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Olho vivo

Os rolos 1

Faz muito tempo que o atual chefe da Casa Civil, deputado (licenciado) Durval Amaral, acalenta o sonho de ser conselheiro do Tribunal de Contas. Teve a chance de se candidatar em 2008, mas preferiu adiar a pretensão depois de constatar que não sobreviveria a um bate-chapa com Maurício Requião, favorecido pelo rolo compressor de seu padrinho, o então governador Roberto Requião.

Os rolos 2

Agora, com a anulação da eleição de Maurício pela Assembleia e do decreto assinado pelo governador Beto Richa revogando a nomeação, Durval Amaral poderia se candidatar de novo. Por que não o fez? Porque, embora seja um dos signatários do Decreto 3.044 que destituiu Maurício, Durval certamente tem dúvidas jurídicas sobre a validade do ato, que, certamente, será contestado na Justiça. Diante disso, melhor não arriscar o mandato de deputado nem o cargo de chefe da Casa Civil.

Os rolos 3

O procurador-geral do Estado, Ivan Bonilha, não tem a mesma dúvida jurídica e foi o primeiro dos 16 candidatos a preencher ficha na Assembleia como candidato à cadeira vaga no TC. Mais do que isso: acredita que o rolo compressor do governo Beto Richa (de quem já ouviu apoio) vai operar a seu favor. Para tristeza do Paraná, que perderá a oportunidade de ver o procurador de Contas Gabriel Léger, o mais experiente dos candidatos, elevado ao posto de conselheiro.

Eleitoralmente fraco na capital, o PMDB exercita sua criatividade para encontrar um candidato que, a seu ver, seria viável para disputar a prefeitura de Curitiba no ano que vem. Aos poucos, vão surgindo nomes ou soluções que, na imaginação de alguns peemedebistas, reuniriam qualidades capazes de, pelo menos, não deixar o partido passar vergonha no pleito.

Não é tarefa fácil. O líder e mandatário da legenda é, ainda, o senador Roberto Requião – ele próprio, porém, vítima de um processo de rejeição dos curitibanos que pôde ser medido pela melancólica votação que obteve na eleição do ano passado. Dentre os quatro candidatos ao Senado, ele ficou num distante quarto lugar, com pouco mais de 300 mil votos (16%), mais de 100 mil a menos do que os obtidos pelo maringaense Ricardo Barros, do PP, que ultrapassou o índice de 21%.

Requião entrou na disputa com duas credenciais importantes que, em tese, o levariam a ter desempenho melhor: já foi prefeito da cidade e acabava de concluir dois mandatos consecutivos de governador. Se, portanto, o atual senador e principal nome da legenda está tão mal na fotografia, que se dirá daqueles que lhe são seguidores ou subalternos?

A primeira "solução", encontrada pelo próprio Requião, foi lançar o ex-prefeito e ex-deputado Rafael Greca, que já agarrou o desafio com unhas e dentes. Que chances teria Rafael quando se constata que nas duas últimas eleições para deputado estadual sua terra negou-lhe votos suficientes para elegê-lo? Na eleição de 2006, 29 mil curitibanos votaram nele e garantiram que ficasse na modesta posição de 5.º suplente. Já no pleito seguinte, em 2010, seu escore baixou para 22 mil votos e nem diploma de suplente lhe foi conferido.

Diante da desanimadora ideia de lançar Rafael, o ex-secretário e reconhecido por seus pares como um bom articulador político do PMDB, Renato Adur, apareceu com outra. Na última reunião do diretório, ele propôs que o partido se esforce para trazer de volta para seus quadros o ex-deputado Gustavo Fruet e o conselheiro (aquele que foi sem nunca ter sido) do Tribunal de Contas, Maurício Requião.

Um na cabeça de chapa, outro como vice (ou como dirigente da campanha), idealiza Adur. Gustavo ainda está no PSDB agarrado a um fio de esperança de que os tucanos o lancem candidato. O mais provável, porém, é que terá de se despedir do ninho e se filiar a outro partido – nunca, entretanto, no PMDB. Fruet tem em mãos a recente pesquisa do Ibope, na qual o instituto perguntou aos entrevistados em que (outro) partido gostariam de vê-lo filiado. O PMDB apareceu como última opção.

Maurício Requião supriria a ausência de Gustavo Fruet no PMDB, tendo de concorrer contra ele e contra a reeleição de Luciano Ducci? As evidências demonstram que, com seu magro histórico político e sofrendo desgastes próprios que se somarão aos que inevitavelmente lhe serão transferidos pelo irmão Roberto, Maurício seria talvez o mais forte candidato a consagrar a vergonha eleitoral do PMDB em Curitiba.

Em resumo: o PMDB de Curitiba parece estar fadado a representar papel de mero figurante em 2012.

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