Nos corredores

Fruet x Ratinho

Ex-deputado federal, Gusta­­vo Fruet (PDT) comprou briga com Ratinho Jr. (PSC) na semana passada ao falar que o rival na disputa pela prefeitura "não se posiciona em nada no Congresso". Uma comparação da postura de ambos na votação de dois dos temas mais polêmicos da legislatura passada ajuda a entender a provocação. Ratinho votou a favor da prorrogação da CPMF, em 2007, e não participou da votação sobre a criação da Contribuição Social para a Saúde, que ressuscitaria o imposto do cheque, em 2008. Fruet, então no PSDB, foi contra nos dois casos.

Ainda as festas julinas

A Câmara dos Deputados voltou do recesso no dia 1º de agosto, mas com a cabeça ainda em julho. Os líderes partidários adiaram a votação de duas medidas provisórias sobre um pacote de ações contra a seca devido ao descumprimento de um acordo de liberação de emendas de parlamentares da oposição. Enquanto isso, o clima continua de férias.

Emendas paranaenses

O baixo ritmo de execução questionado pela oposição se alastra para as emendas de bancada. Dos R$ 384,7 milhões solicitados pelos 33 congressistas paranaenses, apenas

R$ 6,9 milhões (1,8%) haviam sido empenhados até a última sexta-feira. O volume de empenhos costuma aumentar no segundo semestre, mas a tendência para 2012 é que as sugestões sejam atingidas pelos cortes do governo.

CARREGANDO :)

Não demorou meia hora para os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) mostrarem o quanto se gostam na estreia do julgamento do mensalão. Na primeira decisão que tiveram de tomar (se o caso deveria ser desmembrado ou continuar com os 38 réus sendo julgados apenas pela corte) as duas peças centrais da análise do processo bateram de frente. O relator, Joaquim Barbosa, falou logo em "deslealdade" do revisor, Ricardo Lewandowski, que fez um longo e planejado voto favorável à separação, na linha protelatória defendida pela maioria dos advogados de defesa.

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A questão foi derrubada por nove votos a dois e o barco seguiu em frente. Mas é seguro que virão novas tormentas. Chegará um ponto em que a situação vai se tornar insustentável?

Vale fazer um histórico das confusões recentes e lembrar que elas começaram curiosamente com um problema paranaense. Em abril de 2009, Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa inauguraram o ringue em uma divergência sobre a inclusão dos serventuários da Justiça paranaense (donos de cartórios), que não são remunerados pelo governo do estado, no regime próprio de aposentadoria dos servidores públicos estaduais, o Paraná Previdência. Durante o debate técnico, Barbosa exigiu "clareza" de Mendes, que era então presidente do Supremo.

A ação serviu para marcar a data de exclusão desses serventuários do regime estadual para o nacional, o INSS. Em resumo, Mendes queria que fosse em 2006 e Barbosa, em 1994. No final, Barbosa ficou do lado vencedor com outros sete ministros.

O embate descambou para as agressões verbais. "Vossa excelência quando se dirige a mim não está falando com os seus capangas do Mato Grosso, ministro Gilmar", afirmou Barbosa. A expressão virou um bordão que ainda ecoa nos corredores do Supremo.

Três anos depois, o nível piorou. Em entrevista à revista Consultor Jurídico, o então presidente do STF, Cezar Peluso, detonou Barbosa. Disse que o colega é "inseguro", com um "temperamento difícil". Essas características seriam provocadas pelo receio de ser rotulado como um ministro que só foi parar no Supremo por ser negro, mas não por méritos próprios.

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Claro que Barbosa não deixou barato.

Em entrevista ao jornal O Globo, Barbosa utilizou uma série de adjetivos nada amistosos para definir Peluso – "ridículo", "brega", "caipira", "corporativista", "tirano", "pequeno" e, assim como usou para falar sobre Lewandowski na semana passada, "desleal".

Não é preciso ser muito esperto para perceber que há um elo evidente em todos esses quiprocós – o pavio curto de Joaquim Barbosa. O ministro não leva desaforo para casa. E, afinal de contas, isso é bom ou ruim?

Há os que acreditam que seria bem melhor para a imagem do Judiciário se os ministros lavassem a roupa suja em ambiente privado. Faz sentido. Mas também não é o fim do mundo que as desavenças tornem-se públicas.

Juízes não podem ser tratados como deuses. Eles pertencem ao mundo real e, quando colocados em um colegiado como o Supremo, é natural que divirjam. Faz parte do amadurecimento democrático – e após quase 25 anos da promulgação da Constituição, os brasileiros já deveriam estar bem grandinhos para esse tipo de discussão.

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Se começarem a ficar se tratando com falsidade, talvez seja melhor os ministros cruzarem a rua. Na politicagem do Legislativo e do Executivo é que é normal trocar afagos pela frente e facadas pelas costas.