Nos corredores
Vargas x Barbosa
Vice-presidente da Câmara dos Deputados, o paranaense André Vargas (PT) está preparando uma série de ações em retaliação ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, pela suspensão da Emenda Constitucional 73, que cria quatro novos tribunais regionais federais (TRFs), um deles no Paraná. Vargas mobilizou uma equipe de advogados para estudar alternativas dentro e fora do Legislativo para atingir Barbosa.
Pressão conjunta
No campo político, a frente parlamentar mista em defesa da criação dos novos TRFs vai realizar um evento no próximo dia 1º de agosto para reunir governadores e prefeitos das capitais de todos os estados beneficiados (a emenda também prevê tribunais no Amazonas, Bahia e Minas Gerais). O coordenador do grupo é o senador paranaense Sérgio Souza (PMDB).
Olho na fronteira
A bancada federal do Paraná vai realizar na primeira quinzena de agosto uma reunião com representantes do Exército para discutir a possibilidade de apresentar emendas ao orçamento de 2014 que ampliem os recursos destinados ao Sistema Integrado de Monitoramento das Fronteiras. "A ideia é proteger melhor nossas divisas que sofrem com o tráfico internacional de drogas", diz o coordenador da bancada, Marcelo Almeida (PMDB).
Políticos do Paraná e seus marqueteiros estão quebrando a cabeça para digerir as pesquisas de aprovação após as manifestações. Tem gente brigando com os números, querendo convencer que escapou do descontentamento popular. O fato é que a situação ficou ruim para todo mundo.
Na quinta-feira, estudo do Ibope encomendado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que 41% dos paranaenses consideram ótima ou boa a gestão do governador Beto Richa (PSDB). Outros 29% acham a mesma coisa do governo Dilma Rousseff. Na comparação com outros dez governadores, Richa foi o segundo mais bem avaliado nesse quesito, atrás do pernambucano Eduardo Campos (PSB).
Pré-candidato a presidente, Campos ficou com 58% de bom e ótimo e foi o único ponto fora da curva entre todos os avaliados. Nesse caso, os 17 pontos porcentuais de diferença para Richa comprovam que o segundo lugar significa ser o primeiro dos últimos.
Ontem veio a sondagem do Paraná Pesquisas publicada pela Gazeta do Povo, com números de Curitiba e uma abordagem diferente: a pergunta é se o eleitor aprova ou não as administrações federal, estadual e municipal. 54,56% dos entrevistados disseram aprovar a gestão do prefeito, Gustavo Fruet (PDT), 53,37% a de Richa e 32,22% a de Dilma. Está pior para a presidente, porém vale lembrar que ela já penou com os curitibanos em 2010, quando perdeu os dois turnos para José Serra (PSDB) na cidade.
O cruzamento de outros dados do Ibope mostra que o governador teria dificuldades para se reeleger no primeiro turno embora 52% dos paranaenses aprovem a maneira dele governar, 44% dizem não confiar em Richa e 73% consideram que ele e seus secretários gastam o dinheiro público mal ou muito mal. Para um candidato à reeleição, não vencer a parada de cara é arriscadíssimo. Significa que ele não conseguiu convencer a maioria da população de que fez um bom governo e que, no segundo turno, vai depender mais da rejeição do adversário do que dos próprios méritos.
O trunfo do governador é que o terremoto dos protestos chacoalhou com a mesma intensidade os possíveis oponentes de 2014. É óbvio que a queda vertiginosa da popularidade de Dilma tem impacto direto na candidatura da ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT). Se antes esse era o diferencial positivo da petista, agora é o negativo.
Outro possível nome da oposição estadual seria o ex-senador Osmar Dias (PDT), atual vice-presidente de agronegócios do Banco do Brasil. O problema é que ele também é do time de Dilma. E, se está complicado para Gleisi, está complicado para Osmar.
Por último, há a eterna candidatura de Roberto Requião (PMDB). Desde 1990, ele só não participou de duas eleições ao Palácio Iguaçu: 1994 e 2010, quando não podia ser reeleito. A dúvida é saber como, no auge dos protestos pela eficiência dos gastos públicos, o peemedebista conseguiria conciliar a candidatura com a pensão que recebe como ex-governador.
Mais algum nome pode surgir no meio do caminho? Há ambiente, mas o tempo é escasso. A situação caminha para uma disputa entre velhos conhecidos. Quem se reinventar melhor até outubro de 2014 tem mais chance de ganhar.