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Olho vivo

Agenda 1

Apesar dos insistentes pedidos, o governador Beto Richa não encontrou espaço na sua agenda, desde que reassumiu o governo na última segunda-feira, para receber em audiência o presidente da Câmara Municipal de Curitiba, vereador João Cláudio Derosso. Além de questões partidárias (Beto é presidente estadual e Derosso municipal do PSDB), outro assunto que seria tratado dizia respeito à conveniência de o vereador renunciar à presidência do Legislativo curitibano.

Agenda 2

Sem poder ouvir a opinião de Beto, Derosso ficou com o conselho de seus advogados: não renunciar. Assim como não renunciaram os senadores Renan Calheiros e José Sarney e o deputado Nelson Justus quando acossados por denúncias.

Durma-se

Clóvis Rogge é o inspetor-geral da fiscalização da Receita Estadual. É dele que partem as ordens para que os fiscais inspecionem empresas contribuintes. De fiscal, Clóvis virou fiscalizado: quando suas equipes fizeram devassas em estabelecimentos de Maringá, ele foi acusado de perseguir amigos do secretário Ricardo Barros, candidato de oposição à presidência da Federação das Indústrias. Foi difícil demonstrar que não. Agora, depois que as ações se concentraram em Curitiba e região, a acusação partiu do outro lado: ele estaria perseguindo empresas simpáticas à chapa de situação. Durma-se com um barulho desses.

Quem estiver interessado em saber que rumo podem tomar, no Paraná, as eleições de 2012 e 2014 que passe a seguir as pegadas mais fortes que o PT começa a deixar pelo caminho. Os primeiros e mais decisivos rastros ficaram marcados na reunião noturna que o partido fez na última quinta-feira, quando uma penca dos seus mais influentes e dominantes filiados orientou para a direção que a militância deve to­­mar.

O pretexto do encontro promovido pela tendência Cons­­­truindo um Novo Brasil – a ala mais poderosa dentre as várias, à esquerda e à direita, em que se divide a legenda – foi o de lançar o nome do deputado Ângelo Vanhoni como candidato à prefeitura de Curitiba. Com isso, deu o primeiro e mais forte recado: que as minorias simpáticas à candidatura própria não se alvorocem tanto nem criem dificuldades para a realização de um projeto que vai além da conquista da prefeitura em 2012.

Na verdade, o lançamento de Vanhoni serviu apenas para marcar território, sobre o qual não devem avançar as minorias que pensam em apoiar os deputados Dr. Rosinha e Tadeu Veneri, que já há meses batalham para ocupar a vaga de candidato a prefeito pelo PT. Va­­nhoni, ao contrário, está ao lado dos que mandam no partido no estado e se a ordem for para que, no fim das contas, não seja candidato, ele estará disposto a obedecer.

Conquistar a prefeitura é apenas a primeira etapa do projeto maior, que é manter Dilma Roussef na Presidência por mais quatro anos e eleger a senadora Gleisi Hoffmann, atual chefe da Casa Civil, para o governo do estado. Para realizar esse projeto, o entendimento dos manda-chuvas é absolutamente pragmático: mais importante do que concorrer com um petista inviável à prefeitura é derrotar na capital o predomínio do PSDB e do governador Beto Richa.

Isto significa que a estratégia petista é a de fazer o possível para evitar a reeleição do prefeito Luciano Ducci e de colocar em seu lugar alguém que contribua para reeleger Dilma e eleger Gleisi em 2014. Até pode ser, de fato, o deputado Ângelo Va­­nhoni, mas a perspectiva mais forte no momento é a de sacramentar o ex-tucano Gustavo Fruet como opção preferencial.

Isso não é novidade. Desde que, há oito meses, Fruet emitiu os primeiros sinais de que não ficaria no PSDB, o PT lançou sobre ele seu olho gordo. E agora, com Fruet prestes a se filiar a uma legenda integrante da base de Dilma (o PDT, provavelmente), tornou-se ainda maior a possibilidade de o PT vir a apoiá-lo já no primeiro turno. A avaliação que se faz no momento é que ele teria mais chance de derrotar o esquema político de Beto Richa em Curitiba do que qualquer candidato próprio do PT. O que seria o primeiro e mais significativo passo para levar Gleisi ao governo e facilitar a vida de Dilma Roussef.

Com esse raciocínio concorda integralmente o deputado Ângelo Vanhoni, assim como todos os demais petistas de alto coturno que participaram da reunião de quinta-feira – dentre os quais, e o mais entusiasmado, o presidente da Itaipu Binacional, Jorge Samek. O ministro Paulo Bernardo, marido de Gleisi e um dos mentores da estratégia, estava também presente – mas apenas em espírito...

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