Policiais militares do Paraná não entendem por que justamente o Hospital da Polícia Militar (HPM) foi o escolhido pela Secretaria Estadual da Administração para prestar assistência à saúde dos 120 mil servidores públicos da região metropolitana prejudicados com o fim do contrato que o SAS mantinha com a fundação mantenedora do Hospital São Vicente. Por falta de repasses do governo, há anos o HPM vem sofrendo um processo de sucateamento, que reduziu a menos de 30% sua capacidade de atender o público de 80 mil PMs e suas famílias com os quais tem compromisso.
O convênio do SAS com o São Vicente, expirado no último dia 27, não foi substituído por contrato com nenhuma outra entidade hospitalar. Faltaram interessados em participar da licitação que fora marcada para 10 de outubro. Sem outra solução à vista, o governo decidiu eleger em caráter de emergência e por curto prazo o Hospital da PM para, hipoteticamente, não interromper os serviços de atenção à saúde dos servidores lotados em Curitiba e outros municípios da região.
Lideranças da corporação, no entanto, reclamam que os setores responsáveis da PM nem sequer foram consultados nem se lhes foram pedidos esclarecimentos sobre as condições em que se encontra o hospital aliás, a mesma descrita por esta coluna em setembro do ano passado. Nada mudou desde então.
Já naquela ocasião, apenas 30% da estrutura do hospital estava em operação, com quadro de funcionários escasso e equipamentos sucateados ou misteriosamente desaparecidos ao longo dos oito anos anteriores. Durante esse período, R$ 23 milhões que compunham as reservas do sistema de saúde da corporação viraram uma dívida de R$ 6 milhões com fornecedores e prestadores de serviço. E nem mesmo um aumento da contribuição descontada nos contracheques dos policiais (de R$ 5 para R$ 50, no caso de soldados) era suficiente para devolver a normalidade ao funcionamento da unidade.
Segundo relatavam profissionais do hospital, empresas de insumos médicos e laboratoriais se negavam a atender novos pedidos. Médicos especialistas haviam abandonado o serviço após meses sem receber salários. O laboratório de análises próprio estava quase paralisado. Aparelhos de última geração e de custos altíssimos foram transferidos para um hospital privado aliás fechado em seguida pela Vigilância Sanitária!
Diante desse quadro, o coronel da reserva Justino Sampaio, que preside o conselho de usuários do fundo de assistência que partilha a administração do hospital, aponta ilegalidades no anúncio unilateral do governo de que os serviços do HPM serão estendidos a todos os funcionários públicos. Segundo ele, não há ociosidade no hospital, segundo informou o governo.
"O que há é que o HPM está funcionando muito precariamente por falta de recursos de toda ordem, excetuando aqueles oriundos da comunidade (2%), portanto não está com capacidade ociosa, como foi afirmado", assegura o coronel Justino em nota oficial apoiada por outras associações que representam os PMs. A mesma nota informa que essas entidades estão prontas a intervir para garantir os direitos dos policiais.
Olho vivo
Efeito Adepol 1
Reina inquietação em meios importantes da Polícia Civil. Coincidência ou não, o fato é que delegados que participaram ou apoiaram as duas chapas derrotadas na eleição para a diretoria da Associação dos Delegados de Polícia do Paraná (Adepol), realizadas no dia 8 passado, estão perdendo funções no âmbito da Polícia Civil. Caso típico é o da delegada de Homicídios, Maritza Haisi, que perdeu o posto e ainda não foi designada para nova função. Situação semelhante alcança outros delegados da capital e do interior.
Efeito Adepol 2
Três chapas concorreram à Associação, uma delas encabeçada pelo delegado Kiiochi Hatanda, que supostamente contou com forte apoio da cúpula da Secretaria da Segurança. Divididas, foram derrotadas as outras duas chapas, lideradas pelos delegados Luiz Alberto Cartaxo e Ricardo Noronha, embora tenham somado juntas mais votos que a de Hatanda.
Efeito Adepol 3
A Secretaria da Segurança nega qualquer vínculo entre a vitória de Hatanda e os deslocamentos de policiais que passaram a acontecer e assegura que a "ciranda" de delegados é rotina na administração. Entretanto, colegas da delegada Maritza Haisi estranham ter sido ela uma das primeiros atingidas pelas mudanças, lembrando que a delegada vinha sendo elogiada pelo projeto de criação de uma divisão especial de homicídios, com alcance estadual, visando frear o crescimento das taxas de criminalidade.
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