Talvez não exista país no mundo em que a população civil ande tão bem armada quanto a dos Estados Unidos. Qualquer cidadão entra na loja da esquina e sai de lá com a arma que escolher. Isto, segundo estudiosos do assunto, explica a altíssima incidência de morticínios em escolas e locais públicos praticados por solitários tresloucados.
No Brasil, onde a aquisição legal de armas é extremamente difícil, a bandidagem se abastece por meio do contrabando e de assaltos. Aqui, embora os casos de chacinas similares aos norte-americanos sejam raros, a taxa de criminalidade é muito maior: enquanto no Brasil o índice é de 25,2 homicídios a cada 100 mil habitantes, lá é de 3,82.
Há fatores sociais, econômicos, étnicos e culturais, entre outros, que podem explicar tanta diferença, mas tudo põe em xeque a teoria que o comandante da Polícia Militar do Paraná, coronel Maurício Tortato, expôs em entrevista a Gazeta.
Segundo ele, o número de civis mortos em confrontos com a PM – 196 nos dez primeiros meses do ano (10% a mais do que durante 2014) – é elevado porque “cada vez que a polícia se aprimora e chega mais rápido aos locais de ocorrência, aumenta a probabilidade de confronto. O resultado morte não é querido, mas faz parte da atividade. Infelizmente, lidamos com a perspectiva de que as quadrilhas estão cada vez mais armadas”.
Mas daí se pode perguntar: se nos Estados Unidos é absurda a quantidade de armas nas mãos de civis; se lá é também grave o problema de quadrilhas; se são frequentes e explosivos os conflitos raciais; e se a polícia com certeza é muito mais rápida, o que mais poderia explicar o fato de as polícias americanas (todas, no país inteiro) terem matado 222 civis em 2013 e aqui, no Paraná, em 10 meses, terem morrido 196? Registre-se com pesar: quatro PMs também morreram nos confrontos, no legítimo e sempre perigoso dever.
O quadro poderia ser pior se, segundo Tortato, a PM não estivesse, em boa hora, empenhada em combater a subcultura da violência no seio da tropa.
As armas do TJ
De acordo com seu Portal da Transparência, o Tribunal de Justiça do Paraná gastou até outubro R$ 44 milhões em “serviços de vigilância armada e desarmada” de suas instalações, incluindo os fóruns do interior. Pelo dinheiro investido, seria de se supor que todas as dependências estivessem bem guardadas e imunes a assaltantes.
Na prática, porém, não é bem assim: no último fim de semana, três ladrões renderam os vigilantes e saíram com 95 armas apreendidas no Fórum de São José dos Pinhais.
O fato não é incomum: no dia 25 de novembro, um domingo, 291 armas e 270 caixas de munição foram roubadas do Fórum de Colombo. Em março do ano passado, seis ladrões limparam o arsenal guardado em 15 cofres no subsolo do Juizado Especial Criminal de Curitiba. Que, aliás, nem câmeras de vigilância dispunha!
Mesmice 1
As pesquisas pipocam. Para governador em 2018, a Paraná Pesquisas mostra na dianteira os mesmos que dominam a política paranaense há 40 anos: Alvaro Dias, Roberto Requião e Osmar Dias. Os “novos” são Ratinho Jr. e Cida Borgheti, mas com índices bem inferiores aos dos “velhos”.
Mesmice 2
Já o Ibope apurou tendências para a prefeitura de Curitiba em 2016 e apontou também os “mesmos”: os ex-prefeitos Luciano Ducci e Rafael Greca, o atual Gustavo Fruet, outra vez Ratinho Jr. e o novo (porém com sobrenome antigo) Requião Filho.
Meia verdade
Beto Richa disse que, ao fazer o ajuste fiscal, colocou seu “patrimônio político em risco para cuidar bem do Paraná”. Esqueceu de dizer que seu patrimônio se esvaiu quando se descobriu o tamanho do desajuste que provocou nos quatro anos anteriores.
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