rodagem (DER), sob a égide do irmão Pepe Richa, secretário da Infra-Estrutura. Como nada deu certo e as reclamações se multiplicaram, o governo está adotando uma "meia volta volver". Tramita na Assembleia anteprojeto de lei que prevê a criação da autarquia Paraná Edificações uma autarquia cuja incumbência é fazer a mesma coisa que faziam a Emopar, o Decom ou a Secretaria de Obras. Como ninguém é de ferro e como em breve haverá mão de obra disponível na praça, a criação de dezenas de cargos em comissão integra a proposta de implantar a autarquia. O anteprojeto foi enviado à Assembleia no último dia 22 e lá tramita com inusitada rapidez.
Agenda externa
Afora a atividade normal no Senado como líder da oposição, a agenda do senador Alvaro Dias tem sido ocupada por palestras que vem dando por toda parte, sempre com auditórios lotados. Na semana passada, por exemplo, atendeu aos convites de diretórios tucanos em São Paulo e Porto Alegre. O tema: "Ética na política e democracia no PSDB". Há tempos em rota de colisão com o diretório estadual do seu partido, Alvaro ainda não foi convidado para falar aos tucanos paranaenses.
De saída
Tem-se em esferas chegadas ao Palácio Iguaçu como favas contadas a substituição do procurador-geral Júlio Cesar Zem por outro nome das fileiras da PGE. Há dias, Zem assinou resolução em que transfere todas as responsabilidades inerentes ao cargo ao seu diretor-geral, procurador Roberto Altheim indício interpretado internamente de que, na prática, o procurador-geral já é o outro. Acostumados a conhecer e interpretar as leis, procuradores mais antigos afirmam que a resolução é ilegal: salvo em casos de afastamentos eventuais e temporários, as prerrogativas do procurador-geral são indelegáveis.
Motim no shopping
Lojistas do Shopping Estação estão em pé de guerra com a empresa administradora deste e outros 45 centros comerciais espalhados pelo país. Diante de denúncia-crime encaminhada pelo Ministério Público Estadual, o 2º Distrito Policial abriu inquérito para apurar a consistência das acusações segundo as quais a administradora do shopping, a Nattc2006, está lesando os lojistas e outros locatários de espaços do centro comercial com cobranças indevidas. Uma das acusações envolve a prefeitura de Curitiba: embora pague com atraso, a Nattc2006 obtém descontos no IPTU, mas cobra dos locatários valores integrais. O 2º Distrito classifica a prática se comprovada como estelionato. A empreendedora, com sede no Rio de Janeiro, não respondeu às ligações feitas pela coluna.
Insegurança 1
Um dos últimos trabalhos do desembargador João Kopytowski antes de se aposentar em setembro do ano passado foi a elaboração de um projeto de segurança e inteligência para o Tribunal de Justiça do Paraná, a pedido do então presidente, Celso Macedo. Kopytowski sugeriu várias medidas para garantir segurança a juízes ameaçados e também a implantação de vigilância nos fóruns para evitar assaltos e roubos de armas sob custódia. Embora aprovado pelo Órgão Especial do TJ, o sistema não foi implantado.
Insegurança 2
Se tivesse, é bem possível que o roubo de 296 armas depositadas no fórum de Colombo, na semana passada, não houvesse acontecido. Afora automóveis e camionetes possantes colocados à disposição dos desembargadores, outras medidas de segurança não foram adotadas, lamenta Kopytowski, que, para elaborar o projeto, percorreu 8.235 quilômetros em carros antigos para visitar 71 comarcas.
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