O telefone toca já tarde da noite de terça-feira. Do outro lado da linha, um deputado estadual da base governista conversa sobre generalidades, apenas para "colocar o papo em dia". A conversa derivou logo para a reforma do secretariado de Beto Richa que, naquela hora, dava mais um passo: o PMDB acabava de referendar o deputado Luiz Eduardo Cheida para a secretaria do Meio Ambiente (Sema).
"Diminuiu o número de zumbis no governo", comemorou o parlamentar do outro da linha, para em seguida explicar: "Veja só", disse ele, "desde o começo do ano, o secretário do Meio Ambiente [Jonel Iurk] sabia que ia cair, mas continuava no posto feito um morto-vivo, um zumbi!"
Na sua análise ferina, citou outros zumbis habitando o primeiro escalão. Caso do presidente da Copel, Lindolfo Zimmer, que permanece no cargo apesar de saber há tempos que será substituído por Fernando Ghignone. E do próprio Ghignone, que já saiu da Sanepar mas não foi para a Copel. A Sanepar está com presidente interino: Antonio Hallage apenas aguarda o epílogo da novela Orlando Pessuti, que há meses titubeia em assumir o cargo. Se Pessuti refugar, Ghignone pode voltar para a Sanepar e Zimmer, presidente da Copel, que quase já não é, continuar sendo ou ser substituído por alguém que ninguém sabe quem será.
O deputado lembrou também o caso do vereador Zé Maria, do PPS: Richa anunciou-o secretário dos Direitos da Pessoa com Deficiência e depois o deixou pendurado no pincel.
O deputado resumia com humor negro: "Você viu? Temos aí uma multidão de zumbis, gente que não sabe o que é, se é, se vai ser ou se já era. Eu nunca vi isto antes", completou desalentado. Desalento reforçado, segundo ele, pela desatenção do governo aos aliados de primeira hora, zumbis que vagam pela Assembleia enquanto Richa tudo cede ao PMDB.
"Pode escrever isso tudo aí, só não ponha meu nome", pediu o deputado antes de, com voz grave, se despedir: "boa nooooite!".
Olho vivo
Marajás 1
Pode um servidor aposentado da Câmara de Vereadores ganhar R$ 28.059,29, tanto quanto o ministro Joaquim Barbosa, presidente do STF? Na dúvida, conforme esta Gazeta registrou ontem, o presidente da Câmara, Paulo Salamuni, decidiu consultar o Tribunal de Contas, não sem antes contingenciar a importância dos proventos que excede ao salário do prefeito Gustavo Fruet, de R$ 26,7 mil.
Marajás 2
A revelação do marajaísmo se deu nesta coluna, terça-feira. Apontava quatro nomes de servidores que seriam beneficiários da superaposentadoria todos ligados ao ex-presidente João Cláudio Derosso: uma irmã, um cunhado e dois ex-assessores. Ontem surgiu mais um nome entre os privilegiados: Rosa Maria Stephan Mazetto nome muito conhecido entre os aficcionados por competições de jipecross.
"Acordo?" 1
O consórcio Recipar, que teve sua participação na concorrência para implantar a usina de industrialização do lixo de Curitiba e região metropolitana impedida pelo Tribunal de Contas, esperava reverter esta decisão no Tribunal de Justiça. O mandado de segurança que impetrou há dois anos teria seu mérito julgado na última segunda-feira, mas a pedido do próprio consórcio, o TJ adiou a decisão. Os juízes foram informados de que um "acordo entre as partes" estava em andamento, o que dispensaria uma imediata decisão judicial.
"Acordo?" 2
"Acordo entre as partes"? Que partes? Entre a prefeitura e o consórcio, cujos sócios principais são os poderosos empresários Salomão Soifer e Silvio Name? A dúvida foi suscitada pelas outras empresas que ainda têm esperança de obter o contrato para explorar por 25 anos a unidade concebida para processar as 2.500 toneladas de lixo produzidas diariamente por Curitiba e outros 20 municípios metropolitanos. Ainda estão no jogo o consórcio Pro-Ambiente (Cavo-Estre) e a Tibagi Engenharia.
No forno
Está no forno uma ação popular para contestar a compra do hotel cinco estrelas para servir de sede da Procuradoria Geral do Estado (PGE). A aquisição foi concluída no fim do ano passado por R$ 25 milhões, dos quais R$ 22 milhões retirados de previsão orçamentária da Cohapar, a companhia estadual encarregada de construir casas populares. O edifício já está sendo adaptado a um custo não divulgado.
Má ideia
De quem teria sido a ideia de entregar radares rodoviários à iniciativa privada? Que argumentos convenceram Beto Richa a propor à Assembleia anteprojeto neste sentido? Depois de polêmica na Assembleia, o governo agora estuda retirar a mensagem, mas as perguntas continuam valendo.
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