O evento era importante e, portanto, merecia ser o palco das mais grandiloquentes manifestações em prol do futuro do Brasil afinal, Doático Santos estava sendo reeleito presidente do diretório municipal do PMDB. Eleitor de Doático, o governador Roberto Requião aproveitou a vistosa ocasião para falar à nação para até, quem sabe, convencer o povo que ele, se for presidente, pode transformar o Brasil num grande Paraná.
Disse ele textualmente no discurso que fez sábado no diretório do PMDB curitibano:
"Gostaria muito que o programa nacional do PMDB repetisse algumas coisas que fizemos aqui no Paraná, a luta pela valorização do estado e das empresas públicas e isto tudo tem um resultado bastante interessante."
A afirmação foi feita a propósito de sua discordância quanto aos acertos realizados pela cúpula do partido com o PT e com o presidente Lula, na última terça-feira. Por este acordo de cúpula, o PMDB apoia a candidata petista Dilma Rousseff e, em troca, ganha a posição de vice em sua chapa. Ele até admite que as contingências políticas levem a tal resultado, mas quer, antes, que o PMDB discuta uma candidatura própria (a dele?) e que discuta um programa de governo.
Nesse caso, segundo sugere, um programa bem parecido com o que seu governo realiza no Paraná e que teve "um resultado muito interessante" muito embora o resultado mais interessante seja o fato de o estado ter crescido menos que a média nacional e perdido posições em relação a outras unidades da federação.
O governador quer começar a debater já as questões que colocou em seu discurso. E para tanto convocou para o dia 21 de novembro uma reunião em Curitiba dos "militantes do velho MDB de guerra do país inteiro".
As coisas não podem ser decididas da maneira como aconteceu em Brasília isto é, entre comensais em torno de um frango e algumas garrafas de vinho. É preciso, primeiro, que as bases partidáras discutam uma plataforma de governo para ser levada à convenção nacional, assim como a conveniência de ter um nome próprio disputando a Presidência da República.
Democraticamente, contudo, admite abrir o debate: "Na convenção nacional, estamos abertos sim, ou para lançar um candidato próprio ou para fazer uma composição em cima de arranjos consequentes na política nacional", afirmou Requião.
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Olho Vivo
Copel 1
Se você é consumidor de energia elétrica e não paga a conta no fim do mês, o que acontece? A Copel vai lá e corta a luz da sua casa um constrangimento que se soma à vergonha de os vizinhos acharem que você é caloteiro. Pois não é que a Copel também não quitou uma conta de luz e, por isso, acaba de ser condenada pela Justiça a pagar nada menos de R$ 60 milhões para duas pequenas usinas que durante oito meses forneceram energia para a Copel? O caso é um dos exemplos de como custa caro desrespeitar contratos coisa comum no Paraná.
Copel 2
A história começa em 2002, no governo Lerner, quando a subsidiária Copel Distribuidora contratou o fornecimento das hidrelétricas Rio Pedrinho (Guarapuava) e Salto Natal (Campo Mourão). Iniciado o governo Requião, em maio de 2003 a Copel rompeu o contrato e não pagou a conta. A proprietária das usinas, a Brascan, valeu-se, então, de uma cláusula contratual que previa que os conflitos seriam arbitrados pela Fundação Getúlio Vargas, que comprovou, em 2005, o valor da inadimplência da Copel. A Copel recorreu à Justiça e perdeu em todas as instâncias.
Copel 3
Na semana passada, o juiz da 3.ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba deu por encerrada a pendenga, conforme está nos Autos 28.996/00, confirmando a condenação da estatal a pagar a fatura, calculada pela FGV em R$ 60 milhões. Na mesma decisão, o juiz mandou bloquear também R$ 27,4 milhões nas contas bancárias da Copel para garantir parte do pagamento.
Copel 4
O presidente da Copel Distribuidora, por ocasião do rompimento, era o atual presidente geral, Rubens Guilardi que hoje reconhece a velha conta, mas tenta agora fazer um acordo para não desembolsar a fortuna. A proposta é transferir ao credor alguns ativos da Copel a título de pagamento parcial da dívida licenças ambientais e participação acionária em outras pequenas centrais hidrelétricas. A proposta encontra resistências, porque os ativos não valeriam tanto quanto a Copel afirma.