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Olho vivo

Uma rocha

O novo superintendente do Porto de Paranaguá, Luiz Dividino, pouco mais de um mês após assumir o cargo, decidiu colocar uma rocha no caminho de um grupo empresarial que, em gestões passadas da autarquia, obteve discutíveis vantagens – principalmente na área de infraestrutura – para seus negócios de importação e armazenagem de fertilizantes. Uma reunião realizada ontem não chegou a durar cinco minutos. Terminou quando as partes mal tinham começado a ler a primeira página de um dicionário multilingue de palavras não republicanas.

Maduros

Os Verdes já estão maduros para anunciar seu apoio a um dos candidatos a prefeito de Curitiba. Depois de sentarem à mesa de discussões com todos os candidatos e depois de terem sido tentados a assumir cargos oficiais em troca de sua adesão, os dirigentes do PV se recolheram à meditação. Segundo fonte da legenda, após esse período sabático, eles já teriam tomado sua decisão. Quem apostar que o apoio será para Gustavo Fruet (PDT) tem larga chance de acertar na mosca. O anúncio deve acontecer no máximo até meados da semana que vem. Ou antes.

Dia D

Hoje é um dia crucial para Rafael Greca exorcizar os fantasmas que ameaçam sua candidatura a prefeito pelo PMDB. O partido realiza encontro nacional em Curitiba, de onde Greca espera sair robustecido com o apoio dos notáveis. Enquanto isso, deputados estaduais, que defendem aliança com Luciano Ducci, conversavam ontem à tarde com o prefeito.

Chega a dar pena ver a situação de abandono em que ficou o ex-presidente da Câmara Municipal de Curitiba vereador João Cláudio Derosso. Em fevereiro, ele se viu obrigado a renunciar à presidência da Casa e na última segunda-feira se desligou também do PSDB antes que o botassem porta afora. "Virei um leproso", disse certa vez, em tom profético, o já então combalido político que um dia foi visto como um dos grandes quadros do PSDB curitibano.

A profecia ganhou contornos mais nítidos, ontem, apenas dois dias após a divulgação da carta de desfiliação do partido. Reunidos pela manhã num mesmo evento festivo, o governador Beto Richa e o prefeito Luciano Ducci, embora não possam negar ter sido beneficiários históricos da atuação política de Derosso, não foram suficientemente caridosos ou compreensivos ao serem questionados sobre o companheiro largado no meio da estrada.

Ducci chegou a se irritar quando jornalistas lhe perguntaram se o nome de Derosso esteve cotado para integrar sua chapa como candidato a vice-prefeito antes que aflorassem as denúncias contra o ex-presidente do PSDB local. Ducci negou três vezes: Derosso nunca foi cogitado para a posição, disse ele, acrescentando o detalhe de que até agora não há ninguém definido para a posição. Muitos são os que se oferecem, mas um só será o escolhido, esclareceu o prefeito.

O governador foi além em suas observações sobre o que reconditamente pensa em relação ao antigo correligionário. Em tom de alívio, Richa comparou a desfiliação de Derosso do PSDB a "um fim de novela". Quem é ligado nos folhetins da Globo sabe como é um fim de novela: os bons terminam felizes, os maus recebem o castigo que merecem. Portanto, na novela de Derosso, o bem prevaleceu sobre o mal; os bons venceram o mau – que até há tão pouco tempo fazia papel de mocinho.

Beto Richa, porém, acredita que a novela deveria ter ainda mais um capítulo – um capítulo que registrasse a vitória simbólica de um humilde figurante que raramente apareceu no enredo, a não ser quando ajudou a distribuir cobertores durante a campanha de 2008 e, por isso, foi condenado pela Justiça Eleitoral. Trata-se do suplente Edson do Parolin, que na mesma solenidade realizada ontem no bairro-favela que lhe emprestou o nome, fez inflamado discurso tecendo loas a Beto, Ducci e à "madrinha" Fernanda Richa.

Depois de ouvir o discurso, o governador revelou à imprensa a opinião de que Edson do Parolin, pela liderança que exerce na sua comunidade (4.700 votos na eleição passada), merece assumir uma cadeira na Câmara pelo período restante da Legislatura para mostrar todo o seu valor. Para que o desejo do governador se realize é preciso, no entanto, que o PSDB requisite a cadeira ocupada pelo agora sem-partido João Cláudio Derosso.

A apoteose imaginada pelo roteirista Beto Richa seria ver que Derosso percorreu até o finzinho o seu calvário: perdeu a presidência da Câmara, perdeu o partido ao qual prestou inestimáveis serviços por tantos anos (a ponto de favorecer suas duas eleições a prefeito e depois a governador) e, por fim, vê-lo perder também o mandato de vereador. Sem contar que no roteiro dessa via-sacra, Derosso não encontrou nenhum dos velhos amigos para enxugar-lhe as lágrimas ou para ajudá-lo a carregar a cruz. "Por que me abandonastes?", exclama ele agora em sua agonia.

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