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Olho vivo

Contradições 1

O deputado Luiz Carlos Martins (PDT) pegou ontem o relatório de atividades de 2008 divulgado pela Sanepar e pôs uma lupa em cima dele. E enxergou coisas incríveis – principalmente contradições entre o discurso e a prática. Por exemplo: enquanto se fala em ampliação de oportunidades para mulheres e para minorias, apenas 20% dos seus funcionários é feminino; 3,16% são negros e 0,37% são deficientes.

Contradições 2

Os empregados da Sanepar trabalham 44 horas por semana, ao passo que o governador do estado faz discurso em favor da jornada de 40 horas. O número de acidentes de trabalho aumentou 5% em relação ao ano anterior. O investimento na tarifa social da água – programa decantado em prosa e verso – foi reduzido em 15%: em 2007 foram gastos R$ 64 milhões; em 2008, 54 milhões. O deputado mandou ofício à direção da Sanepar pedindo explicações.

Desconsolo

Deputado do PMDB revela à coluna grande preocupação com os rumos que a disputa eleitoral está tomando e com a radicalização da direção do partido. Segundo ele, se os atuais parlamentares peemedebistas tiverem de carregar o candidato Orlando Pessuti, como quer a direção, vão sofrer na própria pele as consequências, isto é, terão muita dificuldade de se reeleger. Segundo o mesmo deputado, a bancada do PMDB corre o risco de se ver reduzida à metade da atual, "na melhor das hipóteses", diz ele.

Dados oficiais indicam que o índice de homicídios dolosos na Grande Curitiba cresceu nada menos de 17,5% nos primeiros seis meses de 2009 em comparação com o mesmo período de 2008. A coluna registrou esse fato após examinar relatórios divulgados pela Secretaria da Segurança na sexta-feira passada e que estão disponíveis no site da repartição.

Nem o governador nem as autoridades da área se manifestam sobre o assunto, mas fontes anônimas de alguns organismos públicos encarregam-se de revelar pelo menos uma das razões que explicam esse absurdo crescimento – pelo menos cinco vezes superior ao aumento da população no mesmo período.

Pois bem: uma das fontes da coluna lembra que, em janeiro de 2003, o governador Roberto Requião recebeu a Polícia Militar com um efetivo de 4.750 homens em Curitiba. Os índices de criminalidade, embora já fossem altos, mantinham-se sob relativo controle.

Atualmente, contudo, o Comando do Policiamento da Capital (CPC), que tinha aqueles 4.750 homens, dispõe hoje de tão somente 2.870 em atividade. Houve uma diminuição de efetivo de nada menos de 1.880 policiais. Houve, portanto, uma redução de 40% na força policial encarregada de manter a segurança na capital nos últimos seis anos.

Nos últimos seis anos a realidade criminal mudou muito. É bem sabido que, neste período, o tráfico – graças às pouco seguras fronteiras pelas quais entram as drogas em território brasileiro usando o Paraná como rota – aumentou consideravelmente. É sabido, também, que a maior parte dos assassinatos está relacionada com o tráfico.

Aparato

Não é preciso ter mais de dois neurônios para compreender que, se o aparato de segurança estivesse melhor preparado – quantitativa e qualitativamente – as taxas de criminalidade teriam sido menores. Não só não foi mantido o mesmo efetivo como, ao contrário, ele diminuiu. A polícia hoje não consegue mais fazer frente ao crime.

Atualmente, a Polícia Militar tem cerca de 17 mil homens, dos quais 3 mil são bombeiros. Então, para todo o estado, com seus 10,2 milhões de habitantes, há só 14 mil PMs.

Agora, faltando 100 dias úteis para o término do governo sob o comando de Requião, anuncia-se a contratação de 2 mil policiais – número que mal dá para cobrir a diminuição verificada só em Curitiba.

Lembre-se, também, que, a partir da publicação do edital de concurso, até que os novos policiais entrem em serviço leva-se 18 meses completos – desde que não ocorra o que foi feito em 2006, quando a carga horária da formação dos recrutas foi reduzida à metade. Era véspera de eleição e o primeiro resultado dessa imprudência foi a morte de um rapaz em Guarapuava, morto a tiros por um soldado mal preparado.

Segundo se informa, estaria em curso uma nova ação deste mesmo tipo – isto é, para que os novos policiais sejam colocados nas ruas antes da eleição do ano que vem. Enquanto segurança pública se misturar com política, não há Cristo que resolva a situação.

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