Olho vivo
A missão
O governador Roberto Requião, acompanhado de dois conselheiros do Tribunal de Contas, viajou às pressas para Brasília, ontem à tarde. Missão (impossível?): reverter a decisão do STF que mandou Maurício Requião esperar em casa a definição judicial sobre o direito de voltar para o TC.
Poluição
Um levantamento feito pelo Crea (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura) há alguns meses apontou gravíssima situação quanto ao destino do esgoto de Curitiba. Inexistência de rede em locais populosos e ligações clandestinas são responsáveis por um processo de poluição dos rios e do lençol freático altamente preocupante. O estudo do Crea apontaria a Sanepar como a maior responsável pelo problema, mas não absolve a prefeitura de responsabilidade, no mínimo por omissão. Ontem, aproveitando uma sessão especial dedicada ao Crea, na Assembleia, o deputado Ney Leprevost desafiou o presidente do Conselho, Álvaro Cabrini, que ocupava a tribuna, a falar sobre o assunto.
Em perigo
Uma decisão do STJ coloca em risco a validade das multas de trânsito aplicadas pela Urbs em Curitiba: a corte mandou que a BHTrans, congênere da Urbs de Belo Horizonte, pare imediatamente de fiscalizar o trânsito e multar infratores. O argumento jurídico é o de que empresas de economina mista (caso da Urbs) não têm poder de polícia exclusividade do Estado. Os fundamentos da decisão mineira podem ser invocados para a situação curitibana.
Pouca gente notou, mas a entrevista que o governador Roberto Requião concedeu à revista Carta Capital contém o preço que ele cobra para aderir à frente ampla que o PT quer montar no Paraná em apoio a Dilma Rousseff. O preço é, nada mais nada menos, de que o PT retire a candidatura de Gleisi Hoffmann ao Senado.
Pode até parecer uma interpretação exagerada, mas, pensando bem, o que ele quis dizer com esta frase, reproduzida da entrevista?
"Não sou contra um acordo com o PT, apesar do comportamento deles aqui no Paraná (que costuram apoio a Osmar Dias, do PDT). É um acerto que só tem um objetivo aqui: abrir uma vaga para o Senado a um nome do PT."
Tentemos traduzir o raciocínio de Requião:
- A vaga para o Senado a que Requião se refere é a que será deixada pelo senador Osmar Dias, que não vai concorrer à reeleição para disputar o governo.
- Com isso, abrem-se duas vagas a de Osmar e a outra pelo término do mandato do ex-petista Flávio Arns.
- São três os candidatos mais fortes às duas vagas: pela esquerda vinculada ao governo Lula, Requião e Gleisi; pela oposição, vinculada ao presidenciável José Serra e ao PSDB e aos demais partidos mais à direita, o deputado Gustavo Fruet.
- Requião imagina que as oposições ao seu desgastado governo, ao lulismo e ao PT deverão descarregar seus votos na chapa tucana. No caso, Fruet poderá fazer votação suficiente para se eleger.
- Considerando tal possibilidade, contra a qual pouco pode fazer, o adversário mais direto de Requião será Gleisi Hoffmann e não Gustavo Fruet.
- Requião sabe que a máquina da campanha de Dilma e o prestígio de Lula serão direcionados para eleger Gleisi Hoffmann. Logo, não é improvável que Requião amargue um terceiro lugar ou uma apertadíssima eleição experiência terrível que ele já sofreu em 2006, quando derrotou Osmar Dias por míseros 10 mil votos.
- Assim, se quiser folga, tranquilidade e caminho livre para fazer uma votação expressiva, Requião acredita que o melhor é que o PT não lance candidato para o Senado. Ao contrário, quer que o PT, Dilma e Lula derramem suas bênçãos exclusivamente sobre a sua própria candidatura.
Em troca, fingirá apoio ao candidato do PMDB, o vice-governador Orlando Pessuti e liberará o resto do partido principalmente os deputados ameaçados de não se reeleger para integrar-se às campanhas que melhor lhes aprouverem. Como se sabe, há dentro do PMDB quem prefira ligar-se a Beto Richa ou a Alvaro Dias e há, também, os que acham melhor para si próprios aderir a Osmar Dias. Poucos, hoje em dia, acreditam que Pessuti possa lhes favorecer a reeleição.
O recado do governador não foi dado apenas na entrevista. Já o transmitiu ao próprio presidente Lula. Até agora não recebeu de volta nenhum eco. E o mais provável é que não receberá. Mas não custa tentar.
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