"Viúvas do talvez; órfãos do quem sabe". Centenas de órfãos e viúvas de servidores da prefeitura de Curitiba vivem situação semelhante à descrita nesse trecho do histórico discurso que levou à cassação do então líder do MDB na Câmara Federal, o deputado paranaense Alencar Furtado, em 1977. Ele denunciava o drama das famílias de "desaparecidos" – que não sabiam se vivos ou mortos – que lutavam contra o regime militar.

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A diferença agora é que, embora servidores da prefeitura tenham realmente morrido como comprovam os atestados de óbito, suas viúvas e órfãos vivem a angústia da dúvida: "quem sabe" ou "talvez" venham a receber a indenização do seguro de vida que seus maridos e pais contrataram com a Previsul Seguradora, pois já somam R$ 5 milhões as indenizações em atraso desde agosto do ano passado.

Embora o contrato de seguros não seja feito pela Administração Direta (a prefeitura atua apenas como anuente em contratos firmados voluntariamente pelos próprios servidores), já nos seus primeiros dias, em janeiro, a atual gestão decidiu determinar a substituição da seguradora. Para tanto, promoveu um processo de chamamento, sistemática mais simples do que a concorrência pública – mesmo porque entendia que, não sendo contratante, mas apenas responsável pelo desconto em folha das mensalidades, não era cabível a concorrência. Apesar do grande número de reclamações e dos processos de inspeção a que já vinha sendo submetida, a Previsul se inscreveu no edital, mas foi desclassificada. Em seu lugar, assumiu a carteira a Tokyo Marine Seguros.

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Ao mesmo tempo, a Superintendência de Seguros Privados (Susep) comprovava as pendências e declarava a Previsul inidônea para atuar no mercado – mas ainda assim a seguradora conseguiu dois feitos notáveis. O primeiro foi no Tribunal de Contas ao obter do corregedor Ivan Bonilha a anulação do edital de chamamento, aquele por meio do qual a prefeitura tentou enxotar a empresa do sistema. O segundo feito obteve perante o juiz da 1.ª Vara da Fazenda Pública, Marcel Rotoli de Macedo, que, em decisão liminar, determinou a prorrogação dos contratos que a Previsul mantinha. Provas da inadimplência e da inidoneidade não foram suficientes para convencê-lo em sentido contrário.

Enquanto isso, pelo menos 150 indenizações (de seguro de vida e de auxíliofuneral) não foram honradas nos últimos oito meses. Considerando-se que para cada caso sempre há mais de um dependente, conta-se já às centenas o número de beneficiários prejudicados em seus direitos. Viúvas e órfãos esperam que o TC e a Justiça – "quem sabe", "talvez" – revejam suas posições – antes que continue crescendo o exército de vítimas do que os juristas classificariam como estelionato.

(olho vivo)

Alvoroço 1

Gabinetes do Palácio Iguaçu agitam-se com a circulação dos resultados de uma pesquisa feita em Curitiba pelo FSB – instituto que, embora menos conhecido que o Ibope, costuma ser contratado por grandes empresas (especialmente multinacionais) para aferir tendências da opinião pública em várias áreas, inclusive política. Os dados revelados geraram alvoroço no principal endereço do Centro Cívico.

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Alvoroço 2

Segundo o FSB, a administração do governador Beto Richa era aprovada por 59% da amostra de 1.000 curitibanos entrevistados em 2012. Um ano depois, isto é, em março último, os que classificaram a gestão como ótima e boa caiu para 41% – uma queda de 18 pontos porcentuais. O índice dos que consideram a gestão apenas como regular subiu de 30% para 35%. Na categoria ruim/péssimo, o porcentual também subiu de um ano para o outro, de 9% para 17%.

Feliciano II

O vereador Chico do Uberaba (PMN), autor do projeto que concede cidadania honorária ao pastor Silas Malafaia, enfrenta com muita galhardia a reação dos que acham que a homenagem não deve ser prestada em razão de suas posições homofóbicas. Coincidentemente, Chico do Uberaba é presidente da Comissão de Direitos Humanos, Defesa da Cidadania e Segurança Pública da Câmara de Curitiba – posição congênere à ocupada na Câmara Federal pelo deputado Marco Feliciano. Pelos corredores, o vereador é chamado de Feliciano Segundo.

Largada

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O PSDB do Paraná elege nova direção neste domingo: retorna à presidência do partido o deputado Valdir Rossoni, que ocupava a vice de Beto Richa. A convenção deve marcar o início da reorganização da legenda com vistas à eleição de 2014.

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