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Nos corredores

Contorno na mira

O deputado federal Fernando Francischini (PSDB) é o autor de dois requerimentos polêmicos aprovados na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara nesta semana. No alvo, duas obras rodoviárias paranaenses que estão no foco da crise do Ministério dos Transportes, o contorno de Maringá e a estrada da Boiadeira. Além de um pedido de informações ao Tribunal de Contas da União, Francischini conseguiu aprovar uma visita técnica da comissão aos empreendimentos.

Relatos do Japão

Presidente da frente parlamentar Brasil-Japão, o deputado paranaense Hidekazu Takayama (PSC) aproveitou o recesso no Congresso para visitar o Japão. Voltou impressionado com a conversa que teve com políticos das cidades mais atingidas pelo terremoto e tsunami de março. "O vice-prefeito de Sendai ficou 30 dias sem água, luz e sem tomar banho. Já o prefeito de Hamamatsu retirou em três meses uma quantidade de lixo que demoraria 100 anos para ser removida", relatou Takayama.

PV em contato

Caciques nacionais do PV tentaram entrar em contato com Gustavo Fruet na semana passada. O ex-tucano foi procurado por telefone pelo presidente do partido, José Luiz Penna, e pelo deputado federal Zequinha Sarney. A dupla e outras lideranças da legenda, como Fernando Gabeira, têm se demonstrado dispostas a viajar para Curitiba a qualquer momento para negociar a filiação de Fruet.

Um tsunami de denúncias atinge o governo federal. Acusações afetam vários ministérios e citam, entre outros desvios, repasses irregulares para obras em rodovias. A oposição se mobiliza em busca de assinaturas para abrir uma CPI da Corrupção.

A notícia acima cabe em qualquer jornal de hoje. Na verdade, é de dez anos atrás. E, apesar da distância temporal, carrega bem mais semelhanças do que meras coincidências em relação às atuais turbulências do governo Dilma Rousseff.

Em meados de 2001, o então presidente Fernando Henrique Cardoso enfrentava um dos períodos mais críticos de sua gestão. Treze indícios – da suspeita de tráfico de influência na Secretaria-Geral da Presidência à liberação ilegal de verbas no Departamento Nacional de Estradas e Rodagem (DNER, hoje Dnit) – embasavam um requerimento de abertura de CPI mista feito pelos petistas. Faltavam 19 meses para a eleição e já pairava o clima de que os tucanos não fariam o sucessor.

Em um ambiente tão carregado, a tropa de choque governista seguiu a cartilha: montou uma operação-abafa. Com maioria folgada no Congresso, era praticamente impossível furar a blindagem montada pelo Planalto, que, é claro, incluía farta distribuição de emendas parlamentares. Era o velho esquema de sempre.

Só havia um problema: às vésperas da eleição, não pegaria lá muito bem passar a imagem de parlamentar que é contra a investigação de casos de corrupção. Foi então que apareceram dois paranaenses no meio do caminho do PSDB. Os irmãos Alvaro e Osmar Dias assinaram a CPI e, mesmo pressionados, não voltaram atrás.

Todo o poder do governo caiu sobre a cabeça da dupla. O golpe mais duro foi um processo de expulsão do PSDB. Antes que fossem forçados a se retirar, os dois preferiram sair por conta própria e migraram para o PDT.

Alvaro foi quem sofreu mais. Havia sido o responsável pela estruturação tucana no estado e precisou entregar o partido de mão-beijada para o grupo do então governador Jaime Lerner (DEM). Aliás, anos antes, o mesmo Lerner teve as portas do PSDB fechadas pelo senador.

Osmar conseguiu capitalizar o caso e acabou se reelegendo com uma votação recorde (2.776.250 votos). Já Alvaro, que concorreu ao Palácio Iguaçu, sentiu o peso de concorrer por um partido menor e da vingança dos tucanos, decisivos para levar a disputa para o segundo turno ao lançar Beto Richa com apoio de Lerner e da máquina estatal. Começou a campanha com chances de vencer no primeiro turno, mas acabou derrotado no segundo por Roberto Requião (PMDB).

Corta para 2011.

Uma década depois, já de volta ao ninho tucano, Alvaro é o personagem central da criação de uma CPI da Corrupção no governo Dilma. Informação é o que não falta. O desafio é furar o cerco do governo e conseguir o apoio necessário.

Para refrescar a memória, é bom lembrar que a CPI de 2001 não saiu do papel. Mas talvez fosse até melhor para os tucanos que ela tivesse ocorrido. Carregar por meses o fardo de varrer as denúncias para debaixo do tapete custou caro e ajudou a eleger Lula.

Alvaro, mais do que ninguém, lembra direitinho dessa história. Sabe que, em algumas ocasiões, uma "quase" CPI é muito mais forte que uma CPI que acabe em pizza. Os petistas é que parecem estar com um problema de memória.

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