Nos corredores
Pedágio
Ainda na passagem por Brasília, Beto Richa disse estar confiante na renegociação dos contratos de pedágio. Não disse, porém, o quanto espera conseguir baixar as tarifas. "O valor não sei, o importante é que se reduza, dentro de uma realidade da média nacional", afirmou.
Ele defendeu que a conversa é o melhor caminho, diferentemente do que foi adotado no governo Roberto Requião.
Era mesmo o Romário?
Romário chamou a atenção pela atitude "suspeita" durante a passagem por Curitiba na semana passada. O deputado federal pelo PSB do Rio de Janeiro chegou à cidade no domingo à noite e não botou os pés para fora do hotel. Na segunda, às 8 horas, foi o primeiro a chegar à pré-reunião do evento promovido pela Assembleia Legislativa sobre os preparativos para a Copa de 2014. Tudo bem diferente do jogador que odiava treinar cedo.
Comissão do DEM
O presidente estadual do DEM, Abelardo Lupion, montou uma comissão formada por deputados estaduais e vereadores da legenda em Curitiba para definir qual será o posicionamento nas eleições municipais de 2012. Segundo ele, ainda não há posicionamento definido sobre um possível confronto entre Luciano Ducci (PSB) e Gustavo Fruet (PSDB).
Beto Richa é tucano até o último fio de cabelo. Raramente entra em divididas, gosta de um muro. Nacionalmente, porém, ele já tomou partido sobre uma questão crucial e polêmica para o futuro da oposição a fusão entre PSDB, DEM e PPS.
Durante viagem a Brasília na última quarta-feira, o governador conversou por mais de uma hora com o senador Aécio Neves. Principal articulador da fusão, o mineiro parece ter entrado em sintonia com o paranaense. Após a conversa, Beto foi uma das raras lideranças que não evitou o tema.
Perguntado se aceitaria negociar a mudança pessoalmente, como presidente estadual do PSDB, ele respondeu: "Estou disposto e posso me citar como exemplo. No nosso estado, temos uma ótima convivência com DEM e PPS."
A declaração é ousada. Afinal, dois dias antes, os presidentes dos outros dois "sócios" no Paraná afirmaram que a fusão seria uma roubada. Abelardo Lupion (DEM) jogou a hipótese sobre qualquer conversa para depois de 2014, enquanto Rubens Bueno (PPS) disse que sua legenda já passa por uma reestruturação e que, por isso, qualquer outro movimento "não faz sentido".
É fato, contudo, que Beto transformou-se na principal liderança política do estado após a eleição de 2010. A princípio, essa força seria suficiente para convencer os aliados locais e mesmo os não tão aliados assim, como Lupion sobre a fusão. Vale o esforço?
Mais do que no resto do país, o novo partido seria um divisor de águas na política paranaense. Pela legislação eleitoral, a fusão abre uma brecha nas normas da fidelidade partidária estabelecidas pelo Supremo Tribunal Federal em 2007. Membros de legendas alheias às fundidas poderiam migrar para a nova sigla e vice-versa.
Enquanto na maioria do Brasil essa janela deve facilitar a vida de quem quer virar a casaca e aderir ao governo Dilma Rousseff, no Paraná a situação segue o caminho contrário. Está aí a oportunidade de uma ruptura histórica. Nasce a chance de Beto montar seu time definitivo contra a "rapa".
É indiscutível que o governador navega hoje em busca dos espaços políticos deixados pelos antecessores, Alvaro Dias, Jaime Lerner e Roberto Requião. A tarefa não é das mais difíceis, até por uma questão geracional. Beto é bem mais novo que todos eles e carrega o charme da renovação.
Em paralelo à história da fusão, porém, ainda falta uma tacada para assumir o posto de cara certo na hora certa. É preciso definir como fica a questão da sucessão em Curitiba. E aí Beto volta para cima do muro.
Questionado sobre quem vai apoiar Luciano Ducci (PSB) ou Gustavo Fruet (PSDB) ele repete que ainda há tempo para pensar sobre o assunto. "Meu esforço está concentrado na união de todo esse grupo político [que o elegeu para prefeito e governador]", disse em Brasília. Ainda sim, Beto traiu levemente o instinto tucano ao falar sobre o desfecho do imbróglio.
Mesmo sem ser questionado sobre uma possível intervenção do PSDB nacional a favor de Fruet, disse que a hipótese está "descartada". E sobre os impactos do que vem pela frente deu um alerta aos envolvidos: "Qualquer decisão entre A ou B terá prejuízos. Sobre isso não tem dúvida nenhuma, todo mundo compreende."
Para bom entendedor, meio tucanês basta.
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