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Beto e Dilma, caminhos inversos

O Ibope também captou que a avaliação da administração do governador Beto Richa sofreu leve abalo: a aprovação popular caiu quatro pontos porcentuais, de 67% para 63%. Os que classificavam sua gestão como ruim ou péssima aumentaram de 6% para 10% de um ano para o outro. Caminho inverso fez a presidente Dilma Rousseff, que de 55% passou para 62% dos curitibanos que se declararam satisfeitos com seu governo. Praticamente não houve variação no item ruim/péssimo atribuído a Dilma: a pontuação negativa caiu de 11% em 2011 para 10% em 2012.

* A pesquisa do Ibope, encomendada pela Rádio CBN/Curitiba, está registrada no Tribunal Regional Eleitoral sob protocolo de número 0001/2012, abrangendo 812 entrevistados no período de 27 a 29 de março, com margem de erro de 3%.

Não se sabe o motivo, mas embora estivessem disponíveis desde o início, alguns dados da pesquisa Ibope/CBN sobre a disputa pela prefeitura de Curitiba, divulgada no começo do mês, não constavam do relatório distribuído à imprensa. Tais dados diziam respeito à imagem que a população faz das administrações da presidente Dilma Rousseff, do governador Beto Richa e do prefeito Luciano Ducci. O acesso aos dados integrais é fácil: basta entrar no site do Ibope e encontrar o link correspondente à última pesquisa.

E ao se analisar os números de cada um, comparando-as com a pesquisa anterior (divulgada em maio de 2011) do mesmo instituto, desvenda-se um pouco melhor a dificuldade que o atual prefeito vem encontrando para alavancar seu projeto de reeleição. Em abril do ano passado, quando completava poucos meses à frente da administração municipal, Ducci alcançava um índice de aprovação de 67%; em março de 2012, já com dois anos de gestão, a aprovação ao seu desempenho caiu para 57% – dez pontos porcentuais a menos.

Em 2011, os entrevistados do Ibope foram convidados a responder se confiavam ou não em Luciano Ducci. Na época, 60% diziam confiar e 21% que não confiavam. Um ano depois, os números pioraram: a sondagem mais recente indica que os eleitores que confiam somam 50% e os que não confiam, 39%.

Duas questões administrativas apareceram com maior peso para que o índice de aprovação tenha diminuído nesse período: saúde pública e segurança. A insatisfação com os serviços de saúde aumentou de 58 para 73 pontos; com a segurança, de 66 para 69, o que denota a tendência dos eleitores de entender como de responsabilidade do município um setor que compete ao governo do estado. Em compensação, a farta pavimentação de ruas e calçadas ajudou a segurar o aumento da desaprovação: em 2011, 25% dos entrevistados diziam-se insatisfeitos neste quesito, mas em 2012 os insatisfeitos diminuíram para 18%.

Somados ao fato de que no espaço de um ano o índice de rejeição a Ducci aumentou de 19% para 31%, os demais resultados podem conter também a explicação para a baixa performance de Luciano Ducci frente aos seus dois principais adversários na eleição deste ano, embora inexperientes no campo administrativo. Em todos os cenários, Ducci aparece com índices variáveis entre 16% e 22%, ao passo que os resultados médios atribuídos a Gustavo Fruet (PDT) e Ratinho Jr. (PSC) situam-se em 32% e 27%, respectivamente.

Tranquilo, Ducci mantém a esperança

O prefeito, porém, vê os números adversos com naturalidade. Para ele, a população ainda demonstra pouco interesse pelo embate eleitoral deste ano e diz esperar que, durante a campanha – que só se iniciará efetivamente em agosto –, as posições se alterem a seu favor. Além disso, prossegue no seu esforço de ampliar a base de apoios, com a atração de outras forças políticas que se agreguem ao prestígio que já recebe de Beto Richa.

Uma de suas esperanças é trazer para sua aliança pelo menos mais dois partidos expressivos, o PV e o PMDB. Com relação a este já conta com a simpatia da bancada estadual de deputados, mas ainda encontra a resistência do senador Roberto Requião, presidente do diretório municipal da legenda, que mantém a defesa da candidatura já lançada de Rafael Greca.

Na semana passada Ducci jantou em Brasília com Requião (a quem, aliás, apoiou na eleição que o reelegeu governador em 2006 enfrentando Osmar Dias). Ducci ouviu dele a reafirmação de apoio a Greca, mas também entendeu como uma abertura de porta o fato de Requião ter-lhe recomendado que procurasse diretamente o candidato para tentar convencê-lo a desistir da disputa – dando a entender que, caso tivesse sucesso, o PMDB poderia selar sua adesão. Não se tem notícia, porém, de que contatos já estejam sendo travados entre ambos e muito menos que Greca se disponha ao sacrifício sem compensações de caráter político.

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