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Olho vivo

Perguntas 1

Alguém com dois neurônios é capaz de perguntar: se já não houvesse o compromisso de comprar uma draga previamente escolhida, em algum lugar do planeta, por que publicariam o edital de licitação internacional em pequenos jornais do interior do Paraná? Nesse caso, também, faltando apenas 15 dias para a abertura das propostas, por que, somente agora publicar o edital na imprensa estrangeira? É assunto para o Ministério Público e a Polícia Federal buscarem as respostas. Ou mesmo para o governador Roberto Requião na "escolinha" desta terça-feira.

Perguntas 2

O governador – ou o superintendente da Appa, Daniel Lúcio – poderá explicar também se, formalizada a compra da draga no próximo dia 29, já há tripulação concursada para operar o equipamento. Segundo o edital, a tripulação paranaense deverá ser treinada a bordo da draga em sua viagem de algum lugar para Paranaguá. Mas, como se sabe, a legislação manda realizar concurso público para contratar servidores públicos.

Vetor

Não se sabe que efeito prático terá a providência, mas o diretório municipal do PMDB, comandado por Doático Santos, vai fazer convenção dia 24 para lançar a chapa Orlando Pessuti/Roberto Requião para o governo e Senado, respectivamente. Segundo Doático, "Orlando Pessuti será o vetor da mobilização da militância."

O metrô de Curitiba sai ou não sai até a Copa de 2014? Este, pelo menos, é o compromisso assumido pelo prefeito Beto Richa para que a cidade figurasse entre as sedes brasileiras de jogos da competição. É verdade que providências estão sendo tomadas.

No momento estão sendo executados estudos e projetos de engenharia e de impacto ambiental – preparativos para o projeto executivo do primeiro trecho, a Linha Azul, de 13 quilômetros, ligando o Pinheirinho ao centro. Até o próximo dia 31 estará na internet uma consulta pública que, segundo a prefeitura, servirá de base para a elaboração do edital de concorrência para a formação de uma PPP – Parceria Público Privada.

Só depois disso, se tudo der certo e se não houver (como costuma acontecer nas licitações da prefeitura) percalços judiciais é que, hipoteticamente, se poderá pensar em iniciar as obras.

Pensar, porque a PPP não resolve todo o problema. O custo da obra está estimado em R$ 2 bilhões, a ser coberto, hipoteticamente, pelos cofres da prefeitura, 32% pela iniciativa privada (PPP) e os 50% restantes, hipoteticamente, pelo governo federal. Tudo ainda é hipotético, porque ninguém combinou com o "joão", como diria Garrincha. No caso, o "joão" principal é o governo federal, que ainda espera estudos e propostas oficiais e concretas para, só então, ver se é viável sua participação no empreendimento nesse nível ou em qualquer outro nível.

E não é só isso: o governo federal, via ministro do Plane­­jamen­­to, Paulo Bernardo, já avisou que não porá esse dinheiro no jogo se não souber antes, quem, afinal, vai administrar o tal metrô. A iniciativa privada, que está sendo chamada a bancar só 32% do investimento previsto? Se for assim, nada feito. Haverá também necessidade de aportes internacionais de capital, coisa que não se faz de um dia para o outro, ou até de um ano para o outro.

Como se vê, ainda há muito buraco grande a ser tapado nesse projeto do metrô – hoje ainda mais uma boa peça para animar a torcida (e os empreiteiros) do que, propriamente, um fato concreto a ser comemorado na Copa de 2014.

Uma voz do contra

Enquanto isso, o ex-prefeito de Curitiba (por três gestões) e ex-governador (por duas) Jaime Lerner rompe novamente o silêncio para, nas entrelinhas de um artigo publicado na Gazeta do Povo, criticar a ideia do metrô curitibano – condenação que ele estende a quaisquer outras cidades do mundo. "Vende-se a ideia de que só o metrô poderia resolver essa confusão fenomenal (excesso de carros nas ruas). E aí aparecem os 'vendedores' de sistemas enterrados a abastecer a mente dos prefeitos com essa solução", diz Lerner.

Segundo ele, Curitiba transporta 2,3 milhões de passageiros/dia em seu sistema em superfície, com ônibus biarticulados e canaletas exclusivas, "mais ou menos o mesmo que o metrô de São Paulo, ou o metrô e o trem de subúrbio do Rio de Janeiro, juntos". Em vez do metrô, ele defende melhorias no mesmo sistema que implantou na década de 70.

Mas reconhece a dificuldade: "Ah, sim! Aí vem a pressão! Sem metrô, o Brasil não irá sediar a Copa do Mundo. Como se o técnico dessa solução de mobilidade fosse o Dunga."

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