A infalível sabedoria popular diz que a pressa é inimiga da perfeição. Assim, como diziam os habitantes do Lacio, “in medio stat virtus” – a virtude está no meio, nem muito à terra nem muito ao mar; nem rapidez demasiada nem excessiva vagareza.
Escolado por duas eleições perdidas para o governo do estado (2006 e 2010) porque teria demorado muito para se decidir, o ex-senador Osmar Dias, em 2016, agora apenas observa a afoiteza dos que o procuram oferecendo apoios e propondo alianças para a disputa de 2018. Candidato que atualmente aparenta reunir as melhores condições para viabilizar uma candidatura forte, Osmar diz não terem sido poucos os convites para deixar o PDT e ingressar no PMDB. Michel Temer, cacique nacional do partido, tem sido um dos mais insistentes.
Nota-se também grande agito no grupo ligado ao governador Beto Richa, tucano que tem no PSB um “puxadinho” fiel. Esta semana, o presidente estadual socialista Severino Araújo abriu as portas da legenda a Osmar.
A carta-convite que Severino endereçou foi subscrita também pelos seis deputados estaduais que se rebelaram contra o tacão despótico do presidente estadual do PMDB, Roberto Requião, e se filiaram ao PSB. Romanelli (líder do governo), Alexandre Curi, Stephanes Jr., Jonas Guimarães, Tiago Amaral e Artagão Jr. (atual secretário da Justiça) – todos eles com ligações umbilicais com o Palácio Iguaçu – agora partilham da mesma opinião: “Osmar é um homem íntegro, um político que honrou os mandatos que teve como senador e acreditamos que é o mais preparado para ser governador”.
Não é exatamente o que diziam e pensavam de Osmar quando ele foi adversário de Richa na campanha de 2010. Convenientemente, não viam nele tantas virtudes quanto as que agora enumeram para seduzi-lo, com a evidente intenção de, em contrapartida, garantir mais tranquilidade para a eleição do governador ao Senado.
Osmar Dias vê com naturalidade estas aproximações entre contrários. “É da política”, diz ele. Sem pressa nem vagareza, recebe os convites mas não confirma a aceitação. Como ainda há muita água para correr debaixo da ponte, deu-se um tempo que considera razoável para responder e iniciar negociações: nada decidirá antes de comemorar seu próprio aniversário em 10 de maio.
Até lá, estarão na pauta nacional fatores determinantes para desenhar alianças . A situação política e econômica do país, assim como o desaparecimento de grande parte dos atuais partidos a serem vitimados por cláusulas de barreira, devem entrar nas cogitações que necessariamente antecedem o período de campanha. Sem contar a própria realidade estadual no próximo ano.
O candidato não alimenta ilusões: não chegará ao Palácio Iguaçu se não fizer alianças partidárias, mas afirma que vai repelir qualquer oferta de apoio em troca de cargos e/ou outras vantagens. “Quem quiser subir no meu palanque deverá estar comprometido com o modelo de administração que vou propor aos paranaenses”, afirma. “Todo mundo sabe que a população quer educação, saúde e segurança melhores, obras de infraestrutura, etc. A questão que se impõe é como fazer isto acontecer, o que significa escolher um novo modelo de gestão, fazer diferente e melhor.”
Checão 1
Assembleia Legislativa devolveu, com pompa e circunstância, um checão de R$ 245 milhões ao Executivo. Esperou o finzinho do ano para fazer a devolução, quando poderia tê-lo feito em duodécimos ao longo do exercício. Os mais ingênuos acreditam que se trata de uma “economia”, mas a não utilização da verba denota que (1) a Assembleia não precisava da grana e (2) que lhe falta planejamento para aplicação recurso. O valor corresponde a 43% de toda a destinação orçamentária feita em favor da Assembleia.
Checão 2
A devolução do checão simbólico dá razão ao secretário da Fazenda, Mauro Ricardo, quando afirma que há no Paraná “ilhas de prosperidade”. Enquanto, segundo alega, o Executivo sofre com a penúria de recursos, Legislativo e Judiciário nadam nos excessos.
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