Já chegou às mãos do temido procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para que tome as providências devidas, a denúncia contra políticos do Paraná supostamente envolvidos no esquema da empreiteira Valor – aquela que fingia construir escolas e que o governo pagava fingindo que as obras estavam prontas. Cerca de R$ 18 milhões teriam sido desviados.
Oposição geral
São inúmeros os motivos apresentados pelo senador Alvaro Dias para deixar o PSDB (protocolou a desfiliação na última quinta) e entrar no PV. Segundo registrou a Folha de São Paulo de sexta-feira (8), Alvaro diz que agora ficará mais à vontade para fazer oposição ao governo tucano estadual e também ao governo petista federal, com o qual o PSDB vem sendo condescendente.
Verão quente
Coisa para o comando da Polícia Militar apurar: donos de bares e restaurantes do litoral paranaense, com medo de represálias ou sem saber a quem apelar, procuraram a coluna dizendo-se alarmados com a conduta de alguns (poucos, eles reconhecem) policiais que participam da Operação Verão: à noite ou em períodos de folga, sem farda, chegam armados e assumem atitudes que assustam donos, garçons e fregueses. Já houve até registro de saírem sem pagar a conta.
Quem encaminhou o assunto a Janot foi o procurador-geral de Justiça do Paraná, Gilberto Giacoia, após conhecer os termos finais do inquérito conduzido pelo Gaeco. Quinze dos envolvidos, que não têm foro privilegiado, responderão diretamente a um juizado de primeiro grau, no caso a 9.ª Vara Criminal de Curitiba.
Segundo fontes extra-oficiais, no entanto, pelo menos um deputado federal e dois estaduais estariam metidos no esquema até o pescoço. Como têm foro privilegiado e por terem praticado crimes conexos, o destino dos três é andar juntos rumo à PGR, em Brasília.
Resposta do governo
Em nota divulgada neste domingo (10), o governo do estado alega que a saída do cargo do ex-secretário da Educação Fernando Xavier não tem qualquer relação com os procedimentos investigatórios adotados pela Secretaria em relação às irregularidades encontradas na Sude, conforme informado na coluna do jornalista Celso Nascimento deste final de semana.
Segundo a nota emitida pela assessoria de comunicação, Fernando Xavier deixou o cargo a pedido, em meio à greve dos professores. O governo alega ainda que a exoneração do então presidente da Fundepar, Jaime Sunyé, aconteceu em função de suspeitas de seu envolvimento nas irregularidades na Sude noticiadas à época. Segundo publicado na coluna de Nascimento, foi o próprio Sunyé quem denunciou os fatos ilícitos ao secretário da Educação, na época Fernando Xavier.
Caberá a Janot oferecer denúncia ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra os três parlamentares ou apenas contra o detentor do mandato federal; ou, numa segunda hipótese, desmembrar o processo e mandar de volta ao Paraná para que o Tribunal de Justiça acate (ou não) a denúncia contra os dois estaduais.
As investigações, que tomaram o nome de Operação Quadro Negro, foram inicialmente conduzidas pelo Nurce, delegacia da Polícia Civil encarregada da repressão a crimes econômicos. O Gaeco, braço policial do Ministério Público, entrou também na parada e, na última quinta-feira, ofereceu denúncia contra os 15 “bagrinhos”.
O destino dos privilegiados “peixes grandes” – cujos nomes são mantidos sob sigilo – é da alçada da competência do procurador-geral Gilberto Giacoia, que cumpriu o procedimento normal e legal de encaminhar o caso a PGR.
As origens
Tudo começou quando, em março do ano passado, o então presidente da Fundepar, Jaime Sunyé Neto, percebeu estranhos comportamentos de um subordinado, o presidente da Sude, Maurício Jandoi Fanini, que mandava pagar à empreiteira Valor, como se prontas estivessem, por obras de construção de escolas que ainda estavam só no papel. Sunyé denunciou os fatos ao secretário da Educação, na época Fernando Xavier, que abriu a devida sindicância. Estranhamente, Sunyé e Xavier foram exonerados dias depois.
Na sequência da sindicância e, depois, por meio da investigação policial, os participantes do esquema foram identificados. Além de Mauricio Jandoi, foram indiciados os donos da construtora Valor, seus “laranjas”, os engenheiros que faziam falsas medições, e um lobista que facilitava as coisas. São estes os 15 denunciados pelo Gaeco.
No decorrer da Operação, apareceram também deputados que, supostamente, seriam beneficiários do esquema – mas seus nomes são mantidos sob rígido sigilo. O MP também não confirma (nem nega) que são três. O que incomoda parlamentares inocentes.
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