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Nos corredores

PR quer "honra lavada"

O presidente do Partido da República (PR) no Paraná, deputado federal Fernando Giacobo, diz que a legenda, cujos sete senadores aderiram à oposição na semana passada, trata a volta ao Ministério dos Transportes como uma "questão de honra". "O melhor jeito de se retratar com alguém que foi mandado embora injustamente sob a acusação de roubo é recontratá-lo", diz o parlamentar.

Meio governista

Segundo Giacobo, apesar da decisão dos senadores, os 36 deputados federais do partido vão se manter em uma espécie de independência, votando com o governo de acordo com a proposta. A ideia é manter uma porta aberta com o Palácio do Planalto. Segundo ele, o trunfo para recuperar os Transportes é o resultado de uma auditoria privada contratada pelo PR que não teria encontrado irregularidades em 129 contratos fechados durante a gestão da legenda na pasta.

Sem moeda de troca

Uma das barreiras na negociação com o PR é que o líder do partido no Senado, Blairo Maggi, já foi convidado pela presidente Dilma Rousseff para assumir a pasta, mas recusou. Depois, ele também recusou assumir a Agricultura. Na semana passada, houve boatos de que o partido poderia ficar com as Comunicações, hoje sob o comando de Paulo Bernardo. "Não tem nada disso, nosso único interesse é voltar aos Transportes", garantiu Giacobo.

Há uma enorme dose de de­­magogia na discussão sobre a Lei Geral da Copa. Enquanto os parlamentares montam um cavalo de batalha contra a liberação da venda de bebida alcoólica nos estádios du­­rante a competição, em uma espécie de cruzada moralista, esquecem-se da essência do projeto. Aliás, parece que nem se deram conta do que realmente quer dizer o texto.

Sete dos dez capítulos da proposta atual são destinados à proteção comercial da Fifa. Existe uma porção de regras esdrúxulas, que cheiram à inconstitucionalidade. A questão, deixada em segundo plano, será sentida na pele pelos brasileiros.

Entre outras coisas, a lei prevê que empresas não autorizadas que fizerem atividades de publicidade (como provas de comida ou bebida e distribuição de brindes) nos lo­­cais de competição, e até em suas prin­­cipais vias de acesso, serão obrigados a pagar indenização. Ima­­gine um bar ou restaurante a poucos metros da Arena da Baixa­­da que há 20 anos é patrocinado pelo refrigerante X, cujo símbolo está estampado por toda fachada do local. Se a marca Y for patrocinadora da Copa, o dono do estabelecimento vai estar encrencado.

Não para por aí. Além de sanções civis, o texto cria três tipos penais: utilização indevida de símbolos oficiais, marketing de em­­boscada por associação e mar­­keting de emboscada por intrusão. As práticas serão punidas com pena de detenção de três meses a um ano, ou multa, e serão válidas a partir da promulgação da lei até 31 de dezembro de 2014.

Paira um certo ar de oba-oba so­­bre essas regras. Algo na linha de que no Brasil tem lei que pega e lei que não pega. Só que o Mundial da África do Sul é uma prova de que, depois que a lei passa a vigorar, fica difícil não cumprir.

Vale lembrar um jogo entre Holanda e Dinamarca, em 2010, no qual 36 mulheres com vestidinhos laranjas que estampavam uma pequena marca de uma cervejaria "não autorizada" foram ex­­pulsas do estádio. A acusação: mar­­keting de emboscada. Duas acabaram detidas e só foram liberadas após pagar uma fiança de apro­xi­­ma­damente 10 mil euros cada.

Claro que os sul-africanos não toleraram as regras passivamente. Muitos partiram para a piada. Durante a Copa de 2010, o jornal britânico The Guardian fez uma matéria engraçadíssima sobre os recursos utilizados pela companhia aérea Kulula.com para caçoar da Fifa.

A Kulula descrevia-se como "a companhia não oficial do 'você sabe o que'". Para falar sobre 2010, dizia "não o ano que vem, não o ano passado, mas algo no meio deles". A empresa também ofertava "voos inesquecíveis" para qualquer um – "menos para Blatter" (o presidente da Fifa) – durante "aquela coisa que está acontecendo agora".

Esse tipo de piada vai casar perfeitamente com o jeitinho brasileiro. Mas esse deveria ser um debate não para 2014, mas para hoje, enquanto dá tempo. O problema é que a maioria do Congresso prefere embriagar-se com a discussão da cerveja.

Não que o uso de drogas lícitas, principalmente o álcool, não seja algo sobre o que os parlamentares devam realmente se debruçar. Mas não só, por exemplo, por causa de quatro jogos entre seleções estrangeiras em Curitiba – eventos que vão durar 360 minutos. A propósito, quer dar uma lição de civilidade na hipocrisia parlamentar e na própria Fifa?

Vá ao estádio e, mesmo que esteja disponível, não tome nenhuma cerveja. O direito ao livre arbítrio e a proteger a própria saúde ninguém pode lhe negar. Já as outras imposições da Lei Geral da Copa...

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