Nos corredores

Paranaenses nas comissões

Apenas um dos 30 deputados federais do Paraná foi indicado para presidir uma das 20 comissões permanentes da Câmara dos Deputados. O deputado Edmar Arruda (PSC) vai assumir a presidência da Comissão de Fiscalização, Finanças e Controle. A definição dos cargos ocorreu na semana passada e obedece ao critério de representatividade dos partidos. Também houve a escolha de 37 dos 60 vice-presidentes. Dentre eles, o único do Paraná foi Leopoldo Meyer (PSB), vice-presidente da Comissão de Desenvolvimento Urbano.

Novo coordenador

Deve ocorrer nesta semana a escolha do novo coordenador da bancada paranaense no Congresso Nacional. A vaga, atualmente ocupada por Fernando Giacobo (PR), é pretendida por Osmar Serraglio (PMDB) e Eduardo Sciarra (PSD). Está praticamente descartada, porém, a hipótese de um bate-chapa. Eles devem chegar a um acordo entre si sobre quem fica com o cargo.

Homenagem a Micheletto

A votação do Código Florestal na Câmara dos Deputados, que deveria ocorrer na semana passada e acabou adiada, deve ser marcada por homenagens a Moacir Micheletto, deputado federal do PMDB paranaense que morreu em um acidente de carro em janeiro. Ruralista, Micheletto foi presidente da comissão especial que formulou a primeira versão do código.

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A relação entre PT e PMDB ­­parece um daqueles casamentos arranjados em que o único interesse é o dote da noiva. Depois, com a união consumada, o di­­nheiro escoa pelo ralo e vem a realidade. Marido e mulher com­­provam que um não tem nada a ver com o outro e tornam suas vidas – e de quem está à sua vol­­ta – um inferno.

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A diferença é que petistas e peemedebistas comandam o governo brasileiro. E quem está ao redor, apanhando por tabela, somos todos nós. Como a dobradinha Dilma Rousseff e Michel Temer foi aprovada nas urnas pela maioria, ambos os lados teriam obrigação de encontrar um jeito de viver em harmonia.

O duro é que isso é praticamente impossível. Há algo in­­compatível no DNA dos dois partidos. O MDB velho de guerra que brigou com a Arena na ditadura até sonhou com a possibilidade de encabeçar uma grande coalizão de centro-es­­querda no começo dos anos 1980. Foi surpreendido por um partido de trabalhadores com ideais socialistas, irredutível em relação às alianças com po­­líticos tradicionais.

Depois o PMDB até chegou ao poder central com José Sar­­ney, mas inchou tanto que acabou virando uma confederação de caciques regionais. O PT tam­­bém cresceu, virou pragmático e esqueceu a "ingenuidade" dos velhos tempos. Agora aceita ser parceiro de todo mun­­do para manter-se no poder, incluindo gente de direita co­­mo o PP, herdeiro legítimo da Arena.

Ideologia e trajetórias à parte, hoje a grande diferença entre os dois partidos é que os petistas são muito mais organizados. Eles planejam e se esforçam para cumprir as metas, além de respeitarem a hierarquia. Já os peemedebistas são uma colcha de retalhos – há um PMDB de Michel Temer, outro de José Sarney, mais um de Roberto Requião e por aí vai indefinidamente pelo Brasil afora.

Essas fragmentações tornam complexo um acordo com o PMDB como um todo. Até se a legenda comandasse o Palácio do Planalto sozinha, com uma chapa pura, não conseguiria vi­­ver em paz. Por isso a crise ins­­talada neste começo de ano pode até acabar em breve, mas a única certeza é de que ela será seguida por outras.

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Na quarta-feira passada, por exemplo, quando o Senado derrotou o governo ao derrubar a recondução de Bernardo Fi­­guei­­redo para a direção-geral da Agência Nacional de Trans­­portes Terrestres (ANTT), havia vários interesses difusos em questão. Teve peemedebista que queria protestar contra o corte de emendas parlamentares, outros que queriam afrontar a direção do partido e aqueles convencidos por Requião, que montou uma cruzada pessoal contra Figueiredo.

Dias antes, cerca de 50 deputados federais do partido assinaram um manifesto criticando a relação com o PT, num mo­­vimento que contou com o es­­tranho apoio de Michel Temer. Ou seja, os petistas estão cercados de instabilidade por todos os lados do Congresso.

Com a proximidade das eleições e ainda mais interesses em jogo, na­­da indica que isso vai melhorar.

A verdade é que, desde o princípio, a coligação com o PMDB sempre foi uma estratégia arriscada para o PT.

O bônus foi uma vitória in­­contestável em 2010 e o esmagamento de DEM e PSDB. O ônus é viver quatro anos sob ten­­são absoluta.

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