Nos Corredores
E a saúde, como vai?
Os gastos com saúde do governo do Paraná devem virar a principal pauta após a visita técnica que deputados estaduais e federais vão fazer na quarta-feira ao secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin. A mais recente justificativa do órgão federal para não autorizar o empréstimo de R$ 817 milhões do Banco do Brasil é que o estado não cumpriu o gasto mínimo com saúde em 2013, de 12% do orçamento.
Põe na conta
Ao todo, o Paraná conseguiu comprovar a execução de apenas 10,3% do total de despesas com saúde no ano passado. Em acordo autorizado pelo Tribunal de Contas do Estado, no entanto, já teria se comprometido a incluir o 1,7 ponto porcentual que falta no orçamento de 2014. Pesquisa divulgada pelo IBGE no mês passado mostrou que o Paraná é o terceiro estado que menos investe no setor, em proporção ao próprio orçamento.
Liminar
As dificuldades para atingir os 12% são antigas. Em 2013, o estado só conseguiu driblar a exigência de comprovação do gasto graças a uma liminar do Supremo Tribunal Federal, concedida pelo ministro Luís Roberto Barroso. A decisão, no entanto, perdeu eficácia em 2014.
Fazer sucesso na Câmara dos Deputados não é para qualquer um. O atual presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), batalhou por 42 anos e 11 mandatos consecutivos para chegar ao cargo. Subir na carreira parlamentar exige maestria no jogo de bastidores de Brasília, cujas regras o eleitor nem imagina (e nem tem estômago para imaginar).
O paranaense André Vargas (PT) está no segundo mandato como deputado federal. Antes, foi vereador em Londrina por dois anos e deputado estadual por quatro. Tentou apenas uma vez um cargo no Poder Executivo, em 2008, quando disputou a prefeitura londrinense e amargou um quinto lugar.
Mesmo sem um passado eleitoral dos mais empolgantes, a carreira de Vargas explodiu a partir do momento em que ele pisou no Congresso Nacional, em 2007. Com a bênção do então presidente Lula, foi relator da medida provisória que regulamentou o programa Minha Casa, Minha Vida. Em 2010, ganhou um dos cargos mais cobiçados da Executiva Nacional do PT, o de secretário de Comunicação Social.
Um ano depois, já no segundo mandato, foi um dos principais cabos eleitorais para a eleição de Marco Maia (PT-RS) para a presidência da Câmara. Daí em diante, entrou e não saiu mais da lista dos 100 mais influentes do Congresso, feita anualmente pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar. Em 2013, foi escolhido pelos colegas primeiro vice-presidente da Câmara dos Deputados.
Cumulativamente, a eleição também garantiu a Vargas a vice-presidência do Congresso Nacional. Na hierarquia da soma das duas Casas do Parlamento brasileiro, ele só está abaixo do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). O plano de voo, no entanto, era bem mais audacioso.
O paranaense era cotadíssimo para a disputa pela presidência da Câmara, em fevereiro de 2015. Se o prognóstico se confirmasse, seria o segundo na linha sucessória da presidência da República. Em paralelo, Vargas também se colocava como candidato ao Senado na chapa estadual encabeçada por Gleisi Hoffmann (PT).
O céu de brigadeiro mudou na semana passada, com a divulgação da ligação íntima do deputado com o doleiro Alberto Youssef, preso pela operação Lava Jato, da Polícia Federal, que investiga um esquema de lavagem de dinheiro de R$ 10 bilhões. Além da história de que Youssef arranjou um jatinho para Vargas viajar de férias com a família para a Paraíba, novas conversas publicadas no fim de semana revelam troca de mensagens sobre negócios que garantiriam a "independência financeira" de ambos.
Jeitoso no trato com os colegas da base aliada, Vargas tem contado com a sorte de que a oposição no Congresso está mais preocupada em aprovar a CPI da Petrobras do que cuidar de problemas caseiros. Cenário que deve mudar nesta semana o PPS anunciou ontem que vai pedir o afastamento dele da vice-presidência. Com os fatos recentes, parece difícil escapar do Conselho de Ética.
Se tudo isso vai dar em algo, aí é outra história. O fato é que a carreira do paranaense, depois de uma decolagem quase perfeita, não vai pousar a tempo no lugar imaginado.
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