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Na pesquisa de largada para a eleição ao governo do estado, o Datafolha/RPC, divulgado na última sexta-feira, confirmou a polarização da disputa entre o governador tucano Beto Richa (que busca se reeleger) e o senador Roberto Requião, do PMDB, que empreende sua quinta tentativa de chegar ao Palácio Iguaçu, três delas já bem sucedidas.

Com 39% e 33% das preferências do eleitorado respectivamente, considera-se que os dois candidatos estão empatados, uma vez que a margem de erro de 3% (para mais ou para menos) pode significar que estão ainda mais próximos um do outro do que se imagina. Já a candidata do PT, senadora Gleisi Hoffmann, com 11% das intenções, amarga um distante terceiro lugar, ainda que a margem de erro lhe fosse favorável.

Não há dúvida de que esta primeira pesquisa retrata com precisão o chamado "fator Requião". Richa não o queria candidato e tudo fez para atrair o PMDB para a sua aliança, contando com a ajuda da maioria dos deputados estaduais da legenda. Não deu certo: a convenção peemedebista de junho acabou por consagrar a candidatura de Requião e repelir a acalentada aliança com os tucanos.

Com a inesperada (para ele) decisão do PMDB, Richa perdeu a chance de disputar apenas com a candidata petista Gleisi Hoffmann e com figurantes nanicos. O pleito, então, seria decidido já no primeiro turno. Era tudo quanto Beto mais queria, acreditando no favoritismo natural que normalmente cerca os candidatos à reeleição.

Portanto, para ele, o "fator Requião" representava um perigo a ser evitado. Já o PT e sua candidata viam efeitos benéficos na entrada de Requião. Com ele no páreo, o pleito fatalmente seria levado ao segundo turno e a expectativa era de Glesi suplantá-lo e ser levada a enfrentar Richa no segundo turno. Com a vantagem de herdar os votos dos eleitores órfãos de Requião. A primeira pesquisa Datafolha não confirma a expectativa que o PT alimentava – o que, no entanto, não necessariamente deva ser visto como um cenário imutável.

A eleição de Gustavo Fruet à prefeitura de Curitiba, em 2012, é um bom exemplo do quão mutável é um quadro de disputa eleitoral: nas primeiras sondagens, Fruet aparecia num modesto terceiro lugar, bem atrás de Ratinho Jr. e de Luciano Ducci, que concorria à reeleição com o apoio do Palácio Iguaçu. Até a véspera do primeiro turno, Fruet era tido como derrotado. As urnas, no entanto, mostraram o contrário: foi Ducci que amargou o terceiro lugar. No segundo turno, Gustavo derreteu o favoritismo de Ratinho.

Sobre rejeição

Além dos índices de preferência que os deixam tão próximos um do outro, há outra questão que não deve ser relevada: eles também quase empatam no quesito rejeição. São duas as surpresas: pensava-se que Requião repetiria seu histórico de rejeição que rondava os 40%, mas o Datafolha de sexta-feira mostrou que seu índice atual é de 27%. A outra surpresa foi saber que quase um quarto dos eleitores (23%) se recusa a votar em Beto Richa. A rejeição a Gleisi Hoffmann também não é baixa, 17%, assim como Gustavo Fruet que, embora sempre figurasse em 3.º lugar nas intenções de voto, era o menos rejeitado frente a Ratinho e Ducci.

Há uma outra questão intrigante que merece ser examinada: por que Requião conseguiu mostrar tanta musculatura nesta pesquisa inicial? Uma explicação que soa plausível é que isto se deva a um erro da estratégia política de Beto Richa. Constantemente, o governador o "chama para a briga", o que dá ao adversário o melhor alimento de que precisa para manter sua notoriedade: inimigos a quem combater e a admiração de quem ainda acredita em sua pretensa coragem.

E mais: o contraponto desta estratégia equivocada do PSDB ficou simbolizada no índice de rejeição ao próprio Beto Richa. Na mesma medida em que o governador e seus aliados peemedebistas passaram a atacar Requião, receberam de volta a acidez venenosa que o velho senador é capaz de destilar. A campanha está só começando. Será uma das mais curtas da história – e, por isso mesmo, disputada como numa corrida entre "velozes e furiosos". Quando é assim, tudo pode acontecer – incluindo desastres em lugares e formas de um jeito que ninguém imagina. Esperemos para ver, principalmente a partir dos programas eleitorais (começam terça-feira) e dos debates televisivos.

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A pesquisa Datafolha, encomendada pela RPC TV e pelo jornal Folha de S.Paulo, foi realizada entre os dias 12 e 14 de agosto. Foram entrevistados 1.226 eleitores em 46 municípios do estado. A margem de erro é de três pontos porcentuais, para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%. Isso significa que, se forem realizados 100 levantamentos, em 95 deles os resultados estariam dentro da margem de erro de três pontos prevista. A pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) sob o número 00014/2014 e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-00358/2014.

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