Nos corredores
Emendas
A bancada federal do Paraná deve decidir nesta semana quais serão as 20 emendas coletivas à Lei Orçamentária da União de 2012. Para 2011, as sugestões dos paranaenses totalizaram R$ 336 milhões, mas apenas R$ 7 milhões foram efetivamente pagos pelo governo federal até a última sexta-feira. O recurso foi destinado para só uma obra o contorno rodoviário de Cascavel, na Região Oeste.
Afonso Pena em números
O deputado paranaense Sandro Alex (PPS) recebeu na semana passada a resposta de um requerimento de informações feito à Secretaria de Aviação Civil sobre os atrasos no Aeroporto Afonso Pena entre julho de 2010 e julho de 2011. Segundo as informações, houve atrasos superiores a 30 minutos em 5.654 voos. Já os cancelamentos atingiram 5.897 voos. Na média, o aeroporto sofreu mais de 15 atrasos e 16 cancelamentos por dia.
Teste no Parlasul
Ex-presidente do Parlamento do Mercosul, o deputado federal Dr. Rosinha (PT) prevê que as regras de eleição para parlamentares do bloco, aprovadas nesta semana pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, vão servir de modelo para a reforma política. Pela proposta, os 74 representantes brasileiros vão ser eleitos em 2014 pelo sistema de listas fechadas, no qual o eleitor vota no partido e não no candidato. A adoção do modelo é uma antiga bandeira petista.
Lá se vai o primeiro ano do governo Dilma Rousseff e a única reforma que parece prestes a desencantar é a ministerial. Enquanto isso, a tributária e a política vão para as calendas. Nesse quesito, a presidente repete os antecessores FHC e Lula.
É senso comum em Brasília que as mudanças mais drásticas precisam ser implementadas logo no começo da gestão. Como diria Maquiavel, na administração pública o segredo é fazer o mal de uma só vez e o bem aos poucos. Mas entre seis ministros demitidos e o agravamento da crise econômica internacional, Dilma preferiu não comprar briga com ninguém.
Na estratégia paz e amor (que o diga o ministro Carlos Lupi), a presidente permanece quase invicta no Congresso Nacional. Sofreu um pequeno revés na Câmara durante a votação do Código Florestal, mas nada que não possa ser consertado no Senado. Manteve o salário mínimo nos R$ 545 que planejou e, agora, tem tudo para conseguir a prorrogação da Desvinculação das Receitas da União (DRU) até 2015.
As vitórias se devem obviamente à formação de uma base aliada que abrange quatro quintos dos deputados e senadores. A questão é que a impossibilidade de fazer reformas mais profundas também. Manter esse exército de parlamentares arregimentado fica mais caro a cada dia e só colabora para aumentar a bola de neve de ministros mandados embora.
Ainda assim, existem ações que Dilma poderia implementar por conta própria para melhorar as condições de governabilidade. Dá para moralizar o critério de escolha dos ministros e cobrar mais responsabilidade nas indicações dos partidos aliados. O primeiro passo é abrir a "porteira fechada", ou seja, por um ponto final na história de que as legendas são donas das pastas. Também é possível trabalhar com critérios mais decentes na distribuição de emendas parlamentares. Se não der para extingui-las (o que seria a melhor solução para o conjunto da sociedade), que pelo menos elas sejam destinadas a programas públicos racionais e não para ONGs obscuras pelo Brasil afora.
Muito se espera da reforma ministerial de Dilma, que deve ocorrer entre janeiro e fevereiro. Os caciques partidários estão atentos à redistribuição de cargos e farejam a possibilidade de transformar problema em oportunidade. A situação põe a presidente em uma encruzilhada.
De um lado, ela pode optar por alterações burocráticas, apenas substituindo ministros que vão disputar as eleições municipais o caso mais notório é o de Fernando Haddad (Educação), pré-candidato à prefeitura de São Paulo ou se livrando de encostos como Carlos Lupi (Trabalho). Do outro lado, Dilma tem a chance de promover mudanças para valer. Seria a hora de fazer uma reforma administrativa, muito além da ministerial.
Técnica, meticulosa e afeita às chatices de gabinete, a presidente saberia como nenhum outro antecessor como colocar a casa em ordem. Isso passa pelo enxugamento dos ministérios e por uma mudança de visão do que é o serviço público. O foco precisa ser deslocado para o cidadão, não mais para os ranços do funcionalismo ou para a sede de aparelhamento dos políticos.
Se conseguisse colocar isso em prática, Dilma imporia uma reforma menos conturbada e demorada do que aquelas que precisam do aval do Congresso. Ao mesmo tempo, todos sairiam ganhando. Claro, menos aqueles que lucram com a fórmula de deixar as coisas do jeito que estão.
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