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Olho vivo

Na ata

Está registrado em ata no diretório nacional do PSDB o compromisso firmado entre o senador Alvaro Dias e o prefeito Beto Richa de que o candidato do partido a governador será aquele que melhor estiver colocado em pesquisa de opinião. Para que não haja dúvidas quanto à confiabilidade da aferição, uma "cesta" de institutos será contratada para fazer a sondagem, provavelmente na segunda quinzena de março.

Refisão

A troca do "v" pelo "f" como inicial da palavra "vezes" numa nota publicada nesta coluna quinta-feira deu muito o que valar. A culpa voi da proximidade das duas letras no teclado. O refisor não tefe culpa. Desculpem a nossa valha. Voi infoluntária.

Dois dos principais candidatos ao Senado, oponentes entre si, sofrem as agruras de ter suas cabeças cobiçadas pela guilhotina – tudo porque, em tese, podem atrapalhar planos alheios. Estão nesta situação a candidata do PT, Gleisi Hoffmann, e do PSDB, deputado Gustavo Fruet.

A situação de Gleisi é mais confortável. Ela está aparentemente blindada na posição por vários fatores. O primeiro deles é o apoio direto que recebe do presidente Lula. Segundo, porque é inegável a liderança que exerce dentro do próprio partido – do qual é sua presidente estadual. Terceiro, pela experiência eleitoral enriquecida pelo bom desempenho que teve quando concorreu contra Alvaro Dias em 2006. E, por fim, pelo fato também de ser mulher do ministro Paulo Bernardo, o principal operador político de Lula no Paraná.

Nem por isso, não poucos se assanham com a possibilidade de vê-la fora da disputa pelo Senado – gente, aliás, que sequer esconde esse pretensão. Um deles é o governador Roberto Requião, que até já chegou a verbalizar esse desejo para o próprio presidente Lula como condição para que o PMDB estadual viesse a compor oficialmente uma frente de apoio à presidenciável Dilma Rousseff.

Seu interesse é evidentemente pessoal. Sem a candidata petista na parada, a eleição de Requião contaria com terreno livre para a conquista do segmento do eleitorado que se identifica mais com o PT e com Lula. A divisão deste eleitorado entre Gleisi e Requião pode ser uma ameaça à segurança da eleição do governador.

Orlando Pessuti, candidato peemedebista à sucessão, também propõe a manutenção da aliança do seu partido com o PT – melhor ainda se Gleisi Hoffmann deixar de concorrer ao Senado e compuser sua chapa na condição de vice. Trata-se de um sonho deveras importante – é uma das poucas alternativas com que conta Pessuti para dar corpo à sua candidatura ao governo, até agora sustentada apenas por uma ala pouco convicta e menos luminosa do próprio partido.

O deputado Ricardo Barros, presidente estadual do PP e também pretendente a uma das duas vagas de senador, é outro que acredita ser preciso tirar Gleisi do páreo para facilitar sua própria campanha. Chegou também a apresentar tal proposta em reunião com o conselho político do presidente Lula, na presença deste, como condicionante para a participação do PP no palanque de Dilma Rousseff.

Gleisi, no entanto, está tranquila e acelera seus contatos no interior do estado. Nos últimos seis meses, percorreu quase 200 municípios, nos quais costuma realizar reuniões numerosas sobretudo com o público feminino. Sabe, também, que caminhará no embalo da máquina que será posta em marcha em favor de Dilma e com o empenho pessoal do presidente Lula na sua eleição – seja lá quem for o candidato a governador que o PT venha a lançar ou apoiar no Paraná.

Já em relação a Gustavo Fruet o cenário se apresenta mais pedregoso. O vale-tudo imaginado por alguns tucanos do grupo do prefeito Beto Richa, que acham estratégico firmar aliança com o PMDB, inclui oferecer a cabeça do mais votado deputado paranaense numa bandeja para oferecê-la em troca do apoio peemedebista ao can­­didato tucano ao Palácio Iguaçu. Nesse caso, o PSDB, firmado esse acordo de baixos teores éticos, nem lançaria candidato ao Senado.

Outra vez o mais aquinhoado com a oferenda seria Requião, que não teria de enfrentar Fruet na disputa pelo Senado. Não é pouca coisa, pois ficaria órfã de candidato ao Senado uma grande parcela do eleitorado paranaense que se identifica com a oposição, rejeita Requião e se recusa a votar no PT. Ganham também o presidenciável José Serra e Beto Richa. Ambos se beneficiariam do racha peemedebista liderado por Orestes Quércia, de quem Requião é colaborador.

Fruet não desconhece e nem está indiferente à sabotagem contra o seu nome. Por enquanto, porém, mantém-se calado. Acredita que ainda não é hora de reagir, pois definições sérias e imutáveis só acontecerão a partir de março, quando Beto Richa decidirá entre ser candidato a governador ou permanecer na prefeitura.

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