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Nos corredores

Requião no voto

A formalização da candidatura de Roberto Requião para governador na convenção do PMDB, semana passada, simbolizou uma mudança de postura do senador. Antes, ele só topava entrar no jogo interno se fosse aclamado, sem adversários. Agora, parece disposto a enfrentar no voto os deputados estaduais que defendem que o partido faça coligação com o PSDB.

Espera de Almeida

Suplente de André Vargas na Câmara dos Deputados, Marcelo Almeida (PMDB) diz não ter pressa para a definição da situação do petista. Almeida tem inclusive conversado com Vargas. "Não posso dizer que sou amigo pessoal dele, mas sou amigo. E toda essa situação é constrangedora", afirma o peemedebista.

Contatos com Rubens

Depois que começou a manifestar interesse em se candidatar a governador, há duas semanas, o deputado federal Rubens Bueno (PPS) foi sondado por representantes de vários partidos. Um deles, o PDT, é tradicional aliado do PT. O PSB, que é parceiro nacional do PPS, não se mexeu: continua com Richa e os tucanos.

Entre idas e vindas que levaram a um estranho caminho da renúncia à renúncia, o deputado federal André Vargas virou carta fora do baralho da eleição de 2014, mas não da campanha paranaense. Ex-presidente do PT estadual, nome indispensável de qualquer articulação de alianças do partido até o mês passado, ele deixa um buraco no xadrez político local. Falta saber como esse espaço será preenchido.

Vargas era o plano B dos petistas para preencher a vaga de senador na chapa encabeçada por Gleisi Hoffmann para governadora. A primeira opção era Osmar Dias (PDT). Como o pedetista preferiu continuar como vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil, o deputado subiu um degrau.

Quando era pré-candidato, Vargas gostava de mencionar que o cenário de longo prazo o favoreceria em uma disputa contra Alvaro Dias (PSDB), já escolhido na coligação do tucano Beto Richa. A tese remontava à eleição para o Senado de 2006, quando Gleisi, então uma personagem completamente desconhecida do eleitor paranaense, quase conseguiu evitar a reeleição de Alvaro. Ela fez 45,1% dos votos e ele, 50,5%.

A saída de Osmar e Vargas do páreo não é o maior problema. A encrenca é a herança deixada pela ligação do deputado com o doleiro Alberto Youssef, preso na operação Lava a Jato, da Polícia Federal. Mesmo que ele saia de cena, o fantasma das denúncias vai continuar assombrando os petistas até o começo das convenções partidárias, daqui a 50 dias.

Até lá, a legenda perde força em qualquer negociação. Fica praticamente inviável, por exemplo, apresentar Gleisi como uma alternativa para o PMDB. Aliás, os peemedebistas não parecem nem dispostos a colocar essa opção em votação – a decisão deve ficar apenas entre coligação com o PSDB de Richa ou candidatura própria com Roberto Requião ou Orlando Pessuti.

Gleisi também vai precisar carregar a cruz de precisar falar, a todo momento, o que pensa do caso Vargas. Por mais que ela não morra de amores pelo colega de partido, qualquer resposta não será suficientemente satisfatória. O questionamento não é um massacre, é a lógica plena do "diga-me com quem andas"...

Por mais que pareça que toda essa situação fortaleça diretamente a dobradinha Richa/Alvaro, o cálculo é mais complexo. O eleitor paranaense que estava propenso a votar nos petistas, mas que se decepcionou com o episódio Vargas, não migra de uma hora para outra para o lado oposto. A tendência é que fique pelo meio do caminho.

Por isso quem mais ganha espaço no meio dessa confusão é uma possível terceira via, seja com Requião ou com algum outro nome, como o empresário Joel Malucelli (PSD) ou o deputado federal Rubens Bueno (PPS). Como Eduardo Campos e Marina Silva (PSB) já perceberam no cenário nacional, cada novo escândalo abre campo para quem se propuser a rachar a polarização.

Independentemente do desfecho, o caso Vargas alterou o panorama de tudo o que virá pela frente na disputa pelo Palácio Iguaçu. Gleisi, que já não era favorita, vai precisar tirar muitos coelhos da cartola para superá-lo. A curto, médio e longo prazos.

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